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O futuro de Blade Runner é aqui e agora

O futuro de Blade Runner é aqui e agora
Cena de Blade Runner-2049

Dando um tempo no formato temático de Cine & Séries, mas garantindo a leitura semanal para quem segue a coluna. Toda sexta-feira,  uma nova “Crônica em Quarentena” e, claro, dicas de filmes e séries para amenizar esses tempos difíceis de pandemia e isolamento social. Fiquem bem!

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O futuro de Blade Runner é aqui e agora

Entre as ótimas reflexões geradas pela nossa conversa da semana passada (aqui), a do jornalista Anselmo Prada foi certeira. Ele incluiu à agressão ao meio ambiente na lista de sinais de que a humanidade não está melhorando diante da pandemia. Meu querido amigo está coberto de razão. Este ponto deveria estar em destaque na crônica sobre a expectativa versus realidade.

Acontece que estamos vivendo pesadelos dentro do pesadelo principal, como quando sonhamos que estamos sonhando, sabe? Fica até difícil falar sobre tudo. Mas, se há as catástrofes naturais que não podemos impedir, tem também aquelas provocadas diretamente pelos homens. Imagens de vastas áreas queimando na Amazônia e no Pantanal, para citar apenas dois exemplos, invadem nossas retinas diariamente. O número de queimadas é recorde e o prejuízo ao bioma e à fauna, imensurável.

Abro um parênteses para pedir desculpas por todas as vezes que usei a expressão “ecoloucos” no passado. Muitos de nós – mesmo nos julgando conscientes – repetíamos esse neologismo carregado de preconceito contra aqueles que enxergaram primeiro a destruição em curso do planeta. Estamos falando dos anos 70, quando José Lutzenberger, pioneiro do ativismo ecológico no Brasil, chamava a atenção para o perigo do uso de agrotóxicos sem controle. Desconfiávamos que os alertas dos “ecologistas radicais, os ecoloucos” eram exagerados. Acabamos descobrindo, talvez tarde demais, que o perigo era real.

No comentário dele, Anselmo fala que nosso futuro parece ser do “jeito de Blade Runner“, referindo-se ao filme de Ridley Scott, de 1982. Em novembro do ano passado fiz uma edição só com filmes futuristas. Blade Runner abria a coluna que trouxe também um artigo do escritor Roberto Cattani sobre o tema. Vale a leitura (aqui).

O primeiro Blade Runner – o caçador de andróides mostrava como seria o futuro em 2019! Para nós já é passado. Quando checamos as previsões da ficção com a realidade encontramos algumas semelhanças, como o clima úmido, o calor constante, a super população, a publicidade tecnológica que está em todo lugar  e o avanço da inteligência artificial. Outro ponto similar são as “castas”, no caso do filme, humanos e replicantes. Na nossa realidade: humanos divididos em camadas sociais que vão da miséria à riqueza extrema.

Algumas coisas mudaram na continuação Blade Runner-2049, ambientado em uma Los Angeles pós ataque nuclear, uma população espremida em prédios super lotados e uma mega corporação que pretende fabricar replicantes capazes de se reproduzir para atender a demanda.

Não estarei mais sobre a face da terra em 2049 para conferir o que coincidiu ou não com essa distopia futurista. Deixo essa missão para os mais jovens que estão lendo esta crônica.

Por enquanto, um questionamento do filme que fica como uma pulga atrás da minha orelha é: “o que é falso e o que verdadeiro em uma sociedade em que memórias podem ser implantadas em replicantes que pouco se diferenciam dos seres humanos de fato”?

E o quanto isso pode ser aplicado a humanos & “humanos” no mundo em que vivemos hoje…

(Brígida De Poli)

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BLADE RUNNER 2049 – direção: Denis Villeneuve – 2017

Apesar dessa sequência não ter alcançado o mesmo sucesso do primeiro, Blade Runner-o caçador de andróides , vale a pena assistir. Lembrando que o 1º também foi recebido com frieza pela crítica e depois virou um dos maiores cults do gênero, influenciando vários outros filmes que vieram depois. No elenco dessa continuação estão Ryan Gosling, Jared Leto e Harrison Ford, o protagonista do pioneiro Blade Runner.

Disponível na Neflix.

