
A falta de uma condenação e o fato de sequer ser réu na investigação da Operação Hemorragia, desdobramento da Operação Alcatraz, onde o deputado Julio Garcia já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro e corrupção, prevaleceu no voto da maioria dos 35 deputados presentes à sessão virtual na Assembleia, nesta quinta (21), para revogar a prisão e restabelecer as atividades na casa e na presidência do Legislativo Estadual.
Foram 30 votos sim, três não e duas abstenções. Houve certa divergência, levantada pelos deputados João Amin (PP) e Ivan Naatz (PL) quanto a totalidade da resolução, que teve o deputado Kennedy Nunes (PSD) como relator, e ambos queriam apenas que a revogação da prisão de Julio fosse votada. Acabaram convencidos e seguiram o relator.
Mas os argumentos não foram aceitos pelos deputados Bruno Souza (NOVO), Jessé Lopes (PSL) e Sargento Lima (PSL), enquanto Ana Caroline Campagnolo (PSL) e Fernando Kreling (MDB) se abstiveram.
O mais evidente é que os deputados votaram sob pressão, considerada desnecessária por alguns, mas no melhor estilo corporativista, afinal pode ocorrer com qualquer um deles, seja presidente da Assembleia ou não, embora a polêmica sobre a constitucionalidade da prisão e do afastamento das funções parlamentares contenha um grande potencial para debates e teses.
Não demorou
Nem havia sido concluída a votação em plenário e nova prisão de Julio Garcia e de Jefferson Colombo, em cima da fase anterior da Operação Alcatraz, foi determinada pela juíza substituta da 1ª Vara Federal de Florianópolis.
O desgaste da primeira revogação deverá se repetir, mas o primeiro vice-presidente Mauro De Nadal (MDB), futuro presidente da casa, disse que precisa aguardar a chegada dos documentos da investigação que originou a nova detenção para deliberar em plenário.
Na CCJ
Na reunião da Mesa e do Colégio de Líderes, que precedeu a análise na Comissão de Constituição e Justiça, o líder PL, deputado Ivan Naatz, abriu porque acentuava a excessiva pressa para se fazer a resolução, que, mais tarde, revogou a prisão de Julio.
Naatz não estava sozinho, foi acompanhado pelos líderes do PL, PSL, PP, PDT e o Novo, mas foram superados pelos líderes do MDB, PSC, PSB, PSDB e PSD.
Cumprido
Na deliberação da maioria dos deputados foi cumprido indiretamente o acordo pela eleição da nova Mesa Diretora do parlamento estadual.
Qualquer ato menos brusco e contra a deliberação que beneficiasse Julio Garcia poderia ter efeitos imprevisíveis.
REPRODUÇÃO
UM AMIN É POUCO, DOIS…
Quando defendia sua posição definitiva e já estava inclinado a seguir o relator pela revogação da prisão e pelo retorno às atividades parlamentares de Julio Garcia, o deputado João Amin foi protagonista de um fato curioso em plena sessão ao vivo. Entrou na estatística de quem se arrisca nas lives, durante a reunião remota da Assembleia. Um tranquilo senador Esperidião Amin, sem camisa, no melhor estilo de quem está de folga passou atrás. Com um sorriso, João alertou que o pai passara atrás dele, mas não teve tempo para efetivar o desligamento da câmera.