A coluna de hoje destaca o projeto “Arquivos implacáveis Meyer Filho”, que reúne o acervo do artista e planeja ações para difundir suas obras e história pelos quatro cantos do Estado. A iniciativa é do Instituto Meyer Filho em parceria com o Museu de Arte de Santa Catarina (MASC).
Afinal, quem foi Meyer Filho? Quais foram suas lutas, suas derrotas e teimosias? Entre tantas coisas, foi o homem que se autoproclamou embaixador de Marte na Terra e pincelou um planeta imaginário repleto de jardins. Que abriu a mente de muitos para a propagação de um pedaço de solo distante, florido, bonito onde não existia guerra, luta, nem disputa por poder. Que os causos fabulados viraram temas de suas crônicas publicadas no extinto Jornal O Estado.
O artista catarinense nascido em Itajaí, em 1919, veio para Florianópolis com a família quando tinha apenas 3 anos de idade e aqui fixou suas raízes. Construiu sua família e sua carreira como bancário no Banco do Brasil, uma forma de garantir o sustento da esposa e filhos, trabalho também que amparou seu desejo de artista em 1950. Bancou o material de desenho e as folhas que hoje eternizam seu traço.
Meyer era o irreverente homem comum que labutava no banco todo santo dia, entre cálculos, cédulas e cobranças. Também era o homem das performances que quebraram a rigidez da conduta social da época e da relação artística inusitada que tinha com os meios de comunicação. Um pai zeloso e o amigo da cerveja no boteco. Ele foi um dos fundadores do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF) e organizador dos dois primeiros Salões de Arte Moderna de Santa Catarina, entre 1958 e 1959.
“Arrombastes, Floripa!”, Exclamava em voz fina, forte, em caixa alta em pleno centro da cidade. A frase ganhou um outdoor que ele próprio encomendou como resposta indignada aos moradores da Capital do século XX sobre a menção que só pintava galos! Ele estava coberto de razão, é preciso reconhecer o valor e a criação deste artista. Chegou o momento.
Centenário e Arquivos
Transferido para este ano por conta da pandemia, o projeto “Arquivos Implacáveis de Meyer Filho” faz jus à vida e legado desse grande artista catarinense. Por meio de uma iniciativa do Instituto Meyer Filho, presidente por sua filha, artista e educadora Sandra Meyer, em parceria com o MASC, o centenário será reavivado na memória coletiva.
“Celebrar o centenário é um marco histórico para reconhecer e dar mais visibilidade a uma trajetória que envolve resistência, persistência e luta pelo lugar da arte e cultura na cidade e no Estado. O arquivo dele é ainda pouco conhecido e estudado e tem muitos aspectos além além das pinturas que o celebrizaram, como os galos. O nome da exposição é Arquivos Implacáveis (era assim ele nomeava seu arquivo) e divulgado à sua luta, ao contexto social em que vivia e ao seu acervo diverso construído em cinco décadas “, explica Sandra.
Entre 1940 a 1980 encontra-se um amplo acervo de documentos, imagens e obras que começa a ser desdobrado em outras mídias com a intenção de democratizar o acesso à história e chegar longe.
O projeto prevê uma exposição do centenário no MASC, a publicação de um livro, a realização de um seminário com três encontros, cursos, produção de um vídeo documental e uma plataforma que irá concentrar todo o conteúdo. A preservação da memória está garantida e irá passar pelo processo de digitalização, conservação e catalogação.
“Arquivos implacáveis de Meyer Filho” tem patrocínio da Kredilig, Orsitec e Cassol Centerlar, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Meyer Filho, MASC, Fundação Catarinense de Cultura, Governo do Estado de Santa Catarina.
A programação que joga luz no nosso grande Ernesto Meyer Filho vai acorrer até agosto de 2022 em Florianópolis e será divulgada em breve.
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Ponto Turístico Fotos Diórgenes Pandini
O Projeto Cidade Invisíveis e a Modernize Construtora querem promover e incentivar o empreendedorismo no Morro da Mariquinha. Para isso, realizaram um tour com show para apresentar a maior Galeria de Arte Urbana de Santa Catarina e a 4ª maior do Brasil, um grande painel produzido por 82 artistas.
O mural é tão impressionante que a ideia agora é transformar o endereço em um ponto turístico, gerando renda e melhorias para a comunidade. Uma das primeiras ações será a reforma do “Bar da Laje”, feita de forma voluntária, pela Modernize Construtora. Durante a ação, no último sábado (02), os chefs de cozinha Valter Herzmann e Taise Spolti, participantes do programa Masterchef Brasil, ensinaram um pouco da alta gastronomia para incrementar o cardápio do Bar.
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Bora sapatear?
O Floripa Tap – Festival Internacional de Sapateado – está com inscrições abertas para duas aulas gratuitas super interessantes e inclusivas. A de sapateado para surdos e ouvintes no dia 31/10, com a própria diretora do festival, Marina Coura. E a de sapateado para iniciantes no dia 30/10 com Patrícia Taranto, que integra a Orquestra Brasileira de Sapateado. Ambas serão no Sesc Cacupé e têm vagas limitadas.
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Catarinense em Goiás Foto Luca Bassani
Santa Catarina estará bem representada na quinta etapa da Porsche Cup Brasil, no Autódromo Internacional Ayrton Senna, lá na minha terrinha; Goiânia (GO). André Gaidzinski exibirá uma bandeira do estado estampada no teto do seu carro, nas corridas de sábado e domingo (10 e 11). Será com os portões fechados ao público, seguindo uma série de protocolos inerentes ao momento e com todos os envolvidos testados negativamente para a Covid-19. Vamos torcer!
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