
A Casa Militar do governo de Santa Catarina soube na véspera que a reunião entre o Fórum Nacional de Governadores e o presidente do Senado (e do Congresso), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nesta quinta (2), seria presencial e não haveria como participar de forma remota, pela internet.
Se a intenção já não era ir a Brasília para tratar do espinhoso momento de crise entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal, o governador Carlos Moisés desistiu de participar, até porque já havia avisado que a data era “ruim” em função de outros compromissos assumidos em agenda.
De fato, foi um efeito cascata, pois o governador João Doria Júnior (PSDB), de São Paulo, também evitou o encontro, assim como Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Claudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; e Rui Costa (PT), da Bahia – só para citar os maiores colégios eleitorais -; o que deixou Pacheco diante apenas de Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Wellington Dias (PT), do Piauí – presidente do Fórum -; Reinaldo Azambuja (PSDB), do Mato Grosso do Sul; Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo; Helder Barbalho (MDB), do Pará; e Romeu Zema (NOVO), de Minas Gerais.
Com o quórum inexpressivo, a tentativa de abrir o diálogo e distender a crise precisará de mais vitamina e entusiasmo para sair do papel, por isso Pacheco limitou-se a reforçar conceitos que já divulgou, de que a democracia é inegociável, um ativo do país, e que a tentativa dos chefes de Executivo estaduais não é de “fulanizar” mas de “buscar convergências respeitando divergências”.
Bolsonaro deve estar dando risada da tentativa com tiro na água dos governadores, que minguou para não usar a palavra fracasso sem conhecer as repercussões futuras.
No bolso, no braço e no estômago
Além da pauta política e institucional, os governadores levaram a Pacheco um pedido para que o Senado faça a intermediação em busca de mais vacinas contra a Covid-19, que deve ser feita com o Ministério da Saúde.
Em outro ponto, os governadores pediram a interferência do Congresso para tentar frear o aumento de preços de combustíveis, da cesta básica e da energia e ainda o cuidado com temas como a reforma do Imposto de Renda e a PEC dos Precatórios.
Pacheco disparou que “nosso inimigo é o preço do feijão, da gasolina, da luz elétrica. Temos que discutir isso no Brasil e não perdermos tempo com aquilo que não convém”, uma alusão à defesa de pontos polêmicos por Bolsonaro.
Razões
Doria tinha mais motivos para não ir ao encontro de Pacheco, considerado virtual candidato ao Planalto, portanto, um concorrente do atual governador de São Paulo.
Certamente O mesmo pensamento do gaúcho Eduardo Leite.
Nova sigla
A fusão entre PSL e DEM, que criará a maior bancada no Congresso, com maior Fundo Partidário e Fundo Eleitoral, cai como uma luva para deputados estaduais e federais que pretendem trocar de partido sem perda de mandato, sem contar os vereadores, que poderão vir de outras fileiras.
A mudança estaria certa nos bastidores e o vazamento provocará uma manifestação oficial das duas siglas ainda esta semana.
A nova sigla deve evitar a saída do presidente do Congresso Rodrigo Pacheco, que estava de malas prontas para o PSD, com o aval do presidente Gilberto Kassab.
E por aqui
O maior beneficiado da fusão será o prefeito Gean Loureiro, de Florianópolis, que ganhará musculatura em uma sigla mais forte e que pretende ser a maior do pais.
Isso não afasta Gean de resolver o dilema de procurar outras siglas para compor, além de Republicanos e PSC, que ele já conta como aliados, tendo o PSD e o Podemos como parceiros essenciais, amas as agremiações representadas na administração municipal.
Competência
Senador Esperidião Amin (PP) informa que ficou para o dia 27 de setembro, às 10 horas, a sessão de Debates Temáticos para debater a competência legal dos Tribunais Regionais Eleitorais para apurar os resultados das eleições nos estados.
A questão está na crítica à centralização adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que, de acordo com o senador catarinense, provocaram, entre outros fatos, a lentidão totalização dos votos em 2020, por isso Amin, que apresentou o requerimento, sugere as presenças do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, e de Augusto Aras, procurador-geral da República.
O argumento da Justiça Eleitoral é o de que a totalização é feita nos estados, mas só o TSE abre a torneira com os resultados na hora de divulgar.
Biografia
O senador Jorginho Mello (PL), vice-líder do governo Bolsonaro, salvou a biografia e votou contra a minirreforma trabalhista, que previa a contratação sem direito a férias, 13º salário e FGTS, pontos pra lá de polêmicos do jabuti incluído na matéria.
Jorginho, fiel escudeiro do presidente, não foi o único, pois a proposta foi torpedeada no Senado com o apoio de Esperidião Amin (PP) e Dário Berger (MDB).