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|Coluna de Economia| Brasil assume liderança no ranking mundial de juros reais

Foto: Taxa de Juros / Crédito: Pixabay

Com a decisão do Banco Central da Argentina de reduzir a taxa básica de juros de 32% para 29%, o Brasil passou a ocupar a primeira posição no ranking global de juros reais, segundo levantamento da consultoria MoneYou. Com a Selic elevada para 13,25% ao ano, o juro real brasileiro atingiu 9,18%, superando Rússia (8,91%) e Argentina (6,14%), que agora ocupa a terceira posição. Enquanto a inflação na Argentina encerrou 2024 em 117,8%, refletindo uma desaceleração ante os 211,4% de 2023, no Brasil, a manutenção de juros elevados busca conter pressões inflacionárias e atrair investidores de renda fixa. No ranking de juros nominais, o Brasil segue na quarta colocação, atrás de Turquia (45%), Argentina (29%) e Rússia (21%).

 

Foto: Reprodução/Freepik

Alta dos juros impacta governo, setor produtivo e consumidores. O aumento da taxa básica de juros (Selic) tem efeitos diretos sobre o Governo Federal, o setor produtivo e a população. Para o governo, a elevação dos juros encarece o serviço da dívida pública, reduzindo o espaço fiscal para investimentos e políticas públicas. No setor produtivo, o crédito mais caro dificulta investimentos, desacelera a produção e pode impactar a geração de empregos. Para a população, os efeitos são sentidos no aumento dos custos de empréstimos, financiamentos e consumo, reduzindo o poder de compra e afetando setores como comércio e indústria. Embora tenha o objetivo de controlar a inflação, a manutenção de juros elevados pode gerar desafios ao crescimento econômico e à recuperação da atividade produtiva.

 

Viés de alta. O Banco Central (BC) indicou, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que a taxa básica de juros Selic poderá ser elevada para 14,25% ao ano a partir de março. O documento divulgado nesta terça-feira (4) justifica a decisão com base na pressão inflacionária persistente em todos os horizontes — curto, médio e longo prazo. O Copom destacou que a alta nos preços dos alimentos, especialmente da carne, representa um dos principais desafios no controle da inflação no curto prazo. A projeção do BC sugere que a inflação continuará acima do teto da meta, refletindo um cenário econômico desafiador.

 

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O consumo nos lares brasileiros cresceu 3,72% em 2024, segundo a Abras, impulsionado pelo aumento do emprego e da renda, especialmente no final do ano com a entrada do 13º salário. No entanto, esse movimento veio acompanhado de uma alta de 9,96% nos preços da cesta básica nos últimos 12 meses, com destaque para o café torrado e moído (39,60%), óleo de soja (29,22%), leite longa vida (18,83%) e arroz (8,24%). Para driblar o impacto do aumento dos preços no orçamento a recomendação é substituir marcas caras por opções mais acessíveis, comparar preços entre supermercados e aplicativos de ofertas, evitar compras impulsivas e priorizar itens em promoção ou de marcas próprias, que costumam ter melhor custo-benefício. Além disso, planejar as compras com antecedência e diversificar fornecedores, incluindo feiras e atacarejos, pode gerar economia ao longo do mês.

 

Dólar fecha em queda e atinge menor valor desde novembro. O dólar comercial encerrou esta quinta-feira (6) cotado a R$ 5,76, registrando uma queda de 0,52% e alcançando o menor patamar desde novembro de 2024. A desvalorização da moeda norte-americana ocorre em meio à expectativa de ajuste na política monetária global e ao fluxo de entrada de capital estrangeiro no Brasil. O recuo do dólar pode impactar setores como exportações e turismo, além de influenciar os preços de commodities e insumos importados.

 

Santa Catarina se consolida como um dos principais polos turísticos do Brasil, reunindo 26,6 mil empresas ativas no setor e sendo responsável por 12,5% do PIB estadual. Com um desempenho expressivo, o turismo catarinense gerou mais de R$ 250 milhões em arrecadação de ICMS só primeiro semestre de 2024, segundo o sistema de inteligência turística Almanach. O estado foi eleito, pela 13ª vez, como o Melhor Destino Turístico do Brasil no prêmio Viagem e Turismo 2023/2024, refletindo a força do setor na economia local. Para fortalecer esse cenário, o Sebrae/SC investiu R$ 11 milhões em 2024 no desenvolvimento do turismo, beneficiando mais de mil empresas em 100 municípios. As ações incluem projetos estratégicos voltados para inovação, empreendedorismo e valorização das potencialidades regionais, impulsionando segmentos como enoturismo, turismo de experiência e rotas gastronômicas, além da integração entre pequenas empresas e grandes atrativos turísticos do estado.

