
Quando a vice-governadora Daniela Reinehr publicou uma série de fotos ao lado de Jair Bolsonaro (acima tirada do alto do edifício Burj Khalifa – a maior torre do planeta), durante a viagem oficial aos Emirados Árabes Unidos, no domingo (14), já sabia que o presidente da República havia quebrado os pratos com o presidente nacional do PL, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, por telefone, na madrugada brasileira, e que a cerimônia de filiação, no dia 22, fora adiada.
Daniela, que seguiu os passos de Bolsonaro e estava sem partido há quase dois anos, já se filiou ao PL pelas mãos do senador Jorginho Mello, presidente da sigla no Estado e pré-candidato ao governo, maior interessado na vinda do chefe do Executivo para o 22.
Enquanto Jorginho sonha em repetir algo semelhante à onda que elegeu Carlos Moisés da Silva e Daniela, em 2018, quando o número era o 17, do PSL, entre os integrantes do Partido Liberal muitos já conheciam os obstáculos para que a filiação do presidente seja consumada.
O PL esteve nos governos de Lula e Dilma, ambos do PT, apoio que persiste em muitos estados do Norte e Nordeste, e está fechado com João Doria, em São Paulo, inclusive no projeto eleitoral do vice-governador Rodrigo Garcia, que deixou o DEM, em maio passado, e filiou-se ao PSDB, legenda que provoca a ira de Bolsonaro.
Palavrões
Segundo o site O Antagonista, Bolsonaro e Valdemar trocaram insultos na conversa telefônica que levou ao documento de adiamento da filiação, algo que tende a evoluir até mesmo para um cancelamento.
O ex-deputado, condenado no mensalão do PT, teria dito ao presidente que não daria o partido em São Paulo ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (eleito pelo PSL), tampouco quebraria o acordo com Doria, e que quem manda no PL é ele, antes de soltar um sonoro “vai catar urubu”, rebatido no mesmo tom, algo mais do que provável para quem conhece os rompantes da dupla que falava ao telefone.
Bolsonaro tem sido patrulhado pelos mais conservadores que o cercam para rifar Valdemar e veem com desconfiança o novo endereço partidário pelo passado junto aos petistas, embora seja um aliado do Centrão.
E por aqui
Além de Daniela, os deputados federais Daniel Freitas e Coronel Armando já declararam que se filiarão ao partido aonde Bolsonaro for, mesmo que seja o PL.
O clima era de euforia no partido na semana passada, mas como o que ocorreu com o PP, que ficou na poeira, houve cautela no gabinete do senador Jorginho Mello, com poucas manifestações entusiasmadas nas redes sociais, uma do deputado Ivan Naatz e outra da ex-candidata à prefeitura de Criciúma, a advogada e jornalista Julia Zanatta, que cumprimentou o presidente pela chegada à agremiação.
Danos e oportunidades
O PP deve voltar a ser um caminho natural, caso Bolsonaro chute de vez a intenção do PL ao não conseguir indicar os principais candidatos nos estados, que não são os postulantes a governador, e sim os que concorrerão à Câmara dos Deputados e ao Senado.
Como a estratégia do PL era ter o PP de aliado, além do Republicanos, o senador Esperidião Amin ganha novo fôlego, ele que nem perdeu tempo e prosseguiu sua caminhada e reuniões pelo Estado, em meio aos anúncios que não se confirmaram.