Nossa Jogada

1 - Vendedor de Sonhos
Paulo Prisco Paraíso é um vendedor de sonhos. Na terça-feira ao lado de Norton Boppré reuniu torcedores, repórteres e através das redes sociais, rádios, televisões e jornais, como se pode reunir nesta época de forma virtual, para dizer que é possível remar contra a maré e trazer, novamente, o Figueirense onde ele e seus amigos levaram há 10 anos. Antes de findar a noite de terça-feira o destino decretou que o Figueirense iria, em 2021, disputar a Serie C. Ano em que o clube comemorará, em junho, o Centenário de fundação. Ele, Paulo Prisco Paraíso, foi eleito presidente em 1999. Permaneceu no poder por 10 anos quando o clube saiu do nada e esteve na Série A do futebol brasileiro por sete anos; conquistou seis títulos estaduais; foi vice-campeão da Copa do Brasil e campeão da Copa São Paulo de Juniores. Ele confessou na coletiva que não precisou aplicar 100% do orçamento no futebol profissional, como queria um dos conselheiros. Sem citar nomes revelou que entre eles havia um que não queria que fosse aplicado 30% nas categorias de base, na formação de jogadores. Jogadores que cresceram no CT da Palhoça, como Andre Santos, Felipe Santana, Felipe Luiz e Roberto Firmino que chegaram aos grandes clubes da Europa e a seleção brasileiro de futebol, engrandecendo o nome do clube. O conselheiro perfumado queria que contratasse nomes, bem recomendados como: Edmundo, Loco Abreu, Alecsandro, Cleber, Zé Roberto, Marcelinho Paraíba, Arouca... Deste um ou dois, como Edmundo valeram a pena. Época de revelar treinadores como: Murici Ramalho, Dorival Junior, Adilson Batista e Mario Sérgio. Quem sabe Jorginho que fica mais um ano. Há uma década PPP foi "apeado" de projeto vitorioso. Junto com Norton Boppré recolhe o lixo deixado depois que saíram, quando Nestor Lodetti liderou uma insurreição.
2 - Vaidades levou à Série C
O Figueirense por questões políticas, de inveja e ciúmes perdeu uma década nestes 100 anos de existência. Uma década perdida, período em que dirigentes, não souberam manter o nível clube, por pura a vaidade cessaram o que vinha dando certo. A partir dai reinou o caos, retratado no WO de 2019 em Cuiabá quando os jogadores se negaram de disputarem o jogo pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Veio a vergonha e escárnio. Os sócios, conselheiros e torcedores esqueceram que 85 deles votaram pela saída de PPP e apenas dois queriam que permanecesse. Depois de um mea-culpa, pediram, sem nenhuma vergonha, a volta de PPP ao comando do clube. A administração será de Norton Boppré. O objetivo é devolver ao clube prestígio, liderança, exemplos e conquistas.
3 – Historia
O Figueirense como clube viveu três períodos nestes 100 anos de existência, desde a sua criação, em junho de 1921, no Bairro da Figueira, junto ao porto e a docas de uma cidade que cultivava ainda os valores do Século XIX. O futebol na Ilha, sem ponte, era incipiente. No inicio, marcou época. Após a II Guerra entrou em declínio. O interior dominou as conquistavas dos títulos estaduais. Em 1972, período de mudanças radicais na Ilha, um Major do Exercito Brasileiro, filho de um ex-presidente de nome Ortiga, assumiu a presidência e "revolucionou" o futebol na Capital, arrastando com ele o Avaí. Naquele ano de 72, 14 anos depois, voltou a ser campeão estadual e no ano seguinte: 1973 tornou-se o primeiro clube catarinense a disputar o Campeonato Nacional de Futebol. Adormeceu. Com ele o Avaí, permitindo o interior tomar conta outra vez do protagonismo do futebol em SC. Até que em 1999 renasce das cinzas, graças a Paulo Prisco Paraíso, que atendendo um apelo do pai – Dr. Prisco Paraíso, assumiu a administração do clube. Durante 10 anos o Figueirense viveu um sonho.
4 - Ciúmes
Em 2009 o time caiu para a Segunda Divisão. Entre 1998 e 1999, PPP criou um Conselho de Gestão. Em 2004, a Figueirense Participações gerou o clube e seus negócios, como uma equação matemática. Em 2009, as estruturas jurídicas do clube e da empresa, não encontraram um novo modelo de gestão. Alguns Conselheiros não gostaram e o ciúme, junto com a inveja, e se insurgiram. Paulo foi afastado do comando do clube por 85 votos contra dois. A insurreição por Nestor Lodetti. Norton Flores Boppré, então presidente por seis anos, pediu afastamento. O início do caos, da vergonha e do insucesso. Começava o ano de 2010.
5 – Não agüentou
Dois anos. Nestor Lodetti renunciou em 2012, pressionado pela família, torcedores e oposição. O vice-presidente Odorico Durieux assumiu. Neste período o clube contratou Loco Abreu. Gerou uma onda de esperança. Após a renuncia, Wilfredo Brillinger, conterrâneo e amigo de Lodetti, assumiu a presidência do Figueirense até 2017.
