SC lidera crescimento industrial no país em 2024, mas FIESC prevê desaceleração em 2025
Santa Catarina registrou o maior crescimento da indústria brasileira em 2024, com alta de 7,7%, superando o avanço nacional de 3,1%, segundo o Ibge. O desempenho foi impulsionado pelo setor de bens de capital, que cresceu 17,1%, e pelo aumento do consumo de eletrodomésticos e vestuário. A fabricação de produtos de madeira também avançou 8,9%, enquanto o setor de móveis foi o único a apresentar retração (-6%). Apesar dos resultados positivos, a Fiesc alerta para uma possível desaceleração em 2025 devido à alta dos juros e à incerteza no comércio exterior, fatores que podem impactar a renda das famílias e as exportações.
Já as exportações de Santa Catarina atingiram US$ 844,87 milhões em janeiro de 2025, registrando um recuo de 2,67% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as importações cresceram 23,5%, chegando a US$ 3,3 bilhões. O destaque positivo foi o aumento das exportações de carnes de aves (12,9%) e suína (10,9%), enquanto a soja teve a maior queda, de 75,6%. Nos embarques, os Estados Unidos seguem como principal destino, enquanto a China lidera as importações, totalizando US$ 1,53 bilhão. Entre os produtos mais importados, o cobre refinado, fertilizantes nitrogenados e semicondutores registraram os maiores avanços. Os dados são do Observatório FIESC.
Os Estados Unidos seguem como o principal parceiro comercial de SC, sendo o maior destino das exportações do estado, que somaram US$ 110,26 milhões em janeiro de 2025. O país se destaca na compra de carnes, motores elétricos e tabaco, setores fundamentais para a balança comercial catarinense. No entanto, o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA acendeu um alerta para a economia do estado. Conhecido por sua política protecionista, Trump sinalizou que vai elevar tarifas de importação e isso pode impactar negativamente as exportações catarinenses. Em um cenário de maior barreira comercial, setores estratégicos como o agroindustrial podem enfrentar desafios adicionais, tornando diversificação de mercados e negociação de acordos comerciais ainda mais essenciais para Santa Catarina.
Fiesc projeta crescimento de 3,86% para setor de borracha e plásticos em SC. A Fiesc estima que o setor de borracha e plásticos em Santa Catarina crescerá 3,86% em 2025, acima da média industrial do estado (1,73%), mas abaixo dos 6,5% registrados em 2024. O avanço será limitado pela alta da Selic, prevista para 15%, impactando setores consumidores de embalagens industriais, como eletrodomésticos e vestuário. No entanto, o crescimento de 3% na renda das famílias e o ciclo da construção civil, que segue demandando insumos como tubos e conexões, devem minimizar os efeitos negativos da alta dos juros.
Alerta para a inovação. A Acate está monitorando os impactos da suspensão temporária do crédito descentralizado da Finep, que afeta empresas de tecnologia e inovação, especialmente em Santa Catarina, um dos estados mais ativos nos programas de financiamento. A paralisação ocorreu devido ao esgotamento do limite orçamentário previsto para o primeiro semestre de 2025, com a retomada dos recursos dependendo da votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) e da captação de verbas do Fndct. A Fiesc também expressou preocupação com a redução no orçamento do fundo, alertando para riscos à competitividade da indústria catarinense. A Acate segue dialogando com instituições do setor para garantir previsibilidade no fomento à inovação.
Weg fornecerá estações de recarga para shoppings. A Weg será responsável pelo fornecimento de estações de recarga para a nova rede de eletropostos da KARG, criada pela administradora de shoppings Allos. A iniciativa prevê 600 vagas de carregamento em três anos, com 200 já operando até março de 2025 em 13 shoppings espalhados pelo Brasil. Entre os locais contemplados estão centros comerciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus e Curitiba. O projeto reforça a expansão da mobilidade elétrica no país, que registrou um aumento de 89% nos emplacamentos de veículos eletrificados em 2024, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico.