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ECOS DA EDIÇÃO ‘ADEUS ÁS ILUSÕES

Ótima crônica e fecha exatamente como que penso. Acrescento ainda a destruição desenfreada do meio ambiente pelo mundo, que talvez numa próxima pandemia tenhamos um planeta bem ao jeito Blade Runner. (Anselmo Prada)

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Meu psicólogo diz que é só na realidade que conseguimos “comer um bom bife”. (Ana Catarina)

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De minha parte, totalmente desculpada. Se a colunista adoçasse o tom, eu ficaria preocupada com a amiga, por estar se distanciando da realidade. Excelente crônica e menções a lindos filmes. A função da arte é fazer ouvir vozes plurais em prol da libertação de velhos paradigmas. (Edna Merola)

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Brígida, teu texto é meu sentimento por escrito. A escolha da imagem é perfeita: exausta, desiludida, impotente (na Cachoeira já é verão, praia lotada, comércio ambulante, todo mundo sem máscara…). (Chuchi Silva)

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Brígida, gosto muito do jeito como você se expressa. Consegue mostrar ironia com elegância em cenas do cotidiano que nos causam perplexidade. O tempo passa e continuamos os mesmos…canta Elis. “Adeus às ilusões”, feeling perfeito. (Maria Aparecida Lopez)

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Eu penso que não podemos deixar de acreditar na humanidade. Confesso que às vezes me sinto horrorizada com as barbaridades que leio sobre o comportamento humano, mas não posso deixar de acreditar que ainda há esperança. Como sempre digo, temos que focar no que há de belo no ser humano. Se procurar bem… a gente acha. Eu sigo por aí… (Zuleide Besen)

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DICAS DE FILMES E SÉRIES

Os 7 de Chicago – direção: Aaron Sorkin – Netflix

Baseado numa história real, o filme mostra a manifestação contra a guerra do Vietnã, em 1968, que resultou em confronto com a polícia. O foco está julgamento de 16 pessoas apontadas como responsáveis por um manifesto que deveria ser pacífico, mas acabou com 23 mil policiais contra 10 mil participantes. Um juiz despreparado, as manobras para que o resultado fosse a prisão dos sete e as divergências entre os réus, além da questão racial, prendem a atenção. No elenco, muitos nomes conhecidos: Sacha Baron Cohen e os oscarizados Michael Keaton e Edd Redmayne, entre outros.

 

Os irmãos Sisters – direção: Jacques Audiard– Telecine/Now

A ambientação é o velho oeste, mas não se trata de um filme de western típico. Há uma história bem peculiar por trás dos dois irmãos que estão caçando um homem a mando do chefão da cidadão, o Comodoro. John C. Reilly e Joaquin Phoenix são os sanguinários irmãos Sisters e só descobrem mais tarde qual o interesse real do mandante em Hermitt Kermit Warm. Ele havia encontrado um jeito de extrair ouro mais fácil no garimpo. Warm cruza seu caminho com John Morris, também uma espécie de caçador de recompensas, mas as coisas mudam quando eles se conhecem melhor e descobrem afinidades.

 

O escafandro e a borboleta – direção: Julian Schnabel – Prime

Diferente dos dois filmes acima, esse não é recente, mas está disponível na Prime para quem quiser (re)ver. Foi indicado a vários prêmios e acabou ganhando o Globo de Ouro como Melhor Filme Estrangeiro. Baseado em uma história real.

Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) tem 43 anos, é editor da revista Elle e um apaixonado pela vida. Mas, subitamente, tem um derrame cerebral. Vinte dias depois, ele acorda. Ainda está lúcido, mas sofre de uma rara paralisia: o único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo. Bauby se recusa a aceitar seu destino. Aprende a se comunicar piscando letras do alfabeto, e forma palavras, frases e até parágrafos. Cria um mundo próprio, contando com aquilo que não se paralisou: sua imaginação e sua memória. (sinopse:Adoro Cinema).

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O leitor indica !

Dedé Ribeiro sugere uma minissérie alemã do gênero comédia dramática – Netflix.

A penúltima palavra – 6 episódios

A sinopse oficial da série diz que “a morte é um mistério sombrio, mas os funerais não precisam seguir essa cartilha. Quando seu marido morre repentinamente após 25 anos de casamento, o mundo de Karla Fazius se desfaz. Inesperadamente, e para o espanto de sua família, ela acaba encontrando uma nova energia em uma outra vocação: uma oradora de velórios.

 

Bia Aguiar sugere o novo reality show da Prime, como forma de se ver “até que ponto chega a criatividade dos produtores em busca de novos programas de entretenimento”.

Games dos clones – 1 episódio por semana

Essa versão brasileira de um formato original britânico é apresentada por Sabrina Sato. Em busca do “par ideal”, um(a) participante têm que escolher um entre sete pretendentes com as mesmas características físicas escolhidas por ele(a). Além disso, o figurino é o mesmo para todos para que se pareçam ainda mais (obs: no primeiro episódio o figurino dos rapazes é bizarro, eu processaria a produção se tivesse que usar aquilo…). Entre testes e encontros privados, os “clones” vão mostrando suas diferenças de personalidade e um acaba ficando com a mocinha. Dá pra rir…

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THE END

(*) Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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