Desde junho deste ano a assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem conversando com o governador Jorginho Mello (PL) e com a deputada federal Júlia Zanatta (PL) para a confirmação das cidades que ele estará nesse mês de setembro durante as eleições municipais de 2024.
Certo mesmo é que ele ficará em Santa Catarina de 19 a 21 de setembro.
Depois de muita negociação, a decisão acabou frustrando muitos políticos e candidatos que esperavam ter Bolsonaro na sua cidade para turbinar suas campanhas eleitorais, principalmente os das maiores cidades do Estado.
Isso aconteceu porque, aparentemente, há uma disputa interna no PL de Santa Catarina entre o governador Jorginho e uma ala mais bolsonarista liderada por Júlia. A maior discórdia se instalou na cidade de São José, onde Adeliana Dal Ponte foi escolhida por Jorginho para ser a candidata liberal.
Silvinei Vasques, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do governo do Capitão, anunciou o apoio ao candidato do PSD, prefeito Orvino Coelho de Ávila, justamente para confrontar Jorginho Mello. A justificativa é que o governador não teria feito nenhum movimento para ajudá-lo na sua prisão.
Júlia também não aceitou bem a candidatura de Adeliana. A ala bolsonarista do partido até manteve conversas com a assessoria de Orvino para fortalecer a sua candidatura.
Já de cara, a negociação da agenda de Bolsonaro descartou uma visita em Chapecó para não atrapalhar a eleição na cidade. O entendimento é que o prefeito João Rodrigues (PSD), que é amigo pessoal de Bolsonaro, tem a reeleição muito bem encaminhada e o PL sequer tem candidato por lá.
O medo de Jorginho Mello é que Bolsonaro queira ver João Rodrigues como candidato a governador em 2026 e por isso ele vai trabalhar para que seus candidatos nas cidades catarinense vençam para que a sua reeleição seja a única possibilidade do partido.
Jorginho Mello até vai pegar uma licença, sem remuneração, no período de 19 a 30 de setembro, para se dedicar exclusivamente a campanha dos candidatos a prefeito do Partido Liberal no Estado. Essa data coincide com a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador quer cumprir a meta de ter 100 prefeituras sob o comando do PL em Santa Catarina.
A AGENDA DE BOLSONARO
Diferente do que se imaginava, Jair Bolsonaro vai passar apenas por quatro cidades nos três dias em que vai estar no Estado. As escolhidas estão no litoral norte e no sul do Estado. Ele vai estar em Itajaí, Balneário Camboriú, Criciúma e Tubarão.
Blumenau, Joinville, Jaraguá do Sul, Florianópolis, Lages e São José até este momento foram descartadas, frustrando candidatos como Egídio Ferrari (Blumenau), Sargento Lima (Joinville) e Edson Junkes (Jaraguá do Sul).
Florianópolis ficou de fora porque Topázio Neto é do PSD, mesmo o PL tendo indicado Maryanne Mattos como vice. Lages também ficou de fora pelo mesmo motivo, já que Carmen Zanotto é do Cidadania. Joinville e Blumenau era, e ainda é, um pedido de Jorginho, mas Bolsonaro quer viajar o mínimo possível.
Então, no dia 19, ele deve chegar no aeroporto de Navegantes e no mesmo dia faz reuniões em Itajaí e Balneário Camboriú, onde ele dará uma turbinada na candidatura a vereador de Jair Renan.
No dia 20 ele ruma para o sul catarinense, onde faz comícios em Tubarão, de Estêner Soratto (PL), e Criciúma, fortalecendo a candidatura do deputado federal Ricardo Guidi (PL). Dia 21 ele ainda se reúne com filiados do PL no Sul e vai embora pelo aeroporto de Jaguaruna.
Se essa agenda realmente se confirmar, Bolsonaro pode não ser tão decisivo em terra catarinense e alguns candidatos a prefeito do PL terão que explicar o porquê o ex-presidente decidiu não apoiar as suas campanhas.