Zeca Pagodinho disse nesse domingo de madrugada, em pleno sambódromo, que não quer deixar o país, mas do jeito que está pensa em ir embora. Refleti profundamente na declaração do cantor e posso dizer sem medo de errar: eu também.
Outros brasileiros também gostariam de se mudar se tivessem condições financeiras e muitos que podem já vivem em outros países. Portugal, por exemplo, nunca recebeu tantos patrícios.
Aqueles que tem bala na agulha também estão angustiados. Em matéria na Folha de São Paulo, também de ontem, ficamos sabendo que há filas de brasileiros para comprar jatinhos, aqui e em outros países. Deduz-se que esses estão mais a fim de se igualar ao Zeca.
Se a desesperança tomou conta do Pagodinho e dos ricos, o que dirá dos demais brasileiros que vivem este momento peculiar e que não têm escape, presos em uma espécie de armadilha da vida, cuja única saída é fechar os olhos e tocar para frente.
Às vezes, embarcar em ônibus lotado, talvez dois, trabalhar para comprar a comida do dia, levar leite para casa, se o ICMS deixar, insistir para que as crianças não deixem a escola mesmo com dificuldades de aprender, fazer “bico” em algum lugar para ajudar nas contas.
Mesmo com todos os auxílios extras, comuns em épocas eleitorais, é difícil o impacto de uma guerra há milhares de quilômetros, que multiplica o preço do gás e da gasolina e entorna o caldo da inflação. E encarece o feijão.
E se não são essas questões triviais que nos incomodam tem ainda o ambiente pesado no país, políticos e juízes mexendo na panela da crise, mostrando falta de solução política. Para desesperança geral.
Se continuar assim, depois do carnaval e antes da temporada da tainha, vou reservar já uma passagem só de ida para outro lugar do planeta.