
É de longe a situação mais embaraçosa da república brasileira a que temos presenciado diante de nossos olhos em rede de TV, em notas redigidas na calada dos escritórios, nos debates da CPI. Não há como fugir dos impactos que recebemos a todo instante, como dardos que se lançam uns contra os outros com o objetivo de ferir a honra das pessoas.
A guerra de versões e de denúncias em grande parte poluem o ambiente de modo que dificulta o entendimento de qual é a verdade. Há dossiês para a Espanha pelo Roberto Dias, o servidor que teria pedido uma propina de 1 dólar por vacina comprada pelo governo. Há a reunião da família Miranda com Bolsonaro de que se suspeita que tenha sido gravada.
A CPI cumpre um papel relevante em tentar montar o quebra cabeça da corrupção na compra de vacinas, mas de vez em quando se perde em divagações e roteiros fora do foco. É preciso ir direto aos pontos chaves sem medo.
Se observa, por outo lado, intensas manobras para desmoralizar a CPI, com críticas feitas pelo governo de baixo calão – o que por si revela que a batata está quente. Não adianta agredir senadores, e outros poderes, com ofensas a membros do STF.
Democracia
Apesar das posições trogloditas, da idade da pedra, do stress que a situação nos passa, essa parte da verdade não será realizada sem dor. Alguém vai sair machucado no processo, pois diante das informações levantadas até agora a teia de corrupção no Ministério da Saúde é enorme. Precisa ser identificada claramente e implodida. E os responsáveis punidos – talvez a parte mais difícil no Brasil de tantas falcatruas.
Calma Prisco
O comentarista do SBT local, Claudio Prisco, tantas vezes elogiado aqui por posições fortes e coerente nos impeachments de Moisés, virou o fio. Assumiu o lado da agressão verbal aos ministros do STF, aos membros da CPI – chama Renan de Canalheiros – e adotou o discurso de que a mídia – sugerindo a Globo – quer tirar Bolsonaro do poder.
Já sabemos que esse discurso tem uma mesma procedência e se ele vem fazendo é porque está agradando alguém ou alguns. Normalmente essas atitudes comprometem a história e se continuar radical pode transformá-lo em mais um Alexandre Garcia local.