 

Tecnologia

Foto: Acate / Crédito: Janine Alves – acervo pessoal.

Setor de tecnologia impulsiona arrecadação de ISS em Santa Catarina. O setor de tecnologia em Santa Catarina apresentou crescimento acelerado na arrecadação do ISS entre 2019 e 2023, com destaque para cidades fora da capital. Florianópolis segue liderando, com arrecadação de R$ 98 milhões, um aumento de 85% no período. No entanto, outras sete cidades-polo somaram R$ 190 milhões, evidenciando a descentralização do setor. Joinville (R$ 68,7 milhões, +88%) e Blumenau (R$ 45 milhões, crescimento de 10 vezes) são destaques, impulsionados pela presença de grandes empresas e novas operações, como a Serasa. Cidades menores, como Rio do Sul (+460%) e Lages (+165%), também registraram altas expressivas. O setor de tecnologia já representa 7,5% do PIB catarinense, com expectativa de alcançar 10% até 2030, segundo o Observatório da ACATE.

 

ACATE projeta crescimento do setor de tecnologia catarinense para 2025. O setor de tecnologia de Santa Catarina iniciou 2025 com novos investimentos e projeções otimistas. A startup Paytrack, de Blumenau, captou R$ 240 milhões do fundo americano Riverwood Capital, somando-se a outras empresas catarinenses como Indicium e Asaas, que juntas arrecadaram mais de R$ 1,2 bilhão em menos de um ano. Segundo Diego Ramos, presidente da ACATE, a associação pretende expandir o ecossistema de inovação catarinense com novos programas, missões internacionais e fortalecimento dos polos regionais. Santa Catarina já se posiciona como 6º maior faturamento do setor de tecnologia no Brasil, responsável por 7,5% do PIB estadual, e a meta é que esse percentual atinja 10% até 2030.

 

Inovação aberta. O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) anunciaram a nova edição do BRDE Labs SC 2025, programa voltado para a aceleração de startups e fomento à inovação em Santa Catarina. Nesta edição, serão apoiadas 155 startups nas frentes Growth, Venture e Innovation, sendo que a última terá abrangência nacional. A fase Venture, destinada a startups catarinenses que já passaram pela aceleração em anos anteriores, está com inscrições abertas até 23 de fevereiro. O programa, que já acelerou 300 negócios desde 2022, se consolidou como uma referência no ecossistema de empreendedorismo inovador, conectando startups a grandes empresas e investidores.

 

Salário Minimo e Tributação

O novo salário-mínimo nacional de R$ 1.518 entrou em vigor nos contracheques a partir deste sábado (1º), refletindo um reajuste de 7,5% em relação ao valor anterior de R$ 1.412. O aumento impacta trabalhadores formais e benefícios atrelados ao mínimo, como seguro-desemprego e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa correção segue a nova regra de reajustes sancionada no final de 2024, que limita o aumento real a 2,5% acima da inflação até 2030. O reajuste busca preservar o poder de compra dos trabalhadores, garantindo que seus rendimentos acompanhem, no mínimo, a variação inflacionária.

Foto: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil/Arquivo

Tributação impacta preços de veículos.  A carga tributária sobre veículos no Brasil já é a mais alta do mundo pode – ir além – e alcançar 54% do preço final, um percentual superior ao de países como China (5%), Estados Unidos (7%) e Alemanha (19%). Está em discussão a possível inclusão dos automóveis no Imposto Seletivo (IS), que incidiria sobre bens considerados supérfluos. A proposta tem gerado debates sobre seus impactos na produção e no mercado interno. Apesar da elevada carga tributária, o Brasil alcançou um marco histórico na produção de veículos em 2024. Foram fabricados 2,5 milhões de unidades, um crescimento de 9,7% em relação a 2023, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Com esse avanço, o país reconquistou a oitava posição no ranking global de produção de veículos, evidenciando a resiliência da indústria automobilística nacional mesmo diante de desafios fiscais e regulatórios.

O mercado de veículos eletrificados também registrou crescimento expressivo. Em 2024, foram vendidos 177.538 automóveis eletrificados no Brasil, um aumento de 89% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). O avanço foi impulsionado principalmente pela maior oferta de modelos, incentivos fiscais regionais e interesse crescente por opções mais sustentáveis. Dezembro foi um mês histórico para o segmento, com um recorde mensal de 18.942 unidades comercializadas, consolidando a tendência de expansão dos eletrificados no mercado brasileiro.

