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A revolução que começou em Brusque e ganhou o mundo

Foto: Desembargador Carlos Prudêncio / Crédito: Reprodução Alesc.
Foto: desembargador Carlos Prudêncio / Crédito: reprodução Alesc.

Berço do Voto Eletrônico no Brasil. Brusque, localizada no Vale do Itajaí, é reconhecida como o berço do voto eletrônico no Brasil. A cidade, pioneira na informatização do processo eleitoral, contou com a visão do desembargador Carlos Prudêncio, que em 1989 implementou o primeiro sistema de votação eletrônica visando agilizar a apuração e combater fraudes. Prudêncio, que sempre sonhou com essa inovação, enfrentou diversos desafios até que, em 1989, sem pedir autorização, colocou em prática o teste com votação eletrônica em uma seção de Brusque.

 

O sucesso da iniciativa chamou a atenção nacional e, em 1996, o voto eletrônico começou a ser gradualmente implementado em outras regiões do país, até sua adoção completa nas eleições de 2000. O desembargador também foi o idealizador da identificação do eleitor pelas digitais, tornando o processo ainda mais seguro. Hoje, o sistema brasileiro de votação eletrônica, adotado por 47 países, é referência mundial. Prudêncio continua a defender a evolução tecnológica no processo eleitoral, apostando em futuras votações realizadas de qualquer dispositivo conectado à internet, como computadores e celulares.

 

A revolução das urnas eletrônicas. Em 1996 e 1997, o TSE lançou editais para o desenvolvimento de urnas eletrônicas, visando modernizar as eleições no Brasil. A Procomp Indústria Eletroeletrônica (atual Diebold) contratou a Fundação CERTI como parceira tecnológica para concorrer aos editais. A CERTI desenvolveu o projeto mecânico, contribuiu com o hardware, software e testes do produto, resultando em uma urna eletrônica leve, com autonomia de 12 horas e acessibilidade para deficientes visuais. A Diebold venceu o edital de 1997 e, junto à CERTI, fabricou 90 mil urnas para as eleições de 1998, garantindo a maior eleição digital do mundo.

 

Urnas eletrônicas e a polarização política. A adoção das urnas eletrônicas no Brasil, desde 1996, foi um avanço tecnológico destinado a garantir eleições rápidas e seguras, mas se tornou um ponto central de controvérsia política com a ascensão de Jair Bolsonaro e suas críticas infundadas sobre a segurança do sistema. A campanha pelo voto impresso auditável, defendida por Bolsonaro, seguiu uma estratégia semelhante à de Donald Trump nos EUA, que questionou o voto por correio após sua derrota em 2020.

Ambos os líderes usaram suas plataformas para semear dúvidas sobre a integridade eleitoral, mobilizando suas bases e preparando terreno para contestar possíveis derrotas. Embora adaptados aos contextos específicos de cada país, essas táticas minam a confiança nas instituições democráticas e apresentam riscos à estabilidade política de longo prazo. A polarização exacerbada em torno dos sistemas eleitorais mostra como uma questão técnica pode ser transformada em uma ferramenta de mobilização política, com graves repercussões econômicas e sociais, à medida que a incerteza política afeta mercados e investimentos.

A invenção da urna eletrônica foi um grande passo para a economia de tempo e dinheiro. A informação confiável é caminho para o fortalecimento da democracia e o fortalecimento das instituições, ao contrário do que se especula, as urnas eletrônicas são auditáveis e o sistema eleitoral brasileiro é confiável.

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