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|Coluna de Economia| Carnaval, violência e um toque de recolher que perdeu o sentido

Foto: Policial joga spray de pimenta em dois jovens que caminhavam na via pública em Florianópolis / Crédito: reprodução.

A violência policial no Carnaval segue repercutindo nas redes sociais. Há um grupo que defende a ação sem compreender a gravidade das cenas. Muitos que apoiam esse tipo de intervenção não estavam no local e não percebem que essa mesma força pode, a qualquer momento, se voltar contra eles em outras situações do dia a dia. Não é possível validar uma ação sem compreender os riscos reais que ela representa para a segurança pública. Do outro lado, estão as pessoas que sofreram as agressões ou ficaram chocadas com os vídeos que circulam nas redes sociais e repercutiram na imprensa nacional, arranhando a imagem de Florianópolis como destino turístico e Carnaval seguro e da Polícia Militar como instituição responsável pela segurança.

Uma operação cara e desproporcional, realizada antes do previsto toque de recolher — que deveria começar às 2h da manhã —, envolveu o apoio de um helicóptero em missão noturna e o uso de força, tiro com bala de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar os foliões. A ação indiscriminada contra a população representa um desperdício de dinheiro público e um risco desnecessário aos próprios policiais, que se expõem a operações dessa magnitude e a um modus operandi questionável. Aplicar força de forma desproporcional em ambientes abertos compromete a segurança de todos, inclusive dos policiais.

Uma cena registrada na imagem que circula nas redes sociais e repercutiu na imprensa nacional ilustra bem essa realidade: um policial, em trajes táticos e segurando um cassetete, utiliza spray de pimenta contra dois foliões que apenas transitavam na via pública. O flagrante, capturado em Florianópolis, demonstra o uso indiscriminado da força contra cidadãos que, aparentemente, não apresentavam qualquer ameaça iminente. Esse tipo de abordagem reforça o questionamento sobre a real necessidade e proporcionalidade das operações conduzidas durante o Carnaval.

A população quer segurança. Provavelmente, os policiais também buscam o reconhecimento de seu trabalho e dignidade, mas as ordens que recebem vão de encontro ao que mais almejam: honrar a Corporação da qual fazem parte e cumprir a missão com mérito. São seres humanos de ambos os lados de uma batalha que não deveria existir.

A justificativa para o toque de recolher às 2h da manhã é evitar a escalada da violência após esse horário, com base em registros de carnavais anteriores. No entanto, entre as evidências estatísticas e os fatos de violência policial no Carnaval de 2025, bem como em anos anteriores (já analisados nesta coluna), o propósito da restrição perde o sentido, pois a violência se concretiza pelas ações daqueles que deveriam proteger a população. E a responsabilidade não é da corporação ou dos militares que apenas cumprem ordens, mas do gestor público que determina as normas e permite que a população seja agredida por quem deveria resguardá-la.

Aos foliões que seguiram para o Centro de Florianópolis e para outros locais da ilha — já que também há relatos de violência policial em regiões como a praia da Barra da Lagoa —, a recomendação era: proteja seu celular, o cartão do banco e não dê bobeira, mas, sobretudo, evite locais onde há policiais reunidos, pois há riscos de confronto, mesmo sem qualquer provocação ou ato ilícito.

A sensação de insegurança e impotência é surreal para quem analisa os dois lados da moeda, mas compreende que há um “código de conduta” e um modelo mental que legitimam esse tipo de ação. Sob essa ótica, a vítima não é apenas quem levou um tiro de bala de borracha, apanhou com o cassetete ou foi atingido por spray de pimenta no rosto – todos financiados com dinheiro público, mas também a imagem dos gestores que permitem operações como está e normalizam que foliões sejam tratados como bandidos, mesmo antes de descumprirem a lei do “toque de recolher”.

O policiamento ostensivo tem o papel de garantir a ordem, não de ser a causa da violência. Se, para impor um toque de recolher sob o pretexto de evitar conflitos, é necessário recorrer à força desproporcional e à repressão, então a medida não apenas perde sua justificativa, mas se torna parte do próprio problema que deveria prevenir.

 

Foto: Mário Motta, deputado estadual / Crédito: reprodução.

