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Caminhos da memória, Stalin e a volta de uma série genial

Caminhos da memória, Stalin e a volta de uma série genial
Hugh Jackman em Caminhos da Memória/ Warner/divulgação

Nossa Senhora do bom texto, socorrei-nos!

O cinema americano teve roteiristas extraordinários no passado. Gente do nível de Dalton Trumbo, Billy Wilder e Herman J. Mankiewicz. Eram donos de textos primorosos, capazes de elevar a qualidade até de temas bobinhos. Em filmes atuais, como Caminhos da Memória, a impressão que tenho é que o estúdio investiu milhões de dólares em cenários, figurino, elenco e efeitos especiais. Acabou a verba na hora de contratar o roteirista e chamaram o estagiário para escrever os diálogos? Bem, no caso nem foi isso. A roteirista e diretora Lisa Joy é bastante prestigiada desde a série Westworld, da HBO. 

Caminhos da memória, assim como a série, também é uma distopia. Hugh Jackman é Nick Bannister, um investigador particular da mente, capaz de fazer as pessoas reviverem suas melhores memórias. Um alívio no meio do caos, mas também o perigo de se viver no passado. A história se baseia no clássico Orfeu e Eurídice. Há também um pouco de Blade Runner e Chinatown ali, boas referências. Mas do meio para o fim, meus queridos leitores, o filme toma um trem veloz para a pieguice e só para ao chega nesse tipo de mensagens finais: sentir falta das pessoas faz parte deste mundo. Sem essa tristeza não se prova a doçura da vida – responde a eterna apaixonada pelo protagonista, quando a neta lhe pergunta se sente falta dele. Ou esta: memórias são como perfume, melhor em pequenas doses. Talvez os produtores tenham pressionado para esse sentimentalismo exagerado, vá saber!

Ok, muita gente gostou, talvez eu só esteja sendo ranzinza. Veja e avalie você mesmo, o filme tem méritos. Ele está disponível na HBO.

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FILMES

A sombra de Stalin – direção: Agnieszka Holland – 2021 – Netflix

Fiquei surpresa ao descobrir a história de Gareth Jones, um jovem jornalista galês que viajou para a União Soviética, em 1933, na tentativa de descobrir o segredo do aparente sucesso da utopia soviética de Josef Stalin. Ao chegar lá, Jones descobre que seu amigo e contato no local havia sido morto num assalto, enquanto investigava as entranhas do regime. Ele consegue viajar para a proibida Ucrânia e lá descobre os horrores da miséria nas aldeias vazias e crianças abandonadas morrendo de fome. Ele escreve sobre o que viu, mas é desmentido pelo poderoso jornalista , ganhador do prêmio Pulitzer, Walter Duranty, responsável por passar uma imagem positiva do sistema soviético.

 

O homem que vendeu sua pele – direção: Kaouther Bem Hania – 2020- Cine Belas Artes

Ainda não vi, mas já compartilho com vocês porque me parece muito interessante.

Instigante e extraordinário, “O Homem Que Vendeu Sua Pele” retrata Sam Ali, um jovem sírio preso injustamente pelo governo que aceita ter suas costas tatuadas por um dos artistas contemporâneos mais cultuados do mundo em troca de poder viajar livremente e recuperar o amor de sua vida. O filme é inspirado no caso real de Tim, ex-proprietário de um estúdio de tatuagem de Zurique que desde 2008, vendeu sua pele e se tornou também uma obra do artista belga Wim Delvoye.  “O Homem Que Vendeu Sua Pele” foi escolhido como representante da Tunísia no Oscar 2021 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, recebeu também indicação ao Leão de Ouro no Festival Internacional de Veneza e conta com a participação de Monica Bellucci no elenco. (Sinopse oficial)

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SÉRIES

The Knick –  2 temporadas – HBO Max

Não tenho acesso à HBO Max porque o aplicativo não é compatível com meu aparelho de TV, mas uma das vantagens de assinar o novo streaming é a chance de ver boas séries que saíram do acervo da HBO tradicional. Entre elas está The Knick, uma das minhas dez produções seriadas favoritas.

Uma série criada e produzida por Steven Soderbergh não poderia ser banal. A trama mostra os procedimentos médicos na década de 1900. Era tudo muito experimental e assustador, com taxa de mortalidade altíssima por infecção e por experimentos em cobaias humanas .Clive Owen interpreta um cirurgião brilhante e doidão, viciado em cocaína e todo o tipo de droga ao alcance de um médico. Ele trabalha no Hospital Knickerbocker, em Nova York, onde  também chega também uma raridade: um médico negro. A ele são reservados os pacientes negros, atendidos meio às escondidas. Foi esse papel que projetou o ator André Holland, visto recentemente em Passing.

Isso é só uma parte. The Knick mostra a crueldade e a ganância do meio hospitalar, mas também histórias de paixão e sexo. Infelizmente, a série foi cancelada após a segunda temporada.

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Prêmio para o cinema catarinense

O amigo do meu tio, curta-metragem do ator, diretor e roteirista florianopolitano, Renato Turnes, recebeu o Prêmio Canal Brasil de Curtas no 29° Festival Mix Brasil de Cultura de Diversidade. O documentário de oito minutos tem co-autoria do ator, diretor e professor, Vicente Concílio. A história da infância de Vicente, uma criança LGBTQIA+, é contada aproveitando antigas imagens em fitas VHS gravadas por seu pai entre os anos de 1987 e 1993.

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THE END

*Fotos reprodução/divulgação

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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