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O encontro de Mário Quintana com Jorge Ben Jor

O encontro de Mário Quintana com Jorge Ben Jor
Poeta Mário Quintana/Reprodução

Durante dois anos esta coluna só falou de filmes, séries e tudo que envolvia o Cinema. A cada semana, películas sobre um tema:  futebol, racismo, viagens, medicina, jornalismo, política… (estão todas em arquivo para quem quiser ler). Em março de 2020, com a chegada da Peste senti necessidade de escrever  sobre ela e suas conseqüências. Nasceram as “Crônicas em Quarentena”. Achei que iam durar pouco, mas a pandemia se estendeu.  Hoje, as crônicas falam de tudo e, desconfio, vieram para ficar. Mas, a coluna não perdeu sua essência que é a de falar sobre a Sétima Arte e seus afluentes. Boa leitura!

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O encontro de Mário Quintana com Jorge Ben Jor

Sabe quando a gente acorda com uma música na cabeça, sem tê-la ouvido no dia anterior e ninguém ter falado nela? Não se sabe de onde veio, mas ela fica o dia inteiro “tocando” na nossa mente?! Acordei com “ela vem chegando e feliz vou esperando, a espera é difícil, mas eu espero sonhando” . A melodia me perseguiu no café da manhã, no banho e na hora da escrita ! Abri a porta para o entregador de água mineral, cantarolando ela vem chegando … Por cima da máscara percebi seu olhar de “a dona endoidou”.

De repente, uma tarja no canal de notícias esclareceu de que recônditos da minha cachola veio a canção  “Zazueira”, de 1968, do Jorge Ben Jor. De tão óbvio até me envergonhei de não ter matado a charada logo de cara. ELA era a tão aguardada, desejada, ansiada…vacina contra a Peste!

Apesar das sandices do governo sobre o plano de vacinação e as brigas pelo capital político, ganhamos uma esperança. Ah, essa palavra nunca soou tão importante como agora! O poema do Mario Quintana já andou por esta coluna há tempos, mas ele volta agora porque diz tudo sobre a meninazinha de olhos verdes que nos tira da tristeza e nos anima a aguardar pela nossa alforria, pois ela vem chegando…

ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA.

 (Brígida De Poli)

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DICAS DA COLUNA

Queen+Adam Lambert –The show must go on- document– Netflix

Confesso que fui atraída pelo documentário mais por causa de Adam Lambert do que propriamente pelo Queen. Explico: assisti a edição de American Idol em que Lambert foi disparado o melhor concorrente, mas acabou em segundo lugar. Algumas interpretações são de que a figura “doidona” e a vida pessoal , onde os tablóides publicaram fotos dele beijando outros homens, teria levado a conservadora plateia americana a votar no rapaz certinho que ficou com o prêmio principal e de quem praticamente ninguém lembra. Foi quase um golpe de sorte para Adam não ter levado o título porque isso possibilitou que ele se tornasse o vocalista do Queen. O documentário mostra a preocupação do cantor em “substituir” ninguém menos que Fred Mercury. Mas ficou claro para ele e os integrantes da banda que ele não seria um cover de Mercury, pois tem voz e personalidade suficiente para ter uma identidade própria. No mais, o documentário traz entrevistas com Fred e os shows da nova fase com os grandes sucessos do Queen que encontraram em Lambert o oxigênio para voltar aos grandes espetáculos. Um casamento perfeito! Dá uma olhada numa das apresentações … ( Live at the 02/Londres)

 

O que os homens falam – direção: Cesc Gay – 2014 ( Prime)                              

Demorei a ver esse filme pelo preconceito com o título em português, mas ele é melhor do que esperava. No original, o título é ” Una pistola en cada mano”. São episódios mostrando oito homens chegando à meia-idade, suas crises de identidade e dificuldade de comunicação ( melhor seria do “que os homens não falam”). Não espere uma comédia escrachada, e sim um tipo de humor irônico. Mas o grande atrativo do filme está mesmo no elenco que mistura grandes nomes do cinema argentino ( Leonardo Sbaraglia e Ricardo Darín, por supuesto) e espanhol ( Luis Tosar e Javier Câmara).

 

Emma – direção: Autumn de Wilde – 2020 (Telecine/Now)

Eis que chega o remake de romance homônimo de Jane Austen, o último escrito pela autora inglesa. A trama se passa no século XIX e mostra a personagem ” de quem ninguém vai gostar”, na análise da autora. Ela é Emma Woodhouse, uma jovem rica e inteligente, que não quer se casar, mas gosta de bancar a casamenteira dos outros. Teimosa e petulante, a jovem acaba se metendo em confusões. A protagonista é interpretada por Anya Taylor-Joy ( muito popular pela série “O gambito da rainha”).

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Adeus, Kim Ki Duk

Gostaria de saber xingar o coronavírus em coreano ! A Covid-19 levou o grande diretor sul-coreano Kim Ki Duk, o primeiro a colocar o novo cinema da Coréia do Sul no mapa mundial. Ele morreu aos 59 anos, deixando perto de 30 filmes, alguns premiados em Veneza e Berlim. Kim Ki Duk provinha de uma família humilde, não cursou Cinema e como autodidata iniciou sua carreira de diretor e roteirista aos 33 anos.

Para quem deseja conhecer o trabalho do diretor coreano, o melhor streaming é o Cine Belas Artes. Lá é possível encontrar três bons filmes de Kim Ki Duk.

 

Crocodilo ( 1996)

O primeiro filme dirigido por Kim Ki Duk conta a história de um homem que vive na beira do rio Han, em Seul, e salva uma mulher tentando cometer suicídio.

Primavera, verão, outono, inverno e…primavera (2003)

Através das quatro estações, o filme mostra os ciclos de nascimento, crescimento e declínio. (foto)

 

Sonho ( 2008)

No seu 15° filme, Kim Ki Duk conta sobre um artista plástico que tem um pesadelo com um acidente que realmente acontece. A partir daí, sua vida começa a se confundir entre sonho, delírio e realidade.

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THE END

(*) Fotos reprodução/divulgação

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