Turismo
Recorde de turistas impulsiona economia. Itapema comemora uma temporada turística excepcional, impulsionada pelo aumento de visitantes estrangeiros, especialmente argentinos, que representaram 81% do total de turistas internacionais no estado, conforme levantamento da Fecomércio. Com uma população flutuante de 800 mil visitantes apenas entre dezembro e janeiro – dez vezes o número de moradores fixos –, a economia local colhe os frutos do movimento intenso em hotéis, comércio e serviços. O setor turístico projeta um crescimento ainda maior para a próxima temporada, impulsionado por investimentos em infraestrutura, como o alargamento da Meia Praia e a revitalização da orla, que prometem melhorar a mobilidade urbana, atrair novos negócios e valorizar o mercado imobiliário, consolidando Itapema como um dos principais destinos do litoral catarinense.
A Decathlon de Florianópolis se tornou a líder mundial de vendas da rede varejista, que opera em 76 países, impulsionada pelo grande fluxo de turistas argentinos que esvaziam suas prateleiras diariamente. Com preços que chegam a custar metade do valor praticado na Argentina, a unidade recebe entre 4 e 5 mil clientes por dia, sendo 90% deles argentinos. A superlotação da loja reflete diretamente a crise econômica no país vizinho, onde a disparada da inflação e a desvalorização do peso tornam o Brasil um destino de compras mais acessível. A alta demanda garantiu à unidade catarinense o recorde mundial de faturamento, reforçando a força do turismo de consumo na temporada.
Brasil
Novas medidas. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, sancionou recentemente o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 68/2024, convertido na Lei Complementar nº 214/2025, que estabelece a regulamentação das novas normas da Reforma Tributária aplicáveis à tributação sobre o consumo. Conforme explica o advogado Rodrigo Schwartz, do Núcleo Tributário e Aduaneiro da Menezes Niebuhr, a aprovação da LP representa um marco no ordenamento tributário brasileiro, mas impõe desafios significativos para a adequação dos contribuintes, especialmente diante das mudanças estruturais e da convivência temporária entre os dois regimes tributários. Por isso, ele recomenda aos empresários uma atenção especial às publicações oficiais e o acompanhamento jurídico especializado para mitigar riscos e garantir a conformidade com as novas obrigações.
Pisou na bola. O presidente Lula reforçou a posição do Brasil como líder ambiental global, mas gerou polêmica ao classificar os processos do Ibama como “lenga-lenga”, em meio ao debate sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial do Amapá. A fala contradiz a postura ambientalista que, tradicionalmente, é defendida pelos setores progressistas, enquanto os conservadores costumam minimizar os impactos ambientais, mesmo diante da emergência climática evidenciada por eventos extremos como furacões, chuvas intensas e ondas de calor recordes. O impasse entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental se intensifica, e a decisão sobre a viabilidade da exploração dependerá do equilíbrio entre sustentabilidade e a busca por recursos financeiros para a transição energética do país. Isso no ano em que o Brasil vai sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP, que será realizada em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025.
Brasil piora no ranking de corrupção em meio a falta de transparência e crescimento das emendas parlamentares. O Brasil caiu para a 107ª posição no ranking da Transparência Internacional, sua pior colocação desde a criação do índice, refletindo o aumento da percepção de corrupção. A ONG aponta a falta de transparência na execução do Novo PAC, a crescente ingerência política na Petrobras e o crescimento das emendas parlamentares, que saltaram para R$ 45 bilhões em 2024, comprometendo áreas essenciais como saúde e educação. Além disso, menciona a negativa do governo em atender pedidos de acesso à informação e o enfraquecimento do combate à corrupção, com anulações de investigações da Lava Jato. O relatório alerta para o avanço da “captura do Estado”, com o crime organizado exercendo maior influência sobre as instituições.
