Se já não bastasse as dificuldades de construir uma coligação forte para disputar a eleição para o Governo do Estado em 2026, os dois principais nomes dessa disputa têm dentro do próprio partido problemas a serem resolvidos.
Desde o início do seu governo, em 2023, Jorginho Mello (PL) vem enfrentando a rebeldia da ala bolsonarista do Partido Liberal, principalmente os do Sul do Estado, que dizem até que João Rodrigues é mais bolsonarista que o próprio governador. Ele viu em 2024, pelo menos, dois de seus candidatos a prefeito serem derrotados justamente por falta do alinhamento interno.
Ricardo Guidi (PL), em Criciúma, e Adeliana Dal Pont (PL), em São José, sentiram na pele a derrota por culpa do próprio partido. Para a eleição do ano que vem, Jorginho vê os mesmos trabalhando para afastar o MDB e o PP com a justificativa de que o PL ganha a eleição sozinho.
Jorginho se viu obrigado a engolir a candidatura de Carlos Bolsonaro (PL) ao Senado por Santa Catarina e agora terá que se reinventar para acomodar os seus dois candidatos, Caroline de Toni (PL) e Esperidião Amin (PP), para não perder os votos da deputada federal e o apoio do PP e do União Brasil através do senador.
A nova polêmica é que, como Jorginho pensa em colocar De Toni no Republicanos para também disputar o Senado junto com Amin e Carlos Bolsonaro, o PP entendeu que o governador quer mesmo eleger Carlos e Carol, aceitando Amin na sua coligação apenas para ter a Federação União Progressista.
UM OLHO NA GATO E OUTRO NO PEIXE

O MDB também está com um pé atrás por conta dos ataques da ala bolsonarista do PL. A executiva emedebista não abre mão da vaga de vice na chapa de reeleição de Jorginho e cabe agora o governador acalmar os ânimos daqueles que ele quer ter do seu lado.
Mas Jorginho também terá que acalmar muitos deputados estaduais e federais que veem membros do seu governo lançarem suas pré-candidaturas, o que dificultaria a reeleição de muitos parlamentares.
Quem primeiro sofreu o ataque dos parlamentares do PL foi o Delegado-Geral Ulisses Gabriel, que pensa em colocar seu nome à disposição a uma vaga na Alesc no sul do Estado. Deputados, que já tem nomes aliados mapeados para essa vaga naquela região, trataram de atacá-lo para que não crie asas dentro do PL.
No início de 2026, muitos nomes que hoje ocupam cadeiras no Governo do Estado vão sair para disputar a eleição de 2026 e os partidos aliados já estão de olho nos postos que ficarão vagos, o que também preocupa os filiados do PL.
Muito provavelmente Jorginho Mello terá que apagar muito incêndio até que a campanha comece e não se descarte que o governador perca aliados por pura falta de consenso entre a ala do PL que entrou no partido em 2024 e os bolsonaristas, que não engolem muitos que foram eleitos apenas por terem no peito o número 22 e a foto de Jair Bolsonaro.
JOÃO RODRIGUES TAMBÉM TEM SEUS JUDAS

Em janeiro deste ano o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), resolveu assumir abertamente sua pré-candidatura ao Governo do Estado. De lá para cá, viu que tinha do seu lado alguns políticos que apareceram na foto da festa, mas que estavam pensando mesmo em estar na Casa D´Agronômica.
O primeiro foi o ex-deputado federal Paulinho Bornhausen (PSD), que flerta com Jorginho Mello desde que ele assumiu o Governo do Estado. O pai, Jorge Bornhausen (PSD), parece ter ficado do lado de João Rodrigues, participando inclusive da maioria dos eventos do PSD.
Depois foi a vez do prefeito de Florianópolis, Topázio Silveira Neto (PSD), que primeiro tentou levar o partido para apoiar a reeleição do governador, sugerindo que João Rodrigues se candidatasse a senador.
Tivemos no meio desse caminho o suplente de deputado federal, Darci de Matos (Joinville), que mesmo estando no PSD, apoiou em 2024 Ricardo Guidi (PL), que também deixou o PSD depois de um convite de Jorginho Mello para disputar a Prefeitura de Criciúma.
Agora, mesmo ainda estando no PSD, ele já declarou que vai apoiar Jorginho Mello em 2026 em detrimento a candidatura da própria legenda. Já se fala que diante do desconforto político que tem sofrido no PSD, ele pode ir, no ano que vem, para o Republicanos ou até para o próprio PL.
OUTRO PREFEITO SEGUE O MESMO CAMINHO

Estranhamente, quem está indo pelo mesmo caminho de Topázio é o prefeito de São José, Orvino Coelho de Ávila (PSD), que foi eleito com o apoio de ex-liberais, como Silvinei Vasques e de bolsonaristas do sul do Estado que não aceitaram Adeliana Dal Pont no PL.
Na segunda-feira, 29, Orvino acertou os ponteiros com o PL catarinense e com Bruno Mello, filho de Jorginho Mello, e aceitou na sua base governista da Câmara Municipal os vereadores Rodrigo Andrade (PL), Marcus Vinicius de Andrade (PL) e Clonny Capistrano (PL). Clonny, inclusive, vai assumir uma secretaria da Prefeitura a ser definida.
Essa aproximação de Orvino com Jorginho Mello começou porque o prefeito precisa do Governo do Estado para fechar as contas da Prefeitura em 2025. Jorginho prometeu para ele que o ajudará com verba estadual na obra da Beira-Mar Continental.
Com o acerto com o PL, na quarta-feira, 24, Orvino de Ávila aproveitou para exonerar 30 cargos comissionados indicados pelos vereadores Romeu José Vieira (PSD), Adair Tessari (Republicanos) e Vinicius Ramos (MDB), que eram da sua base, mas que o criticavam por erros na administração.
Com isso, o prefeito afasta três ex-aliados e trás para a base outros três do PL. O problema agora é que terá que também rezar a cartilha do governador na eleição de 2026.
E assim caminhamos, vendo pseudo aliados mudando de camisa com o jogo rolando e fazendo negociações olhando apenas para o próprio umbigo.
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