Por Ricardo Haag*
As redes sociais fazem parte do nosso dia a dia, seja em maior ou menor grau, a depender da rotina e afinidade de cada um. Muito mais do que plataformas de entretenimento, elas passaram a desempenhar um grande protagonismo no mercado corporativo, sendo explorada para fins de networking, contratações, dentre outras aplicações. Por mais que seus benefícios às empresas e aos profissionais sejam inegáveis, a presença nestes meios pode impactar as carreiras e contratações de muitos talentos, em uma influência que precisa ser claramente compreendida para que este acesso não gere impactos negativos às partes.
Em uma época anterior ao avanço da digitalização, era muito comum ouvirmos diversas recomendações de não misturarmos nossa vida pessoal com a profissional. Afinal, cada uma era tida como algo separado e que, teoricamente, não deveria influenciar a outra. Porém, com o crescimento da tecnologia em nosso cotidiano, hoje, é praticamente impossível dissociar, por inteiro, uma da outra.
Cada vez mais executivos e profissionais de recrutamento e seleção pautam as decisões de contratação baseados no perfil e comportamento dos candidatos expostos em suas redes sociais. Em dados da ResumeBuilder, como prova disso, 74% dos entrevistados disseram que analisam as páginas dos candidatos durante este processo – algo que, por mais que, em um primeiro momento, possa parecer negativo, não deve ser encarado dessa forma.
As redes sociais trazem a público os bastidores de nossas vidas que precisam, sim, serem levados em consideração em um processo seletivo. Essas informações ajudarão a identificar se seu perfil e ideais são compatíveis com os defendidos pela empresa. Verificar esse match pode evitar frustrações enormes no futuro, além de elevar as chances de contratar um talento que tenha afinidade e que esteja com esses pontos para um desempenho frutífero.
O mesmo benefício de acesso deve ser usufruído pelo candidato. Até porque, as marcas também possuem suas contas em redes sociais, onde costumam divulgar seus projetos, culturas, valores, dentre tantas ações e rotinas com os times – o que também favorece que o profissional tenha uma melhor visão sobre aquele ambiente e se possui interesse em fazer parte deste ecossistema.
Estamos em uma era de extrema conectividade, onde as redes sociais precisam ser compreendidas como plataformas de acesso público. Aqueles que não se sentem confortáveis em expor suas vidas online, sempre podem ter a opção se privar suas contas ou, simplesmente, não serem tão ativos nestes canais o que, consequentemente, reduzirá o acesso a tais informações perante recrutadores.
Já para aqueles que são mais ativos nesses meios, ao mesmo tempo que todos temos nosso direito de se expressar frente a quaisquer assuntos, também é preciso compreender que esses posicionamentos poderão ser levados em consideração em um processo seletivo, servindo de base para evitar contratações que não tenham sinergia frente aos valores defendidos e buscados pelo negócio.
Nesse sentido, a consciência e coerência são as grandes palavras de ordem a ser seguida por ambos os lados. Consciência em entender que não há por que levar as redes sociais como influências negativas em um recrutamento – visto que elevam as chances de uma contratação assertiva – e coerência em, a partir disso, saber em como se posicionar publicamente considerando este possível impacto.
Ao invés de serem ameaças à carreira, essas plataformas podem ser grandes apoiadores para o sucesso profissional, apoiando no maior entendimento de uma possível sinergia entre as partes. Caso essas visões sejam distintas, também encare como algo positivo, de forma que evitem frustrações inevitáveis em uma possível contratação. No final, é como se fosse um flerte de relacionamento, onde, por meio delas, os interessados decidirão se querem dar uma chance para firmar um possível casamento sólido e longínquo.
*Ricardo Haag é sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.