6 – Desastre
Quando Wilfredo achou uma empresa de nome Elephant, dando-lhe poderes de comandar o clube. Não vingou! Foi um desastre! Neste período foi criada a Figueirense Ltda., uma parcela de 95% desta empresa foi vendida à investidores do setor privado, que deveriam realizar aportes financeiros. Estes aportes nunca chegaram. A Elephant teve três presidentes ou seriam donos? Alex Bourgeouis, Cláudio Vernalha e Cláudio Honigman não serão lembrados na festa do centenário. Em 2019 Cláudio Honigman atendendo os apelos de Francisco de Assis Filho, presidente do Conselho Deliberativo desfez o contrato de investimento e transferiram as atividades de futebol para o clube.
7 – A segunda queda
Em março de 2019, Norton Boppré voltou à presidência de um clube: sem jogadores, sem base, sem dinheiro, sem investimentos, sobrevivendo sem torcedores no estádio, em função da pandemia. Foi figura no Campeonato Estadual. No Brasileiro da segunda divisão agonizou até terça-feira, quando foi rebaixado de divisão. Neste dia, à tarde PPP e Boppré deram uma coletiva atendendo torcedores e no final a mídia, vendendo sonhos como os do inicio do século XXI.
8 – Desastre
Não acredito que o site oficial do Avaí F C tenha usado o espaço para "escachar" a queda do Figueirense para a Série C. Que deselegância. Uma falta de respeito a um parceiro na historia do futebol na Ilha e no Estado. Os torcedores há que se aceitar a "zoação", tenha tomada uma atitude tão "varzeana" e amadora. Mas uma diretoria, a véspera as vésperas de definir seu futuro, tenha vindo a publico anunciar a negociação de um dos jogadores de destaque, neste final de campeonato, como o empréstimo de Rômulo ao futebol do Oriente Médio. Não era hora. Imagine como "fica" a cabeça de um jogador, sabendo que no dia após uma decisão que tenha que dar tudo, ele estará viajando, deixando o clube para trás?
9 - Presidentes
João Nilson Zunino, presidente do Avaí permaneceu na presidência por 12 anos, quando o clube conquistou os títulos de campeão estadual em 2009; 2010 e 2012; promovido a Série A em 2008; permaneceu em 2009, 2010 e 2011; no final deste ano foi rebaixado. Com sua morte em 2014, Nilton Machado, vice-presidente assumiu e conquistou, em 2014, o acesso à Série A. No final do ano 2015 caiu. Nilton, como presidente o Avaí, não se tornou campeão estadual. Francisco Battistotti veio em seguida. É o atual presidente, e está no poder, há cinco anos e oito meses, período em que o clube subiu em 2016; caiu no ano seguinte, voltou a subir em 2018; em 2019 foi rebaixado. Neste ano, em 2019, o Avaí se tornou campeão estadual. Luta para não cair.
10 – A vida e a torcida
Como ocorrera amanhã em Belo Horizonte. Em 2014, o Avaí e seus torcedores esperaram pelos resultados dos jogos de Boa Esporte e Atlético de Goiás. Este ano, como naquele 2014, a torcida "seca" o Juventude e CSA, torcendo para que o Avaí vença o America-MG, em Belo Horizonte, amanhã à noite. NO mesmo horário jogam Juventude e Guarani, em Campinas; Náutico x CSA, em Recife. Uma derrota do Juventude e empate do CSA, o Avaí sobe, caso contrário, o Avaí fica na Série B.
11 – O reconhecimento
Edmundo passou pelo Figueirense em 2005 marcando 15 gols em 31 jogos disputados na Série A. Esta semana lembrou: "Eu tinha me aposentado e estava jogando Nova Iguaçu na segunda divisão carioca. Entrei em forma. O pessoal do Figueirense me viu e, com eles, voltei a jogar a Série A. Agradeço a Deus por esta passagem, que revigorou sua vida, permitindo que voltasse ao Palmeiras e ao Vasco, me dando a oportunidade de encerrar a carreira com dignidade.
12 – Saudades
Adilson Sanches, o primeiro a esquerda. Ontem senti saudade. Não o verei mais, apenas nesta foto ao lado de Mario Medáglia, Mauro Pires e Miguel Livramento em 1972. Adilson foi narrador de futebol, fazia parte da equipe da "Radio Jornal A Verdade", ao lado de Murilo José – o Camisa Amarela: Newton Cesar Viegas – o Eclético; Garrincha – operador técnico e Carlos Alberto Campos – o Repórter. Ainda vivem: Miguel Livramento – o Narrador da Moda, na época repórter; Brígido Silva – o Professor e este que "vos fala" – o Comentarista Diferente. Adilson nasceu no Paraná, radicou-se em Florianópolis e nos últimos anos morava no município de Palhoça. Adilson não teve tempo de dizer adeus a todos nós. Este janeiro de 2021 não permitiu.
Fim