
Liberdade de opinião é um direito, mas contar uma mentira e dizer que é livre expressão é uma distorção. À medida que a crise aumenta, da saúde à institucional, surgem mais desvios no uso dos espaços editoriais na tentativa de turvar nossa atenção. E não é só na internet.
O campeão da semana, capaz de estimular a vergonha alheia, foi Alexandre Garcia. Ele disse na CNN, em um programa matinal que ainda lhe resta na TV, que “segundo estatísticas, jovens não precisam tomar a segunda dose da vacina”. Um minuto depois, o canal desmentiu o comentarista em nota dizendo que ele não expressa a opinião da emissora.
A pergunta que ainda não tem resposta é porque a CNN mantém o jornalista que diariamente dissemina fake News. Um canal que se diz líder em independência não deveria se sujeitar ao retrocesso de mentiras travestidas de opinião.
Tem outros
Não é só Alexandre que destoa. A menor distração e a gente leva um susto diante de opiniões controversas. As pautas são as mesmas geradas nos gabinetes do ódio em Brasília. Ofender os juízes do STF, por exemplo.
Esses ventríloquos, no entanto, fazem barulho apenas para uma minoria porque falta a eles audiência e credibilidade.
Avaí
O fato que mais chamou atenção na crônica esportiva da semana passada foi o protesto dos jogadores do Avaí. Eles fizeram um pacto de silêncio devido ao atraso dos salários e dos direitos de imagem.
As emissoras de rádio tratam exaustivamente o assunto, o que não deixa de ser estranho: nenhum repórter apareceu para acompanhar treinos. Ou seja, mesmo que os jogadores falassem não seriam ouvidos.
Reportagem
Há um grande vazio na reportagem esportiva no rádio. A CBN Diário não tem nenhum repórter esportivo ou de geral. A Guarujá ainda tem Cristian de Los Santos, que pelo menos tem ido aos estádios ver os jogos das cabines.
A pandemia serve de desculpa para encobrir a desconsideração com a função básica do jornalismo, responsável por testemunhar fatos e cultivar fontes em busca da melhor informação.