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A vez das mulheres no Olimpo da tecnologia

As cientistas reais e suas três intérpretes de "Estrelas além do tempo" / Divulgação

A vez das mulheres no Olimpo da tecnologia

O tema da coluna passada, Os ‘semideuses’ da era digital e a guerra pelo poder, gerou o questionamento de uma colega do Clube de Criação Literária sobre a ausência de mulheres na lista de filmes e séries. Instigada pelo comentário fui pesquisar a respeito. A contribuição feminina no avanço da ciência da computação é maior do que se pensa, embora existam apenas alguns filmes e documentários sobre sua importância em uma atividade dominada pelos homens. Apesar da evolução, ainda faz falta dar a essas mulheres o seu merecido lugar no reino dos semideuses da tecnologia.

O filme mais recente e conhecido é Estrelas além do tempo (2017), que resume na sinopse oficial: No auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação.

Dirigido por Theodore Melfi, o filme fala das matemáticas Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson que enfrentaram preconceitos de racial e de gênero para executarem seu trabalho, em 1961. Vocês podem se perguntar ao final do filme como a gente podia desconhecer esta história? Pois é, foram necessários um livro e um filme para resgatarem a importância dessas mulheres. Em 2019, a rua do prédio principal da agência espacial em Washington, nos EUA, ganhou o nome “Hidden Figures Way” em homenagem a elas. Trata-se do título original do filme. Taraji O. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe são as carismáticas atrizes que interpretam as três cientistas.

Estrelas além do tempo está disponível no canal Looke e na Globoplay. (veja o trailer)

Selecionei alguns filmes e documentários sobre essas mulheres notáveis, mas muitas não aparecem na lista por falta de registro pelo cinema.

 

Outros filme sobre o tema

Conceiving Ada – direção: Lynn Hershman-Leeson – 1997

Se foi difícil para as três matemáticas da Nasa, imaginem para Ada Lovelace, matemática e escritora inglesa do século XIX. Hoje ela é reconhecida, entre outras coisas, por ter escrito o primeiro algoritmo para ser processado pela máquina analítica do inventor Charles Babbage, o mais próximo do que seria um computador no começo do século XIX. A condessa, cujo nome completo era Augusta Ada Byron King, filha do importante poeta Lord Byron, tornou-se a primeira programadora do mundo.

O filme não é uma cinebiografia tradicional. A trama: A jovem Emmy Coer, gênio da computação, desenvolve um método de comunicação com o passado batendo em ondas de informação imortais. Ela consegue alcançar o mundo de Ada Lovelace, fundadora da ideia de uma linguagem de computador e defensor das possibilidades do “motor de diferença”. As ideias de Ada foram reprimidas e não cumpridas por sua condição de mulher no século XIX. O plano de Emmy consiste em derrotar a morte e o passado usando seu próprio DNA como um agente comunicativo para o passado, trazendo Ada para o presente, ignorando as consequências que isso pode trazer (Adoro Cinema). Quem interpreta Ada Lovalace é a maravilhosa Tilda Swinton (na foto).

Reprodução/Divulgação

High Score – série documental –  6 episódios –  2020 – Netflix

Quem curte videogames vai gostar de conhecer histórias da era de ouro dos jogos clássicos de fliperama como Mortal Kombat. A série mostra diversas questões do universo dos games na visão dos desenvolvedores, fãs, atletas profissionais e outros integrantes envolvidos nos bastidores. Uma das mentes criadoras é Roberta Williams que, junto com Ken Williams, fundou o Sierra Entertainment, Inc., uma divisão multinacional responsável por produzir e distribuir jogos para consoles e computadores no final da década de 1970.

Reprodução/Divulgação

Grace Hopper – The Queen of Code – direção: Gillian Jacobs – 2015 – Vimeo

Grace Murray Hopper conquistou títulos como  “Rainha da codificação”, que dá nome ao documentário; “a incrível Grace Hopper”, “Rainha da Computação”,  “Grande Dama do Software” e até “vovó do COBOL”. Ela foi uma analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos, nas décadas de 1940 e 1950, e  desenvolveu a linguagem de programação Flow-Matic, a primeira delas a ser adaptada para o idioma inglês. Essa linguagem, apesar de já extinta, serviu como base para a criação do COBOL (Common Business Oriented Language) – usado até os dias de hoje em processamento de bancos de dados comerciais. Uma curiosidade: Grace Hopper é apontada como autora do termo “bug”, que usamos até os dias de hoje para designar uma falha em códigos-fonte. A expressão teria surgido quando Grace tentava encontrar onde estava um problema em seu computador e descobriu um inseto morto dentro da máquina . Ela acabou chamando o problema de “bug” que, em português, significa “inseto”.