A escalada da truculência policial em eventos públicos, do Carnaval aos clássicos do futebol catarinense, gerou indignação e mobilizou o deputado estadual Mário Motta (PSD), que recebeu uma enxurrada de denúncias sobre abusos cometidos pela PM na segurança do duelo entre Avaí e Figueirense. Em resposta, o parlamentar encaminhou um Pedido de Informação ao comando-geral da corporação e anunciou a sugestão de um projeto inspirado em práticas bem-sucedidas de outros estados, visando criar uma divisão especializada para atuar em eventos com grande presença de crianças, idosos e mulheres. Segundo Motta, o objetivo não é apenas buscar explicações, mas promover mudanças concretas para garantir a segurança sem excessos.

 

Boas práticas

 

Foto: Lucas Pereira (penúltimo, à direita), diretor do Fort Atacadista, ao lado da vice-prefeita Maryanne Mattos, representantes do Hospital Infantil como a diretora geral Maristela Cardozo Biazon, o governador de SC Jorginho Mello, o prefeito de Florianópolis Topazio Neto e Rolf Krueger, organizador geral dos desfiles / Crédito: divulgação.

O Fort Atacadista realizou pelo segundo ano consecutivo uma importante ação de solidariedade durante o Carnaval de Florianópolis, doando 100% da arrecadação com a venda de ingressos das arquibancadas da Passarela Nego Quirido ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, referência no tratamento oncológico em Santa Catarina. A instituição foi escolhida por meio de votação popular, recebendo 152.839 votos, e recebeu um cheque no valor de R$ 168.840,90 durante o intervalo dos desfiles das escolas de samba, na última sexta-feira (27/02). A diretora do hospital, Maristela Cardozo Biazon, destacou que a doação contribuirá para a humanização dos espaços e melhorias na infraestrutura da unidade. O diretor do Fort Atacadista, Lucas Pereira, reforçou a importância do apoio ao Carnaval como forma de conexão com a população e engajamento social, garantindo uma festa acessível e solidária.

 

 

 

Foto: Compostagem – sistema de água e esgoto.

O Grupo Habitasul conquistou a Certificação Lixo Zero para o Sistema de Água e Esgoto (SAE) e o hotel Jurerê Beach Village, localizados em Jurerê, Florianópolis, consolidando seu compromisso com a sustentabilidade e a gestão responsável de resíduos. O Jurerê Open e o hotel IL Campanário já destinam 68% de seus resíduos para a reciclagem e devem obter a certificação em breve. A iniciativa, baseada nos princípios da economia circular e ESG (Ambiental, Social e Governança), inclui ações como compostagem de resíduos orgânicos, eliminação de descartáveis plásticos, reuso de materiais e parcerias sociais que destinam recicláveis a cooperativas e projetos beneficentes. A certificação, concedida pelo Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), reflete os avanços dos empreendimentos do grupo na redução do impacto ambiental e na valorização da cadeia de reciclagem, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a comunidade local.

Projeto Resíduo Tem Valor. O Grupo Habitasul desenvolve o projeto “Resíduo Tem Valor”, em que são realizadas ações em cada um dos negócios ou todos juntos. Os times participam de ações promovidas pela cidade como Semana Lixo Zero, Missão Lixo Zero, e iniciativas internacionais como a Clean up the World (Limpar o Mundo).

 

Foto: Acesso a praia de Jurerê em Florianópolis / Crédito: Janine Alves (arquivo pessoal)

Mau exemplo

Há poucos metros de um ótimo exemplo em relação aos cuidados com o meio ambiente do Grupo Habitasul, a canalização improvisada para drenagem rompe e deixa amostra de água e o mau odor que passa pela vegetação de restinga da praia de Jurerê e chega ao mar sem nenhum cuidado prévio. Depois não adianta divulgar que a culpa dos problemas de saúde causados na população local e nos turistas em Florianópolis é culpa do queijo coalho. Melhor do que dar uma justificativa sem estudo técnico ou científico é buscar que os órgãos de fiscalização tenham estrutura e profissionais suficientes para o cumprimento de suas funções.

