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Bye, bye, Cacá Diegues!

Foto: Site oficial Cacá Diegues

Ontem, por um desses acasos (acaso ?) escrevi sobre Cacá no meu grupo de Criação Literária e Literatura Mínima. Nosso professor, Robertson Frizero, desafiou-nos a escrever uma pequena crônica sobre algum filme brasileiro que tivesse nos marcado, aproveitando o momento glorioso trazido por “Ainda estou aqui”, de Walter Salles.

O primeiro que me veio à cabeça foi “Chuvas de Verão”, de Carlos Diegues, um de meus diretores brasileiros favoritos desde sempre. Na mini crônica contei sobre ter entrado no cinema com vinte e cinco anos de idade, achando que todo mundo acima de trinta já era velho e não lhes caberia mais a paixão ou o desejo. No filme, Seu Afonso, recém aposentado, aproveita para ajudar a resolver problemas  de sua filha, de outros moradores e para aproximar-se da vizinha Dona Isaura. Dessa aproximação surge um sentimento de alegria, companheirismo e afeto. Para surpresa da jovenzinha na plateia, Afonso e Isaura têm uma tarde de amor. Os incríveis atores Jofre Soares, então com 60 anos, e Miriam Pires, com 51, expõem seus corpos maduros de forma delicada na cena comovente que apenas um grande diretor faria.

A jovenzinha saiu impactada da matinê. Aprendera uma lição que levaria para sempre, inclusive quando chegou à idade dos protagonistas. Isso era Cinema ! Assim, com “C” maiúsculo de Cacá , como nos acostumamos a chamar o cineasta que nos deu filmes maravilhosos como “Cinco vezes favela”, “Quando o carnaval chegar”, “ Xica da Silva”, “Bye bye Brasil”, “Tieta do Agreste”, “Orfeu”, “Deus é brasileiro”, “O grande circo místico”… Ao lembrar de “Joana Francesa”, me vem também a beleza da canção composta por Chico Buarque, uma parceria que se repetiu em várias películas.

Quantas horas mágicas vivi na sala escura graças à obra desse cineasta que se dizia “ não um profissional, mas um militante do cinema”, assim como foi na vida: um lutador por uma arte tão difícil de ser executada no Brasil  e também pela Democracia em momentos incertos.

Ontem, quando escrevi minha singela mini crônica, não imaginava que acordaria com a notícia de sua partida hoje ( 14.02), aos 84 anos. Tive a chance de conhecer Cacá pessoalmente, mas muito tímida, falei pouco e não contei de minha imensa admiração.

Então, escrevo aqui, mesmo que tardiamente: Cacá Diegues, você foi um dos maiores diretores da história do cinema brasileiro. A você todo meu orgulho e meu amor, muito obrigada.

 

[Brígida De Poli/ 14.02.2025]

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