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O Brasil e a sarjeta! O “conto do vigário” para cultivar a desinformação

O Brasil e a sarjeta! O “conto do vigário” para cultivar a desinformação
Imagem de Miguel Á. Padriñán por Pixabay

Do cercadinho em Brasília para o púlpito da ONU, o que realmente pesa no discurso do Presidente?

Bolsonaro discursa para os seus seguidores, mas não fala em nome de um país. Ele discursa como um candidato populista. Mal assumiu o Governo no Brasil em 2019 e começou a campanha para a reeleição em 2022, esquecendo que entre uma eleição e outra deveria trabalhar pelo país e ocupar o cargo de Presidente da República com as honras e pompas de um chefe de Estado. Seja no cercadinho ou na Organização das Nações Unidas – ONU o tom do discurso é o mesmo e os enganos se repetem. É difícil de entender porque a opção dele é sempre pelo pior caminho e por informações enganosas que não acrescentam em relação ao combate à pandemia ou a retomada da economia do país.

Na abertura da Assembleia Geral da ONU, o Presidente mostrou que continua a batalha fictícia contra o comunismo e  voltou a defender o tratamento precoce para Covid-19 diante dos chefes de Estados dos maiores países do planeta, mesmo sabendo que o Kit que faz parte desse tratamento matou pessoas  – caso escandaloso da fraude da pesquisa da Prevent Senior que atestava sobre a “eficácia” do kit. Lembrando que nessa semana mais um possível escândalo envolvendo a morte da mãe do empresário Luciano Hung, fiel escudeiro de Bolsonaro, que teve supostamente o atestado de óbito adulterado para não constar como causa da morte a Covid-19, após ter sido internada numa unidade hospitalar da Prevent Senior e de ter sido tratada com o dito kit Covid.

Mas não se engane! Há o interesse por trás de tal propaganda enganosa dos medicamentos sem eficácia para a Covid-19 e não é novidade que a venda hidroxicloroquina/cloroquina, medicamento recomendado pelo Presidente como preventivo a doença, mais que dobrou em 2020, passando de 963 mil unidades vendidas para 2 milhões. Levantamento junto ao Conselho Federal de Farmácia também apontou uma alta nas vendas de ivermectina (vermífugo), igualmente atribuídos sem comprovação à prevenção da Covid-19. Em relação ao antiparasitário, o aumento nas vendas chegou a 557%, passando de cerca de 8,1 milhões de unidades para mais de 53 milhões de unidades durante o ano de 2020. Lembrando que esses medicamentos foram usados como automedicação ou foram prescritos por médicos, e neste último caso resta saber qual o papel do Conselho de Ética ao constatar a irresponsabilidades profissional de receitar um medicamento sem eficácia comprovada contra Covid-19 e que pode ter colocado a vida de muita gente em risco.

Nem só de propaganda enganosa sobre medicamentos que vive o Presidente, mas também de campanha anti-vacina. No início da semana Bolsonaro disse ser humilde e por isso comeu pizza na rua em Nova Iorque, onde esteve para assembleia dos G-20 da ONU, mas “esqueceu” de mencionar que não conseguiu entrar nos restaurantes da metrópole americana por não ter tomado a vacina contra Covid-19, única forma eficaz de controle da doença. O “show presidencial” não foi de humildade, mas de prepotência diante dos maiores líderes do planeta, pois julga em sua ignorância ser maior do que a ciência colocando em risco não apenas a própria vida, mas nas pessoas com quem se encontra ou das milhares de pessoas que ainda acreditam no mal exemplo que ele vem dando diariamente em relação a pandemia e ,desta forma, não é apenas ele e sua equipe que comem pizza na sarjeta, mais um país que se envergonha e cai de joelhos nessa mesma sarjeta diante do mundo atônito.

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