Inflação
Inflação de janeiro desacelera para 0,16%, menor taxa desde o Plano Real. O aumento dos alimentos impediu alívio no bolso, apesar da queda nas tarifas de energia elétrica. A alta de 0,16% foi a menor para o mês de janeiro na história do IPCA, superando as expectativas do mercado. A inflação acumulada em 12 meses ficou em 4,56%. Os preços dos alimentos subiram 0,96%, com cenoura, tomate e café liderando as altas. Já as tarifas de energia elétrica caíram 14,2%, com descontos de até R$ 49 para consumidores. As passagens aéreas aumentaram 10,4%, impactando o grupo de transportes, que subiu 1,3%. Combustíveis também tiveram alta de 0,75%, com destaque para etanol (1,82%) e diesel (0,97%).
Mas os consumidores podem ter uma percepção diferente da inflação, dependo do que compram e do local onde vivem.
O Custo de vida em Florianópolis é o mais alto do Brasil. O Dieese apontou um aumento no preço da cesta básica em 17 capitais brasileiras, com alta média de R$ 31,14 em janeiro de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024, alcançando R$ 714,65. Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Natal (RN) registraram as maiores variações, enquanto Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG) tiveram queda nos preços. Entre os itens que mais subiram, destacam-se o café em pó, que disparou até 91,52% em Goiânia, o leite integral e o pão francês, impactados pela menor oferta e pela valorização cambial. Já em Florianópolis, onde a inflação não é medida pelo Dieese, a Udesc calcula o Índice de Custo de Vida (ICV) – com base na mesma metodologia do Dieese, que registrou alta de 1,20% em janeiro de 2025, o maior aumento dos últimos quatro meses. O índice acumulado nos últimos 12 meses atingiu 6,63%, refletindo uma pressão maior sobre os preços na capital catarinense do que a média da inflação brasileira que foi de 4,56%. Essa variação reforça o impacto da inflação no bolso dos consumidores, especialmente nos itens básicos de alimentação e serviços essenciais.
O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central-BC nesta segunda-feira (10), elevou a projeção da inflação para 5,58% em 2025, acima dos 5,51% da semana passada. Já a estimativa de crescimento do PIB foi reduzida de 2,04% para 2,03%. Para os próximos anos, o Focus prevê crescimento de 1,7% em 2026, 1,96% em 2027 e 2% em 2028. A pesquisa, feita com economistas do mercado financeiro, é divulgada semanalmente pelo BC.
Café, um dos vilões da inflação, “pode ser fake”.
Café fake! Produto sem registro engana consumidores e reacende debate sobre substitutos alimentares. Circula nas redes sociais um vídeo alertando para o “cafake”, um produto que imita o café, mas contém impurezas como cascas, paus e palha, sendo vendido em embalagens similares às do café tradicional. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), esse “pó para preparo de bebida à base de café” não tem registro na Anvisa e não poderia estar à venda. O preço abaixo do mercado – R$ 13,99 por meio quilo – levanta suspeitas sobre a composição do produto. O caso evidencia uma tendência crescente em tempos de alta nos alimentos: a oferta de produtos que parecem os originais, mas não são, como bebidas lácteas em vez de iogurte, óleo composto no lugar de azeite e cremes culinários como alternativa ao creme de leite, ou mesmo recheio com sabor chocolate onde antes era chocolate. Outra estratégia freuqnecia é a redução com a manutenção dos preços. Embora esses produtos sejam permitidos por lei, nem sempre sua diferenciação é clara para o consumidor.
O café verdadeiro. De acordo com Abic, o café verdadeiro também pode conter pequenas impurezas resultantes do processo de colheita e beneficiamento, mas há um controle sobre sua composição. Segundo especialistas a torra exagerada é uma forma de “ocultar” tais impurezas, além de aumentar o amargos do produto. Entre os resíduos naturais que podem ser encontrados em pequenas quantidades estão cascas, mucilagem (a camada viscosa que envolve o grão), fragmentos de paus e palha. Esses elementos são removidos ou minimizados durante o processamento, garantindo que o produto final seja predominantemente composto pelo grão de café torrado e moído. Já no caso do “cafake”, a proporção dessas impurezas é significativamente maior, comprometendo a qualidade e descaracterizando o produto como café puro.