 

 

Foto: Rua Buriti, Itacorubi / Crédito: Janine Alves (acervo pessoal)

Polêmica

O prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, tomou as redes sociais para anunciar a construção de uma avenida beira-mar na Praia dos Ingleses, justificando a obra como uma solução para dar fluidez ao trânsito e conectar a região à Praia do Santinho. De um lado, moradores preocupados questionam a real motivação da obra, pois acreditavam que o recente alargamento da faixa de areia visava ampliar o espaço para banhistas. Alguns chegaram a sugerir alternativas ao projeto. Do outro, o entusiasmo do setor da construção civil e daqueles que veem a obra como sinônimo de desenvolvimento — sem considerar a gravidade dos eventos climáticos recentes que também afetaram Florianópolis. Mas como justificar um empreendimento dessa magnitude enquanto ainda há infraestruturas essenciais aguardando reconstrução, como a Avenida dos Buritis – no bairro do Itacorubi, que desmoronou em janeiro e segue em risco diante de novas chuvas torrenciais? Enquanto o mundo avança na adoção de soluções como cidades-esponja para mitigar desastres ambientais, por aqui, o discurso parece ser o de acelerar o desenvolvimento a qualquer custo ambiental.

 

Foto: Mario Cezar Aguiar, Presidente da Fiesc / Crédito: Filipe Scotti.

O Congresso á serviço de quê ou de quem?

O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, criticou em artigo publicado no Notícias do Dia a disparidade entre os regimes de trabalho no Brasil, destacando a insalubridade da escala 6×1, que impõe longas jornadas aos trabalhadores da iniciativa privada, enquanto o Congresso aprova privilégios. Aguiar questiona a falta de debate sobre as condições de trabalho da maioria da população, ressaltando que, enquanto milhões de brasileiros enfrentam baixa produtividade, alta carga tributária e infraestrutura precária, o Senado institui uma escala de 4 dias de trabalho por 3 de folga, sem critérios de meritocracia ou eficiência. Para o presidente da FIESC, a medida evidencia a desconexão do setor público com a realidade dos trabalhadores, aprofundando desigualdades e ignorando desafios estruturais do país.

Medida criticada: O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), assinou uma portaria que concede aos servidores de áreas estratégicas da Casa uma escala de trabalho 4×3, ou seja, um dia de folga a cada três trabalhados. O benefício será aplicado a setores como Gabinete da Presidência, Secretaria-Geral da Mesa e Consultorias Legislativa e Orçamentária, entre outros. A licença será limitada a 10 dias consecutivos, com um máximo de 20 dias acumulados. Além disso, atestados médicos e outras licenças não contarão para o cálculo da jornada.

 

Aumento do piso salarial em SC

O piso regional de Santa Catarina foi atualizado em 7,27% após consenso entre empregadores e trabalhadores em reunião realizada nesta quinta-feira (06/03/2025). As novas faixas salariais passam a ser de R$ 1.730, R$ 1.792, R$ 1.898 e R$ 1.978, dependendo do setor de atuação. Agora, a proposta segue para o governo do estado, que enviará um projeto de lei à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) para aprovação. O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, destacou a importância do diálogo entre as partes, garantindo a manutenção do modelo catarinense de negociação direta, único no país. O coordenador sindical do DIEESE-SC, Ivo Castanheira, também ressaltou o avanço da negociação coletiva e o impacto positivo do reajuste para os trabalhadores.

 

 

Foto: Karen Schafer, mentora comportamental de finanças e investimentos / Crédito: divulgação.

Dia Internacional das Mulheres

O 2º Café das Leoas, que acontece no Dia Internacional da Mulher (08/03) no LK Design Hotel, em Florianópolis, reunirá empresárias e profissionais para uma manhã de networking, pitchs de negócios, palestras e ação social. Idealizado pela mentora comportamental de finanças e investimentos Karen Schafer, o evento busca fortalecer a conexão entre mulheres de sucesso, promovendo oportunidades de aprendizado e trocas estratégicas para o crescimento profissional. A programação contará com discussões sobre automação, investimentos e empoderamento financeiro, além de uma palestra especial de Diego Paz, diretor da Hoos CRM & Vendas. Com uma abordagem dinâmica e interativa, o encontro também terá um pitch exclusivo para empreendedoras apresentarem seus negócios. Além do foco empresarial, as participantes poderão contribuir com doações de produtos de higiene e limpeza para a Casa Lar Semente Viva. A expectativa é que esta edição supere o sucesso da anterior, reforçando o impacto do evento na construção de uma rede feminina de apoio e crescimento.

