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Adeus às ilusões

Adeus às ilusões
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Dando um tempo no formato temático de Cine & Séries, mas garantindo a leitura semanal para quem segue a coluna. Toda sexta-feira,  uma nova “Crônica em Quarentena” e, claro, dicas de filmes e séries para amenizar esses tempos difíceis de pandemia e isolamento social. Fiquem bem!

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Adeus às ilusões

No início  da pandemia quando ainda estávamos atônitos com as notícias sobre o novo vírus, arriscamos vários prognósticos. O mais forte deles era que iríamos melhorar como seres humanos. Nossa previsão se baseava no fato de que dessa vez surgira uma tragédia que igualava todo mundo. Não importava se era um país rico ou o mais pobre do terceiro mundo. Banqueiros ou mendigos, milionários ou miseráveis, todos estávamos sujeitos a contrair a doença.  O novo coronavírus se mostrava “democrático” e agregador.

Diante do pavor trazido pelo noticiário e da possibilidade de termos que enfrentar o tribunal do além, ficamos como crianças de “fraldas cheias”, bem quietinhas, prometendo se comportar. Durou pouco. Logo, pipocaram declarações desumanas e gente gritando que estava falindo por causa do lock down, UMA  semana depois do seu início.  Muitos deixaram claro pensamentos como  “não sou do grupo de risco, então vou me garantir e sobreviva quem puder”.

Seis meses e 150 mil mortos depois, mal sobraram resquícios daquela boa intenção dos primeiros dias. A promessa de melhorar o comportamento e de dar valor ao que realmente importa ficou no passado.

Todo dia lemos absurdos como: alguém deu um tiro no vizinho por causa do cocô do cachorro, outro armou um escândalo no restaurante porque não foi atendido, gente jogando objetos em quem passa na rua, uma mulher numa petshop atacando verbalmente um casal gay porque aquele amor “não era coisa de Deus”, vendedores sendo agredidos por exigirem o uso de máscara no estabelecimento, pessoas negras sendo chamadas pelos piores adjetivos, aumento dos casos de feminicídios e agressões às mulheres… Sem falar nas praias lotadas e nas baladas repletas de gente que “tá nem aí”!

Então, só para lembrar, a pandemia não acabou ainda, tá? Talvez você que não é solidário, que continua o mesmo egoísta e arrogante de sempre, precise pedir uma colher de chá pros seus santos, para o Criador, para alguma entidade na qual você fingiu  acreditar quando a água bateu na bunda e… não terá créditos para apresentar!

Ironias à parte é triste ver que a humanidade não está saindo melhor dessa tragédia. Em alguns casos até mostrou o seu pior lado. Quando penso numa trilha sonora para a minha desilusão, me vem à cabeça Elis cantando Belchior…Alguém tem outra sugestão?

Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos
E vivemos como os nossos pais ( Como nossos pais)

(Brígida De Poli)

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Adeus às ilusões é o título em português do belo filme The Sandpiper, de 1965, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, sob direção de Vincente Minelli. Ela, uma artista liberada e ele, um pastor conservador que acabam se apaixonando. A canção The Shadow of your smile, de Johnny Mandel,se tornou uma das mais famosas da história do cinema. Ouça aqui, com Vic Damone.

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DICAS DE FILMES E SÉRIES

Oktoberfest- Sangue e cerveja – minissérie – 6 episódios -Netflix

Uau! Não sei dizer até que ponto a história contada nessa minissérie é verdadeira, mas que seja 50% já é de arrepiar os cabelos. Os fundamentos da Oktoberfest de Munique ( inspiradora da de Blumenau,SC), como a conhecemos hoje, teria se dado sob um mar de sangue. Tudo começa quando o cervejeiro Curt Prank se muda para Munique com a intenção de criar uma super tenda no evento. Ele enfrenta a resistência dos cervejeiros  locais e acaba recorrendo à violência para conseguir seu intento. Prank consegue armar uma enorme tenda, com música animada, mas  começa a faltar o atrativo principal: a cerveja. Já estou dando spoiler, melhor parar por aqui… ( o trailer está dublado, mas a série é legendada).

 

The boys in the band – filme – Netflix

Ainda não vi esse remake, baseado na peça homônima  de Mart Crowley , que fez história na Broadway. Mas, lembro da versão de 1970 que trazia o mesmo elenco . Nesta versão da Netflix os atores são bem conhecidos das telas. Hoje pode parecer uma história comum, mas na época era uma ousadia mostrar personagens estigmatizados como os gays.

A trama acompanha uma reunião de oito amigos organizada para comemorar o aniversário de um deles. O que começa como uma festa amigável, regada à muita bebida, lembranças, risadas e música, com o passar das horas vai se tornando uma noite em que segredos, fragilidades e dores serão expostas, o que desencadeará sentimentos outrora adormecidos e mágoas não ditas entre seus participantes.

 

A grande mentira – filme – HBO

Ver o duelo de talentos entre Helen Mirren e Ian McKellen já seria suficiente, mas o filme traz uma trama intrigante e bem contada.

Ele é um vigarista que marca um encontro com uma mulher pelo aplicativo de namoros com a intenção de dar mais um golpe. Os sentimentos vão mudando à medida em que ele a conhece melhor. Já ela se mostra desconfiada e coloca o pretendente contra a parede. Vira um pouco uma briga de gato e rato. Muitos críticos acham o desfecho muito previsível, mas desde O Sétimo Sentido não existe mais espectador ingênuo… Difícil manter a grande mentira em segredo!

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O leitor recomenda:

 

Emily em Paris – série – Netflix

Sugerida pelo colega do Portal Making of, Paulo Britto.

Diz a sinopse oficial:  uma jovem executiva de Chicago consegue o emprego dos sonhos em Paris. Lá, além de trabalhar com estratégias de mídias sociais para o segmento de luxo, ela viverá altos e baixos das amizades e romances”.

Nota da coluna: Ainda não vi, mas pode ser um bom entretenimento. Quem não gostou nadinha da série foram os franceses que se sentiram estereotipados e ofendidos! A ver.

 

Inacreditável – minissérie – Netflix

Sugerida por Jaqueline de Oliveira.

Baseada num terrível caso real, a minissérie conta a história da jovem Marie Adler que, aos 18 anos, denuncia um estupro. Os policiais que a interrogam não levam o caso muito a sério. Eles convencem Maria e assinar uma declaração de que denúncia era falsa. De vítima ela passa a ser acusada. Anos depois, duas investigadoras voltam a trabalhar no caso, a partir da investigação de um estuprador em série.

Nota da coluna: Quando vi pensei isso mesmo: inacreditável que isso tenha acontecido, mas pouca coisa na minissérie é ficcional.

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(*) Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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