Adriana Ferronatto, jornalista por profissão e padeira por vocação, deixou a correria e a pressão da carreira nas redações dos jornais, para colocar literalmente a mão na massa. Não foi apenas uma mudança na carreira, mas uma mudança radical no estilo de vida. Uma breve história de uma pequena empresa que nasceu sob a inspiração de uma mulher empreendedora.
Na corrida incessante das redações de jornais, Adriana era conhecida carinhosamente como “Adri”, uma líder que guiava seus colegas com a mesma generosidade com que encarava cada notícia. No entanto, a vida a levou para a um destino inesperado: do jornalismo ao mundo da panificação. Ao lado do marido João, sempre preparado para entregar o pão quentinho e no horário combinado, ela inaugurou o Pão da Adri, uma padaria artesanal que produz pães caseiros e de longa duração, na praia do Campeche, Sul da Ilha, aqui em Florianópolis. Sua mudança de trajetória não trouxe apenas uma nova profissão, mas um compromisso enraizado na sustentabilidade e na paixão pela arte do pão. Um dia ela se questionou sobre a própria rotina:
“e se você pudesse passar o dia fazendo só o que gosta? Se todos os dias fossem feitos de acordar, passar um café bem forte, por sua música predileta para tocar e começar com a diversão? Eu sou a Adri, Adriana, uma privilegiada que hoje dedica suas horas e energia ao que ama, à arte de fazer pão. Arte, Adri? Bem, se arte é mesmo uma atividade humana ligada às manifestações de ordem comunicativa (Uhuuuul! Chique!), sim! Ofereço minha própria história em cada pão que sai da minha cozinha simples, enxuta, carinhosa”. Adriana Ferronatto, jornalista e padeira.
Nas páginas da sua nova jornada, ela encontrou a “gastronomia sustentável”, um conceito que ecoa respeito pelo meio ambiente, saúde e cultura. Essa filosofia se tornou o coração das suas criações, inclusive no processo produtivo do pão. Utilizando ingredientes orgânicos, equipamentos eficientes em energia e água, e reduzindo o desperdício, ela reinventou a fabricação de pães para refletir valores de responsabilidade e cuidado com o planeta.
“A gastronomia sustentável é uma tendência mundial. É mais do que uma moda, é a farinha orgânica, é a entrega de bicicleta, é a preferência pela embalagem de papel, dá preferência para o fornecedor local. Plantar! A gente e tem aqui em casa o alecrim, o manjericão e outros temperos. Usamos muito tomatinho cereja, então a gente procura comprar também do fornecedor local. Tudo que encontramos no comércio aqui e é produzido na nossa região vale a pena. A gastronomia sustentável é isso, é você pensar na saúde em busca de uma alimentação mais saudável para todo mundo”. Adriana Ferronatto, jornalista e padeira.
A visão de Adriana sobre a gastronomia sustentável transcendeu o pão. Para ela, esse movimento é mais que uma tendência; é uma busca pela saúde e uma declaração de respeito ao meio ambiente. Em seu Pão da Adri, junto ao seu marido, que entrega pães quentinhos de bicicleta, ela se comprometeu a priorizar fornecedores locais e ingredientes saudáveis. Seus pães se tornaram veículos de qualidade nutricional e valores éticos.
A mudança de carreira de Adriana – de uma respeitada jornalista a uma padeira apaixonada – foi uma transformação radical. No entanto, sua habilidade em liderança, acumulada ao longo dos anos em redações de jornais, continua evidente na gestão da sua padaria artesanal. Cada pedaço do Pão da Adri conta sua história, e sua dedicação à qualidade ecoa nas palavras “fermentação longa”. Ela encontrou uma maneira de combinar sua experiência jornalística com sua paixão pela culinária sustentável.
Adriana não apenas fez uma mudança de profissão, ela abraçou um estilo de vida que espelha seus valores e desejos mais profundos. Do jornalismo ao pão, ela encontrou uma maneira de contar histórias não apenas com palavras, mas também com ingredientes. Cada pão, cada prato, é uma narrativa da sua jornada, uma jornada que nos inspira a buscar nossa paixão e abraçar a sustentabilidade em todos os aspectos da vida.
A história de Adriana Ferronatto é uma, dentre tantas outras, que ilustram o crescimento e contribuição econômica do empreendedorismo feminino em Santa Catarina. As mulheres representam 35% do total de empreendedores no Estado, segundo dados do Sebrae Nacional. Com mais de 400 mil mulheres à frente de negócios. Em 2020, as mulheres empreendedoras já representavam 33% dos empreendedores catarinenses, destacando uma tendência de crescimento progressivo.
Mulheres empreendedoras estão presente em uma ampla gama de setores econômicos, com maior concentração em áreas como serviços, comércio e educação. Além disso, elas têm demonstrado uma inclinação mais forte para trabalhar de forma independente, destacando sua resiliência e adaptabilidade.
A necessidade tem sido um dos principais fatores motivacionais para as mulheres empreendedoras no estado. Muitas delas são chefes de família e enfrentam desafios no mercado de trabalho, incluindo a discriminação de gênero e desigualdade salarial. No entanto, essas mulheres também aproveitam suas vantagens, como inovação, flexibilidade e um forte senso de propósito.
O crescimento do empreendedorismo feminino em Santa Catarina traz consigo um impacto positivo para a economia estadual. Essa tendência é uma resposta à necessidade e à determinação das mulheres catarinenses de superar obstáculos e criar oportunidades, demonstrando a resiliência e a importância do empreendedorismo feminino para a sociedade como um todo.