 

 

 

Foto: advogado João Paulo de Mello Filippin, secretário-geral e presidente da Comissão de Direito e Tecnologia do Iasc / Crédito: divulgação.

Inteligência Artificial

O Instituto dos Advogados de Santa Catarina (Iasc) promove, nos dias 12 e 13 de março, o workshop “Inteligência Artificial (IA) na Advocacia com ChatGPT”, na Unisul, no Centro de Florianópolis. O evento, ministrado pelo advogado João Paulo de Mello Filippin, secretário-geral e presidente da Comissão de Direito e Tecnologia do Iasc, será presencial e gratuito para associados adimplentes, exigindo notebook para participação. O curso abordará desde aspectos regulatórios da IA na advocacia até a aplicação prática da tecnologia para otimizar o exercício profissional. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail iascsecretaria@gmail.com. A iniciativa conta com o apoio da Unisul e da Federação Nacional dos Institutos dos Advogados do Brasil (Fenia).

 

 

 

Foto: Eduardo Valente / GOVSC

Movimentação nos portos surpreende

Os portos de Santa Catarina registraram um crescimento de 6,6% na movimentação de contêineres em 2024, totalizando 2,56 milhões de TEUs, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O Porto Itapoá teve destaque, com um aumento de 12,6%, atingindo 1,2 milhão de contêineres, enquanto a Portonave, líder na movimentação, registrou 1,208 milhão de TEUs, apesar de uma queda de 4,7% devido a obras. O Porto de Imbituba teve a maior alta percentual, 70,4%, com quase 50 mil TEUs movimentados. Já o Porto de Itajaí iniciou sua recuperação, movimentando 37,67 mil contêineres, após enfrentar um período crítico. Apesar do avanço, a infraestrutura portuária segue como um desafio, com a BR-101 sobrecarregada e necessidade de investimentos urgentes para sustentar o crescimento do setor.

 

Foto: Profª Drª Stella Hiroki / Crédito: reprodução.

Cidades Inteligentes

A Associação dos Conselhos Profissionais de Santa Catarina (ASCOP/SC) e o CRBio-09 promovem, no dia 11 de março, às 19h, no auditório do CRA-SC, a palestra “Cidades Inteligentes – Uma Perspectiva Brasileira”, com a Profª Drª Stella Hiroki. A especialista abordará como dados urbanos e Inteligência Artificial podem tornar as cidades mais eficientes e sustentáveis, apresentando exemplos nacionais e internacionais, com foco em municípios de pequeno e médio porte e áreas rurais. O evento é gratuito e as vagas são limitadas. Inscrições pelo link na bio. Uma oportunidade de explorar soluções inovadoras para o desenvolvimento urbano em Santa Catarina. Inscrições no link:  Palestra Cidades Inteligentes: uma perspectiva brasileira.

 

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Mudança no Pix

O Banco Central (BC) anunciou novas mudanças no Pix, reforçando os mecanismos de segurança e prevenção contra fraudes. Agora, instituições financeiras e de pagamento participantes deverão garantir que os nomes vinculados às chaves Pix estejam em conformidade com os registros da Receita Federal, excluindo CPFs e CNPJs com status irregular. Além disso, o BC proibiu alterações em chaves aleatórias e a reivindicação de posse de chaves do tipo e-mail, permitindo apenas mudanças em chaves vinculadas a números de celular. A nova regulamentação também flexibiliza a devolução de valores em dispositivos não cadastrados, corrigindo restrições anteriores. As medidas fazem parte do esforço contínuo do BC para manter a segurança do sistema, sem impactar a experiência dos usuários.

 

Fonte: Boletim Focus – Banco Central do Brasil

Expectativas do mercado

O cenário econômico para 2025 ainda é desafiador, com projeções de inflação acima da meta (4,99%), Selic elevada (14,75%) e crescimento moderado do PIB (3,49%), refletindo os efeitos da política monetária restritiva. No entanto, as expectativas do mercado indicam uma trajetória de ajuste nos anos seguintes, com inflação em desaceleração e queda gradual dos juros, permitindo maior equilíbrio entre controle inflacionário e atividade econômica. O dólar deve permanecer pressionado em 2025 (R$ 6,00), mas tende à estabilidade no médio prazo. Se confirmadas, essas projeções reforçam a confiança no sucesso da política monetária e na recuperação econômica até 2028.

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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