Por Marcos Calliari*
O Índice de Confiança do Consumidor monitorado pela Ipsos em 29 países voltou a cair no Brasil no mês de setembro. Apesar de uma leve recuperação em agosto, o indicador seguiu a tendência de queda que vinha apresentando desde o início do ano, recuando — 1,8 pontos em relação ao mês anterior, fechando em 51,3 pontos na escala de 0 a 100. Apesar de o número ainda se manter acima da linha de neutralidade (50 pontos), se comparado há 12 meses atrás, o Brasil apresenta a maior queda entre os 29 países pesquisados, empatado com a Tailândia, ambos com -5,6 pontos.
A confiança do consumidor é um ponto fortemente influenciado pelo contexto atual, pelas informações midiáticas e por aquilo que atinge diretamente o bolso dos consumidores. No último mês, com a cobertura das eleições municipais focando massivamente em destacar os problemas econômicos dos municípios, a pauta ficou bastante em evidência. Além disso, o clima seco, as queimadas e a estiagem já impactam os preços de frutas, legumes e outros alimentos, o que se reflete diretamente no orçamento da população, com aumentos da cesta básica já registrado em vários estados.
Olhando para outros mercados que temos acompanhado, os Estados Unidos, que segue sob os holofotes por conta de sua eleição presidencial, mantém uma estabilidade na confiança do consumidor, num número positivo (55 pontos) e com um aumento de +3,0 pontos em relação a 12 meses atrás. Atualmente, com a economia seguindo como a principal preocupação da população dos EUA, ter um indicador positivo e estável é favorável aos Democratas. O México, que vinha de um consistente crescimento no longo do ano, sendo o país com maior índice de confiança de todo o continente, teve uma forte queda no mês passado, mas conseguiu recuperar sua posição, ficando com 55,9 pontos —, um crescimento de 3,9 pontos no último mês. Já a Argentina segue em mais um mês consecutivo de queda, com um índice de 45,4 pontos (-0,2 pontos em relação a agosto).
*Marcos Calliari é CEO da Ipsos no Brasil