
O novo campo de batalha entre o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e o senador Jorginho Mello (PL) é a troca de notas oficiais depois de confirmada a convocação do chefe do Executivo catarinense para depor na CPI da Covid.
Jorginho demorou um dia para rebater a expressão factóide, usada por Moisés para resumir o que a convocação significa, e ollha que ela foi dita antes de confirmada a intenção dos senadores.
Para o senador, a medida atinge todos que foram alvo de investigações da Polícia Federal sobre possíveis desvios de verbas federais no combate à pandemia, e este, de acordo com Jorginho, será o foco da questão, sem entrar no mérito se a comissão tem legitimidade jurídica para exigir a presença de governadores e prefeitos.
Para o governador, até mesmo o requerimento partir de um outro senador, no caso Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um dos argumentos de Jorginho para se distanciar da questão, confirma ser a posição da CPI uma manobra política “por quem coloca seus interesses pessoais acima dos interesses dos catarinenses’.
Os passos de Jorginho e Moisés são ensaiados e ambos sabem que todo este processo nada mais é do que a antecipação do palanque eleitoral, uma estratégia para manter o governador sob ataque, nos holofotes, e lhe imputar uma suposta fama de corrupto, ponto que nem as polícias judiciárias, os ministérios públicos estadual e federal e o Tribunal de Contas do Estado conseguiram caracterizar ou provar.
Importante
A briga entre Jorginho e Moisés não interessa a Santa Catarina, tampouco a realidade de narrativas que ambos querem passar ao eleitor.
O senador projeta 2022 como se fosse amanhã, o governador, que anuncia uma série de medidas, pacotes de incentivo à criação de empregos e auxílio aos mais desfavorecidos, com o SC Mais Renda de R$ 900 para 67 mil famílias, sente-se incomodado em figurar em uma lista onde consta, entre outros, o ex-governador fluminense Wilson Witzel, que sofreu o impeachment por atos de corrupção.
O QUE AS NOTAS DISSERAM:
Na ofensiva
O espírito de combate contra Moisés que Jorginho encarna para ficar de bem com os bolsonaristas pode ser medido pelas declarações na Assembleia do deputado Sargento Lima, que deixou o PSL e está no partido de Jorginho, o PL.
Lima declarou que, a partir de agora, passará a se referir a Moisés como “Creonte”, um termo usado entre lutadores de Jiu-Jitsu, que significa “Traidor”, aliás o rótulo preferido dos mais radicais seguidores do presidente da República quando se referem ao governador de Santa Catarina, por ter ousado divergir em algumas questões do chefe da nação.
Outro assunto
Por falar em batalhas, há uma sendo travada no campo da informação entre o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM),e o governador Carlos Moisés, menos ruidosa do que a acelerada pela CPI da Covid.
Gean tem feito questão de se antecipar nas datas de vacinação para integrantes do magistério, nem que seja apenas um dia de dianteira do calendário estadual anuinciado por Moisés. Taíuma boa disputa, a sociedade agradece.
Paulinha ganha uma defesa
Deputada estadual Paulinha da Silva passa a ter uma defesa pela cadeira na Assembleia depois de expulsa do PDT, após de 32 anos de filiação, em decisão da executiva nacional da sigla, que ainda pedirá mandato da parlamentar.
O assunto promete longo embate jurídico, mas sem saber detalhes da decisão oficialmente, pois, até a noite desta quarta (26) não havia sido comunicada, Paulinha prefere não comentar o assunto, motivado por ela ter assumido a liderança do governo Moisés na Assembleia até setembro do ano passado.
Quadro
Paulinha subiu muito rápido e isso incomoda briuzolistas e gente de outros matizes partidários, mas já recebe convites de PP, MDB, PSDB e Podemos.
Ex-prefeita de pequena Bombinhas, no Litoral Norte, garantiu 51mil votos para chegar à Assembleia, o quinto melhor desempenho nas urnas, por isso, com a saída, irá desidratar o PDT, que elegeu três prefeitos, seis vices e 68 vereadores, em 2020, e terá apenas um deputado no parlamento estadual. Veja a nota oficial que a deputada publicou em suas redes sociais nesta quinta (27);
“Por 32 anos estive no PDT, partido do qual me orgulho em ter ajudado a construir a sua história, que sempre honrei com dignidade e respeito.
Ao longo dos anos, entretanto, o partido vem perdendo a capacidade de se comunicar com as pessoas, entregando-se a negociações por cargos, trocando a defesa dos verdadeiros interesses da sociedade para manter projetos pessoais e privilégios imerecidos para poucos.
Em nome da responsabilidade e da confiança a mim atribuída pelo povo catarinense não pude concordar com isso. Não era por menos que Leonel Brizola desejava “fechar o PDT” antes da sua morte.
Faço parte de um time de mulheres brasileiras que não quer mais a intolerância, os conchavos, as “estratégias” para estar no poder. Sou apenas uma cidadã comum, que mesmo que seja punida pelas suas crenças decidiu lutar com todas as suas forças pelo seu estado, pelo seu país. E nada me desviará do meu caminho. Nada.
Sigo firme, de consciência leve e em paz, porque sei que não pratiquei qualquer ato que justificasse tamanha perseguição.
Agora, de coração aberto, buscarei outra agremiação que acolha a mim e aos amigos que me acompanharão, num ambiente onde a liberdade e a democracia realmente existam e sejam valores reais.
Estou convencida de que radicalismos, extremismos, e a falta de respeito para com diferentes opiniões não fazem bem para o Brasil.
Reitero com coragem a minha lealdade e o meu amor infindável por Santa Catarina.
Minha história de amor e devoção à nossa gente não termina aqui. Ela está apenas começando!
À minha família, minha equipe e aos inúmeros amigos que enviaram mensagens reconfortantes de otimismo e fé, minha eterna gratidão. Enquanto Deus me der vida e saúde, estarei com vocês, por vocês. E vamos à luta!”
DANIEL CONZI/AGÊNCIA AL
TRANQUILO NA PLANÍCIE
De volta ao plenário, nem as agruras dos momentos vividos desde o fim do ano passado tiraram o sorriso do rosto, visualizado em breves momentos sem o uso de máscara, e o apoio dos demais parlamentares ao deputado Julio Garcia (PSD). Cumprimentado e saudado pelos seu pares, Julio circulou à vontade longe da mesa que dirige os trabalhos, mas também em uma rápida subida recebeu reverências por lá. O prestígio não foi abalado na Assembleia, mesmo na planície, como os parlamentares chamam a posição das cadeiras longe de quem dirige os trabalhos do parlamento.