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Do boko moko ao cringe

Do boko moko ao cringe

Afinal o que é cringe? Esta foi a pergunta mais ouvida e a expressão mais pesquisada nos sites de busca nas últimas semanas. Em tempos de redes sociais é assim: uma palavra (em inglês) pode viralizar do dia para a noite.

Numa tradução mais literal cringe  significa “vergonhoso” e virou gíria para definir vergonha alheia pelo mau gosto dos outros. Precisamos de outros conceitos para entender melhor de onde surgiu. A geração Z  – aquela de quem nasceu entre 1995 e 2010- listou coisas que acha cringe nos millennials , os nascidos entre 1980 e 1994. Nela aparecem coisas como gostar de café, de Harry Potter e Friends. Vestir sapatilhas e calça skinny  também é considerado cringe pela turma Z.

Bem, imagino que vocês já tenham lido sobre tudo isso nos últimos dias, mas decidi falar no assunto porque o cringe ficou tão famoso que a publicidade já se apropriou do termo. Isso me lembrou de uma expressão dos anos 70 que fez o caminho inverso. Uma agência criou o termo boko moko para uma marca de guaraná, como sinônimo de cafona. Não sei que nome dão à minha geração ( jovem guarda, talvez), mas nós, os descolados de então, trocamos imediatamente o cafona pelo boko moko. Popularizou-se nacionalmente antes da existência de redes sociais. Falávamos “ fulano é um boko moko mesmo”!

Se puxar pela memória talvez  eu consiga lembrar detalhes do que nos fazia rotular alguém assim. Seja como for, logo a expressão também ficou fora de moda, como vai acontecer com sua nova versão. Até lá surgem memes, testes e artigos como “o que é considerado cringe no trabalho em home office “ou“ evite o cringe no primeiro encontro”.

O que nos faz gostar de apontar o que consideramos de mau gosto nos outros, deixo para os psicólogos desvendarem. Mas, como se nota, isso acontece geração após geração. Boko moko, mico, vergüenza ajena e, em breve, sabe-se lá que expressão vão inventar porque cringe já está virando…cringe!

Pra encerrar, não vou dizer o que acho dos outros. Faço um exercício de imaginar o que os outros podem ver em mim como cringe. 

– Adoro ouvir Gipsy King`s

– Ainda acho bonito combinar cor da bolsa e sapato

– Gosto de uva passa no arroz

– Assisto concurso de Miss Universo

– Acho elegante usar meia-calça transparente

– Curto todo tipo de badulaques natalinos

– Ainda uso gírias como bárbaro, bacana e jóia quando gosto de algo

  Etc…etc..etc…

E você, leitor, o que acha cringe? Conta aí.

(Brígida De Poli)

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DICAS

 

Séries

Manhãs de setembro – 1ª temporada – Prime Vídeo

Vários filmes, séries e documentários sobre o tema LGBTQIA+ foram lançados em junho, mês internacional do orgulho gay. Dentre essas produções uma bela surpresa foi a série brasileira “Manhãs de Setembro”. Em cinco episódios, a minissérie conta a história de Cassandra, uma mulher trans que trabalha como motogirl e faz cover da cantora Vanusa ( o título, “Manhãs de setembro”, se refere a um conhecido sucesso da artista). Tudo parece estar indo bem até que uma ex-namorada bate na sua porta com um garoto de dez anos que ela diz ser filho de Cassandra.  Dá pra imaginar a reviravolta causada na vida dela que jamais imaginou alguém a chamando de “pai”.

Já conhecia e admirava Liniker como cantora e compositora.  Foi uma boa escolha para o papel, já que ela conhece a questão da mulher trans na pele.

 

The Handmaid`s Tale – 4ª temporada – Canal Paramount+

Já tinha avisado aqui sobre  a nova temporada da  famosa série baseada nos livros da canadense Margareth Atwood, que ela mesma define como “ficção especulativa”. Volto ao assunto agora depois de ver os dez episódios. Em uma palavra: detestei.

Acho que levaram a questão da violência contra as mulheres de Gilead – a sociedade religiosa criada após o assassinato do presidente americano por terroristas- a um patamar quase oportunista. Não gostei do desfecho, envolvendo o terrível comandante Fred Waterford também. A maioria dos fãs de O Conto da Aia não deve concordar comigo, pois já foi aprovada a produção da 5ª temporada. E lá vamos nós ver a excelente Elizabeth Moss no papel agora não mais de vítima dos fundamentalistas que transformavam mulheres em propriedade, mas de June, a Justiceira.

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Filmes

Programação do Cine Belas Artes à la Carte em julho

Não consegui escolher apenas uma entre as novidades do Belas Artes! Tem muita coisa boa para quem ainda não viu ou quer rever esses filmes ótimos. Selecionei dois, mas tem outros tão bons quanto: Retorno a Howard´s End, A grande ilusão, JFK:A pergunta que não quer calar…

 

Maurice – direção: James Ivory – 1987

Dois amigos britânicos se apaixonam um pelo outro no colégio em Cambridge do século XIX. Para obter seu lugar na sociedade após ser expulso, Clive (Hugh Grant) entra no mundo dos negócios e se casa com Anne (Phoebe Nicholls). Sem perspectivas, Maurice (James Wilby) decide visitar a casa de campo do ex-amante em busca de repouso e de um psicanalista. Porém, ele acaba se envolvendo com o encarregado da caça, Alec (Rupert Graves). (Sinopse:Adoro Cinema)

Obs: O filme acabou ganhando o Leão de Prata no Festival de Cinema de Veneza e deu o prêmio de Melhor Atores para Hugh Grant e James Wilby.

 

O rei da comédia – direção: Martin Scorsese – 1982

Scorsese conseguiu reunir Jerry Lewis e Robert DeNiro nessa comédia ácida e longe do politicamente correta. Lewis interpreta um comediante famoso, seqüestrado pelo aspirante a ator vivido por DeNiro. O que ele quer é um espaço no programa do famoso para mostrar seu talento de comediante. É incrível ver dois talentos como esses juntos, pois na época DeNiro era “o cara”. Depois virou caricatura dele mesmo, na minha opiniãozinha.

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Telecine – Now/Net

Quem não é assinante pode aproveitar o sinal aberto do Telecine. O canal oferece desde clássicos como “O silêncio dos inocentes” até seleção dos filmes de James Bond, além de títulos mais recentes. É só se aninhar no sofá, com uma mantinha nos joelhos e aproveitar.

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BÔNUS

01 a 07 de julho

Para quem está com saudades da sala escura e da tela grande, o Cine Paradigma de Florianópolis está reabrindo com vários filmes franceses: “A boa esposa” (14h), “Alice e o prefeito”( 16h30), “ Os melhores anos de uma vida” (18h30) e “Um divã na Tunísia”(20h20).

Obs: Sábado não haverá a sessão das 14h.

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THE END

(*) Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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