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Homens em guerra

Homens em guerra
Sebastian Urzendowsky e Jannis Niewohner em O Desertor

Oi, cineseriéfilos, tudo bem com vocês? Já tiveram coragem de voltar às salas de cinema? Acho que vou esperar o novo filme do Pedro Almodóvar para retornar. Para quem ainda está só no streaming aqui vão algumas sugestões. Temos produções sobre a segunda grande guerra, sobre a guerra das gigantes da informática e a de gangues também; um remake respeitoso ao seu original, as memórias de infância de um grande escritor colombiano e a estreia da seção “depois não digam que não avisei”!

Escrevam contando o que vocês estão vendo que a coluna terá prazer em publicar. Não sejam tímidos.

E vamos ao que interessa…

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SÉRIE

Batalha bilionária: o caso Google Earth – Netflix – 2021

Depois de “A Rede Social” (2010) mostrar o lado pouco ético da ascensão do Facebook, na pele de Mark Zuckerberg, chegou a vez do cinema expor as entranhas da criação do Google Earth. Esta minissérie alemã conta a história dos dois jovens inventores – um artista gráfico e um hacker – que criaram o Terravision em 1994, lutando pelo reconhecimento como criadores do algoritmo que roda o Google Earth. Eles e uma equipe de outsiders usaram métodos pouco ortodoxos para concluir o projeto. Mais adiante, a gigante Google passou a perna neles. Passou? Isso é o que vamos descobrindo a cada episódio, cujo eixo é o julgamento do caso.


Silicon Valley – 6 temporadas – HBO

A história do Google Earth me fez lembrar desta comédia que até já recomendei aqui na coluna. Ela gira em torno de um grupo de programadores que tenta o sonho de todos no Vale do Silício: criar um aplicativo que os torne milionários. O líder da equipe é brilhante na criação, mas atrapalhadíssimo na gestão do negócio. O texto é bem ácido ao mostrar a guerra de egos e de puxada de tapetes comuns nessa área. A abertura mostra uma espécie do mapa do Vale do Silício, onde aparecem as gigantes: Google, Facebook, Apple, Yahoo, YouTube… É das poucas comédias em série que realmente gostei.

 

O desertor – minissérie – Film&Arts – 2020

Outra produção alemã interessante, desta vez baseada nos relatos de Siegfried Lenz sobre suas experiências como desertor nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial. O jovem Walter Proska, personagem fictício, está prestes a retornar à Frente Oriental quando guerrilheiros explodem seu trem. Junto com um grupo disperso de soldados alemães, separados da frente, ele espera a morte, sob ordens de seu superior, o enlouquecido e sanguinário Willi Stehauf. O encontro de Proska com a guerrilheira polonesa Wanda e a amizade com um soldado alemão que pensa diferente fazem com que ele decida desertar. “O Desertor” foi escrito, em 1951, quando o autor tinha apenas 25 anos e decidiu manter sua história em segredo. Dois anos após a sua morte, em 2016, a obra foi descoberta e publicada, rendendo grande sucesso em toda Europa e Ásia. Apesar da polêmica, os livros de Lenz foram traduzidos para vinte e dois idiomas e venderam mais de vinte milhões de cópias.

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FILMES

O culpado – direção: Antoine Fuqua – Netflix – 2021

Quem acompanha a coluna sabe que sou inimiga pública dos remakes, mas esta refilmagem é bem honesta. O ótimo Jake Gyllenhaal interpreta Baylor, um detetive escalado para trabalhar como atendente no setor de emergência da polícia, como forma de punição. Ele está desconfortável na função, mas às vésperas de acabar seu “estágio”, recebe a ligação de uma mulher se dizendo sequestrada. Esta noite muda tudo. Movido pela culpa de algo que fez no passado, ele se envolve emocionalmente com o caso e chega a infringir regras para tentar salvar a mulher.

O filme é praticamente todo gravado em uma única locação: duas salas do mesmo andar em que Baylor está diante do computador atendendo as ligações das vítimas. Talvez isso tenha decepcionado o público da Netflix que prefere ação, tiros e bombas. Mas vale dar uma chance. Eu gostei.