Obs.: O problema deste documentário é estar disponível no Vimeo apenas em inglês.

Reprodução/Divulgação

River Raid: A história da criadora do clássico – You Tube

Carol Shaw nasceu em 1955, na Califórnia, é reconhecida como a primeira mulher desenvolvedora de jogos da história. Formada em Ciências da Computação pela universidade de Berkeley. Primeiro, trabalhou em Polo, jogo de 1978, feito para uma campanha promocional de Ralph Lauren e lançou comercialmente o primeiro jogo feito por uma mulher: o 3-D Tic-Tac-Toe, de 1979. Depois disso, ela entraria na Activision, aonde programaria seu game mais conhecido, River Raid, em 1983.

Reprodução/Divulgação

Bombshell – A história de Hedy Lamarr – direção: Alexandra Dean – 2017-Globoplay

Deixei minha história favorita para o final !  Como atriz, Hedy Lamarr ficou conhecida por ser “a mulher mais bonita do mundo”, mas nem todos sabem que a austríaca foi também inventora da tecnologia sem fio nos anos de 1940. O sistema serviu de base para os telefones celulares e durante a Segunda Guerra Mundial, o aparelho de interferência em rádio ajudou a despistar radares nazistas. Ele foi patenteado, em 1940, em seu verdadeiro nome, Hedwig Eva Maria Kiesler.

Como atriz, Hedy Lamarr possui uma estrela na Calçada da Fama. Em Hollywood, seu papel mais famoso foi o de Dalila, no filme “Sansão e Dalila”. Ela foi também a inspiração para Walt Disney desenhar a Branca de Neve, em 1937. Como se não bastasse, Hedy fez a primeira cena simulando orgasmo feminino nas telas e a cena em que corre nua entre as árvores ficou proibida durante muitos anos. Estamos falando do ano de 1933! Ela considerava sua extraordinária beleza uma maldição. Morreu no ano 2000, aos 85 anos. É ou não uma história extraordinária? Salve, Hedy Lamarr.

Reprodução/Divulgação

 

DUAS AÇÕES IMPERDÍVEIS SOBRE CINEMA E CULTURA. BÓRA LÁ?

Festival de Cinema FALA São Chico

Palestra sobre entretenimento como transformação social

Qual o papel que o entretenimento pode assumir nas estratégias de impacto e transformação social? A Diretora de Articulação e Expansão do ALANA – Brasil, Mariana Mecchi, vai abordar o tema em uma palestra no 1º Festival de Cinema FALA São Chico, em São Francisco do Sul, no sábado, dia 28.

Mariana vai compartilhar sua experiência e visão sobre o papel do Entretenimento nas transformações socioambientais e vai contar um pouco sobre as oportunidades, estratégias e modelos para o fortalecimento das produções de impacto e para o uso do Audiovisual como ferramenta de transformação e sensibilização social.

Essa e as demais atividades do Festival que começou no dia 25, são gratuitas, mas é interessante fazer a inscrição através da plataforma Sympla: www.sympla.com.br/panvision

 

Clube de Criação Literária

Escrevendo roteiros para Cinema e Televisão

Recomendo com entusiasmo o Curso de Introdução ao Roteiro Audiovisual, ministrado online [ao vivo] pelo escritor, tradutor, dramaturgo e professor Robertson Frizero. Serão duas aulas, aos sábados.

O melhor de tudo é que os leitores da coluna Cine&Séries também ganharão os 60% de desconto de quem é associado ao Clube, tornando o valor da oficina quase simbólica. Vale a pena mesmo!

Na hora da inscrição, basta avisar que é leitor de MAKINGOFCINEMA. É um presente do Clube de Criação Literária e do Portal Making Of para vocês.

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cronica

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