Licitações municipais
Nova Lei de Licitações. Florianópolis sediará, de 19 a 21 de fevereiro de 2025, o Pregoeiros Summit, maior evento do Brasil sobre licitações municipais, reunindo ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), especialistas e gestores públicos para discutir os desafios da Nova Lei de Licitações e Contratos. Com a participação confirmada dos ministros Antônio Anastasia e Benjamin Zymler, além de referências no setor como Joel de Menezes Niebuhr e Rafael Oliveira, o evento visa aprimorar a capacitação dos agentes públicos responsáveis pelas compras governamentais, promovendo maior eficiência e transparência nos processos licitatórios. A realização do Prêmio CEAP Brasil de Excelência em Licitações, que reconhecerá as melhores práticas na área, reforça o papel do evento na modernização das contratações públicas. Além do impacto direto na gestão municipal, a realização do Pregoeiros Summit em Florianópolis deve movimentar a economia local, impulsionando os setores de turismo, hotelaria e serviços durante o período.
Coleta de Lixo
CDL Florianópolis avança na coleta de lixo, mas cortes na Comcap exigem atenção. A CDL Florianópolis, em parceria com empresários da região central, implementou um projeto-piloto inovador para otimizar a coleta de lixo no Centro da cidade, utilizando carros coletores elétricos durante o horário comercial. Desde 15 de janeiro, a iniciativa garante maior eficiência na gestão de resíduos, recolhendo 10 toneladas de lixo por semana e reduzindo o acúmulo nas calçadas. O sucesso do projeto, inicialmente previsto para 30 dias, levou à sua ampliação. Além de promover uma cidade mais limpa, a ação fortalece a revitalização da região central, contribuindo para torná-la um shopping a céu aberto e estimulando a economia local. Parabéns a CDL pela inciativa, porém é necessário olhar com atenção para onde o calo aperta na gestão do Lixo e que não necessariamente se refere a Comcap, mas aos cortes de verbas para a autarquia municipal.
Trabalho
SENAI/SC registra crescimento de 19% nas matrículas em cursos profissionais. Mais de 208 mil estudantes frequentaram os cursos profissionais do SENAI/SC em 2024, um aumento de 19% em relação aos 175 mil de 2023, reforçando a importância da qualificação para o mercado de trabalho. Com mais de 400 opções presenciais, semipresenciais e EAD, os cursos abrangem áreas como alimentos, construção civil, eletrônica, automação, logística e tecnologia da informação. Além disso, os cursos técnicos também tiveram alta, passando de 15,6 mil matrículas em 2023 para 18,4 mil em 2024, formando profissionais especializados em setores como vestuário, eletrônica, manutenção automotiva e desenvolvimento de sistemas.
Santa Catarina liderou a contratação de trabalhadores estrangeiros no Brasil em 2024, com um saldo positivo de 18.900 contratações, representando 26,6% do total nacional. Venezuelanos foram a maioria, correspondendo a 74,7% das admissões estrangeiras no estado. O governador Jorginho Mello destacou a segurança pública e as oportunidades econômicas como fatores de atração para esses profissionais.
Feirão de empregos com 3,2 mil vagas neste sábado (15). Jaraguá do Sul sediará, no próximo sábado (15), um feirão de empregos com 3,2 mil vagas em 87 empresas dos setores de indústria, comércio e serviços. O evento acontece das 8h às 15h, na Arena Jaraguá, com entrada gratuita e sem necessidade de cadastro prévio. Haverá oportunidades para pessoas com deficiência e menores aprendizes, além de cursos gratuitos de qualificação profissional oferecidos por 10 instituições de ensino. Para facilitar o acesso, uma linha especial de ônibus sairá do terminal a partir das 6h40. O evento é organizado pela Prefeitura de Jaraguá do Sul, com apoio da Fiesc, Sesi/SC, Senai/SC, Acijs, Senat, Apevi, Abrh, Sebrae, Cdl, Senac e Sesc.