 

Culpa – direção: Gustav Moller – Telecine – 2018

Quem preferir ir direto no original – ou comparar as duas versões – o suspense dinamarquês está disponível no Telecine. Ele foi escolhido pela Dinamarca a concorrer ao Oscar/2018 de Melhor Filme Estrangeiro, mas não chegou à finalista. Esnobado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas americana, ironicamente “Culpa” acabou sendo refilmado por Hollywood. Pois é…

 

A ausência que seremos – direção: Fernando Trueba – Netflix -2021

(*)Sugestão da querida jornalista Beatriz Azevedo.

Outro filme baseado num romance autobiográfico. Héctor Abad, um dos maiores escritores colombianos atuais, conta a história de seu pai, médico sanitarista e professor, defensor dos direitos humanos, assassinado pelos esquadrões da morte que se espalharam pela Colômbia nos anos 80. No cinema, o papel do médico coube a Javier Cámara, conhecido pelos filmes de Pedro Almodóvar.

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EXTRA

O Cine Belas Artes à la Carte e o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo disponibilizam filmes italianos recém-lançados e inéditos no circuito comercial até novembro. O acesso é gratuito por uma semana no À LA CARTE e as programações acontecem no canal do YouTube do Belas Artes.

A edição de outubro exibe o filme “O Grande Espírito/Il Grande Spirito”, de Antonio Padovan, entre os dias 22 e 28 de outubro.

E melhor ainda, dá pra conversar sobre o filme: o bate-papo ao vivo acontece no dia 27 de outubro às 18h30, no YouTube (aqui). 

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DEPOIS NÃO DIGAM QUE NÃO AVISEI …

Pelas sugestões que costumo publicar aqui vocês já sabem que não sou de fugir da raia em cenas de violência. Mas, o primeiro episódio da série argentina “Entre homens” (HBO) foi demais até para mim! Ambientada no submundo de Buenos Aires no final dos anos 90, mostra uma guerra de gangues por território, envolvendo também gente muito rica e importante. Não vou me estender, só digo que não verei o segundo episódio. Se alguém se arriscar, depois me conta. Só depois não digam que…

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Parabéns, Capitão

Acho que tudo mundo acompanhou a aventura, ao vivo, mas não posso deixar de registrar! Décadas antes do surgimento do streaming e do boom de séries como “Game of Thrones”, uma história seriada da NBC já fazia o maior sucesso no mundo inteiro. “Star Trek” – ou “Jornada nas Estrelas”- estreou em 1966, atravessou gerações e ganhou fãs apaixonados.

Um dos trunfos da série foi o elenco carismático. Coube ao canadense William Shatner o papel de James Kirk, o primeiro capitão da nave Enterprise. Ele se tornou um dos personagens mais queridos da TV, assim como Leonard Nimoy, o Dr.Spock, meu favorito; Nichelle Nichols, que interpretou  a tenente Uhura, a oficial de comunicações, e outros.

O brilhante golpe de marketing de Jeff Bezos ao colocar Shatner, aos 90 anos, no foguete “New Shepherd 18”, mexeu com as emoções dos trekkers acostumados a ver o Capitão Kirk no comando da Enterprise. Foi lindo ver a emoção do ator quando voltou à terra, como o homem mais velho a ir ao espaço. Ele descreveu o que viu como nenhum técnico ou cientista o faria. “Todos no mundo precisam sentir isso. Foi inacreditável. Rapidamente, o céu deixa de ser azul e escurece, e ao olhar para baixo é a Terra que fica azul. Nunca esperei [essas mudanças de cores]. Um azul que vai ficando tão claro e, em um minuto, fica escuro. De repente, se atravessa o azul e se passa a ver o escuro, enquanto a luz está lá embaixo”. Enfim, o Capitão James T. Kirk ultrapassou a fronteira final, como na versão de “Star Trek” para o cinema. Ou seria a penúltima? Longa vida ao capitão William Shatner!


Foto: Wikimedia Commons/ Divulgação/ Blue Origin

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THE END

*Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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