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A maldição da Cinderela
O documentário da Netflix, O golpista do Tinder (2022), em que um homem se faz passar por filho de um milionário negociador de diamantes para enganar mulheres, provocou a mesma pergunta em quem viu: como elas puderam cair na lábia do criminoso? Hoje com acesso fácil à informação, como as vítimas não perceberam que a história dele era inverossímil? Como entregaram seu dinheiro a alguém que conheceram através de um site de relacionamento?
Dá para tentar uma explicação para além do fato do golpista ser muito hábil na falsificação de páginas nas redes sociais que o colocavam na foto com o “pai” milionário, por exemplo. Ou na artimanha de levar as “namoradas” a lugares sofisticados em viagens caras.
Sei que é um terreno minado, mas arrisco dizer que muitas mulheres continuam sonhando com o Príncipe Encantado, montado em um cavalo branco, algo tão comum na minha geração. Elas seguem em busca do amor romântico, digno de filme com happy end.
Eu era muito jovem quando li o livro de Collete Dowling, “O complexo de Cinderela” (1986). Ao divorciar-se, a autora americana percebeu que sua vida era calcada na ideia de ter um homem que a protegeria de todos os males. Depois de ouvir muitas outras mulheres, psicólogos e especialistas, ela percebeu que não estava sozinha nesse sentimento, escreveu o livro e cunhou a expressão “Complexo de Cinderela”.
Apesar de terem se passado quase quarenta anos, o caso do golpista do Tinder indica que a Cinderela continua habitando a cabeça de muitas mulheres. Agora, o príncipe não chega mais montado em um cavalo branco, mas num jatinho particular. Os bailes no palácio real viraram baladas em Ibiza, a carruagem virou uma limousine como a usada por Simon Levi, o homem que enganou várias mulheres, dizendo que estava sendo perseguido pela máfia dos diamantes para levar as economias das incautas.
Não vou dar spoiler sobre como termina o documentário. O que importa aqui é a tentativa de uma explicação mínima para a pergunta unânime de quem viu: como pode?
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MICROCONTO DE DOMINGO
Miniconto em até cinquenta palavras com o tema “Grandes Mulheres” foi o desafio proposto pelo professor e escritor, Robertson Frizero, para o coletivo Literatura Mínima. Uma das grandes que escolhi para escrever foi Josephine Baker.
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