 

Relações de Consumo

Empresas devem reforçar prevenção com possível inclusão da teoria da perda de uma chance no Código Civil. O Projeto de Lei em tramitação propõe a inclusão expressa da teoria da perda de uma chance no Código Civil, estabelecendo a possibilidade de indenização para consumidores que, por falha ou omissão de terceiros, deixem de obter um benefício ou evitar um prejuízo. Segundo a advogada Letícia Belizário, do Núcleo de Relações de Consumo da Menezes Niebuhr, a positivação do conceito pode trazer maior segurança jurídica, mas também ampliar a responsabilidade das empresas, tornando essencial o reforço em compliance e gestão de riscos. A mudança trata a perda de uma chance como dano autônomo, sem necessidade de comprovar o resultado final, exigindo das organizações capacitação de equipes, revisão de procedimentos internos e aprimoramento no atendimento ao consumidor para mitigar riscos de litígio e evitar impactos financeiros e reputacionais.

 

 

Empresas

 

Foto: Karsten anuncia identidade visual e resgata símbolo icônico / Crédito: divulgação.

Identidade visual. A Karsten, uma das mais tradicionais empresas têxteis de Santa Catarina, anunciou uma nova identidade visual, marcando um novo ciclo de inovação e conexão com os consumidores. Fundada em 1882, em Blumenau, a companhia se consolidou como referência no setor têxtil nacional e internacional, exportando para mais de 20 países e contando com aproximadamente 7 mil pontos de venda no Brasil. Com 142 anos de história, a Karsten modernizou sua marca resgatando o icônico símbolo “K” e reforçando sua identidade com elementos que traduzem qualidade, sofisticação e bem-estar. O movimento busca alinhar tradição e modernidade, fortalecendo sua presença no mercado e acompanhando as transformações do setor.

 

 

Juros ao Capital. O Sicoob distribuiu mais de R$ 1,7 bilhão em Juros ao Capital para cerca de 6,8 milhões de cooperados em 31 de dezembro de 2024. Os valores, referentes ao exercício do ano, representam a remuneração sobre o capital social mantido pelos cooperados, seguindo a taxa média da Selic, conforme a legislação específica. Além desse montante, os excedentes contábeis, que correspondem à distribuição de resultados das cooperativas, serão repassados aos cooperados até abril de 2025, proporcionalmente aos negócios realizados. O modelo cooperativista, que fortalece o patrimônio das cooperativas e viabiliza investimentos em tecnologia e expansão, tem se consolidado como alternativa competitiva no setor financeiro.

 

Aposta na expansão.  O Doshirakorea, primeiro restaurante coreano de Santa Catarina, completa cinco anos de atuação em março de 2025 e anuncia um plano de expansão. A empresária Kátia Maczewski, responsável pelo restaurante, planeja abrir uma unidade em Balneário Camboriú no segundo semestre de 2025 e lançar uma linha de alimentos congelados, acompanhando a demanda por opções práticas. Além disso, a expansão por franquias está em estudo, alinhada ao mercado que movimentou R$ 211 bilhões em 2023, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF). O setor de bares e restaurantes tem projeção de crescimento de até 15% no faturamento em 2025, conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Em Florianópolis, o impacto do turismo no setor gastronômico influencia as estratégias de expansão de diversos negócios, incluindo o Doshirakorea.

 

Odontologia veterinária inédita. De olho no crescimento do setor pet no Brasil, que movimenta cerca de R$ 80 bilhões por ano e reúne mais de 150 milhões de animais de estimação, a catarinense Olsen, especializada na fabricação de equipamentos odontológicos e médicos, apresentou uma inovação na 42ª edição do Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (CIOSP). A empresa lançou a primeira mesa radiográfica digital para cirurgias veterinárias do Brasil, voltada para pets de até 50 kg. Com fábrica em Palhoça (SC) e mais de 46 anos de atuação, a Olsen é a única fabricante nacional deste tipo de equipamento e aposta na expansão do segmento, acompanhando a crescente demanda por serviços especializados para animais de estimação.

 

Informação relevante

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

STF debate punição e acordos para envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou em entrevista que dois terços dos indiciados pelos atos de 8 de janeiro receberam da Procuradoria-Geral da República (PGR) a proposta de um acordo de não persecução penal, que previa multa de R$ 5 mil, restrição ao uso de redes sociais por dois anos e um curso sobre democracia, evitando penas de prisão. Apesar da tentativa de acordo, muitos recusaram a oferta, demonstrando um alto nível de radicalização, segundo o ministro. Barroso ressaltou que as punições devem ser proporcionais à gravidade dos atos, destacando que o episódio envolveu a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes e que não deve ser tratado como um simples excesso de manifestação. O julgamento dos envolvidos dependerá da existência de provas concretas, considerando se houve apenas atos preparatórios ou a execução material de um golpe de Estado.

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