Mais de 32 milhões de pessoas no Brasil não têm acesso à água potável.
O desperdício de água é uma preocupação em todo o país, e Santa Catarina não é exceção. Segundo dados do Painel do Saneamento do Instituto Trata Brasil, 37,8% de toda a água tratada no país é perdida antes de chegar às residências. Isso equivale a 7 bilhões de metros cúbicos de água tratada por ano, devido a vazamentos, erros de medição e consumo não autorizado, volume que poderia abastecer 54 milhões de pessoas.
Essa quantidade desperdiçada, que é equivalente a 7.636 piscinas olímpicas ou ao volume de 7 sistemas Cantareira (um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo localizado na região metropolitana de São Paulo), poderia também abastecer Santa Catarina por 4 anos e 35 dias, considerando o consumo médio é de 154 litros por dia, segundo dados da Casan, e uma população de 7.610.361 habitantes.
Em relação à coleta total de esgoto, cerca de 90 milhões de brasileiros também não possuem acesso à coleta de esgoto. O estudo mostra que mais de 5,2 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente no país.
Conforme o Painel do Saneamento, 34% da água produzida em Santa Catarina não chega oficialmente aos moradores. Esse indicador de perdas de água nos sistemas de distribuição é inferior à média nacional, porém muito acima do aceitável. Embora haja uma melhora em relação a anos anteriores, ainda é essencial o conscientizar os gestores públicos e a população para reduzir o desperdício e garantir o acesso adequado à água potável.
Além disso, Santa Catarina enfrenta desafios adicionais relacionados a desastres naturais, como enchentes e secas, que impactam tanto a população quanto a indústria. Com as mudanças climáticas em curso, a situação pode se agravar, exigindo ação imediata.
Mais do que nunca é necessário estabelecer diretrizes para a construção de uma política de estado, visando a gestão sustentável dos recursos hídricos. Santa Catarina é o sexto estado brasileiro com maiores prejuízos decorrentes de desastres naturais, totalizando R$ 32,5 bilhões desde 1991, com a indústria liderando as perdas nacionais do setor.
Dos 27 capitais brasileiras, apenas nove possuem ao menos 99% de abastecimento total de água (Quadro 1). A média nacional para esse indicador é de 95,68%. Já Florianópolis subiu quatro posições no ranking de saneamento básico das cidades brasileiras, mas está na 55ª posição no ranking geral, segundo o estudo. O atendimento de água chega a 98,13% da população, enquanto o de esgoto é de 64,57%.
A Capital, registra 39,3% de perda de água no sistema de distribuição, dado preocupante e acima da média nacional. O desperdício e as perdas são computados nos custos da Casan e, consequentemente, distribuídas nas faturas dos consumidores. A conta da ineficiência chega desta forma ao bolso.
Diante desses desafios, é evidente a urgência de ações concretas para mitigar o desperdício e garantir o acesso adequado à água potável em Santa Catarina e no Brasil. Com mais de 5,3 milhões de catarinenses sem coleta e tratamento de esgoto, e um índice de 34% de perda de água nos sistemas de distribuição, é crucial um esforço conjunto entre gestores públicos, empresas de tratamento e abastecimento de água, e a população para reduzir as perdas e os impactos dos desperdícios na estrutura de custos das empresas e no bolso dos consumidores.
Além disso, os impactos dos desastres naturais, somados às mudanças climáticas em curso, acentuam ainda mais a necessidade de uma gestão sustentável dos recursos hídricos. Portanto, é imperativo estabelecer diretrizes claras e eficazes para a construção de uma política de estado que garanta a disponibilidade e qualidade da água para as atuais e futuras gerações.