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O que o marketing tem a ensinar à política?

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Renan Cardarello*

Nestas eleições os brasileiros veem, novamente, técnicas e táticas fortemente utilizadas no marketing e na publicidade no campo político – algo que não é tão raro e que, inclusive, quase sempre vem junto das campanhas dos candidatos neste período. Um dos destaques que temos desta vez é a figura chamada Pablo Marçal, cujos posicionamentos e atitudes demonstram um grande esforço para conseguir materiais que podem ser divulgados em suas redes sociais e que, nesse sentido, são nítidos exemplos de ferramentas e estratégias de marketing que são bastante úteis à política nacional.

Com um patrimônio atual estimado na faixa dos R$ 169,5 milhões, ao longo de sua carreira, Marçal conseguiu muito destaque nas redes sociais e, com certeza, pode ser compreendido como um influencer na área. Sua atual candidatura à prefeito de São Paulo não é sua primeira aparição no cenário político. Em 2022, sob a bandeira do partido PROS, tentou a posição de presidente, mas acabou tendo a candidatura negada. Então, decidiu buscar a posição de deputado federal, acabando por vencer as eleições. No entanto, teve o cargo indeferido pelo ministro Lewandowski do TSE.

Atualmente concorrendo ao cargo de prefeito de SP, o candidato explora várias táticas de marketing em sua campanha. A primeira delas é a da criação de vídeos virais – seus famosos cortes que têm a intenção de ganhar muitas visualizações na internet, tanto entre sua base de seguidores quanto por pessoas que o desconhecem. Outro ponto que também pode ser comentado por estar diretamente ligado ao processo anteriormente citado é o da busca por estar onde seu público está. Uma vez compreendido o público-alvo que mais ressona com ele e seus ideais, o candidato busca estar presente onde essas pessoas estão, a fim de impactá-las com seus conteúdos. Algo extremamente utilizado no marketing, mas pouco efetuado por políticos no geral.

Diante de tamanha popularidade das redes sociais, Marçal acerta em cheio ao utilizá-las para se promover, uma vez que tem um grande reconhecimento entre as pessoas que já estão acostumadas com a internet e canais de compartilhamento de vídeo, como YouTube e TikTok, algo que deveria ser muito mais explorado.

Novas gerações, em sua maioria, por exemplo, não assistem à televisão e noticiários, elas consomem notícias e informações por outros canais. Em dados da We Are Social e Meltwater, como prova disso, os brasileiros passam, em média, nove horas por dia conectados à internet – o que deveria fazer com que houvesse uma adaptação por parte dos candidatos para alcançar esses públicos que, certamente, já podem ser potenciais votos.

Para se ter ideia do quanto Marçal está pautado entre o público no virtual, basta uma simples pesquisa no Google Trends e é possível analisar que ele teve um enorme crescimento em popularidade de pesquisa neste ano, sendo o primeiro pico em maio e o segundo que chegou a atingir, de acordo com o gráfico do Google, a maior taxa de interesse e pesquisas pela figura em agosto.

Outra estratégia bastante utilizada por Marçal que é amplamente explorada no marketing é a dos arquétipos. Tendo suas raízes na psicologia, o arquétipo é a ideia de uma figura generalista onde pessoas podem ser enquadradas. Nesse sentido, tanto Marçal quanto Bolsonaro são figuras que utilizam o arquétipo do herói, enquanto o atual presidente Lula está mais próximo do conceito de homem comum.

No mercado, quase sempre é possível ligar uma marca a um arquétipo, o que pode trazer uma série de benefícios para seu crescimento e destaque se ela abraçar a ideia e levar a posição para seu tom de voz e posicionamento. O Burger King é um exemplo clássico do arquétipo de bobo da corte, principalmente por conta de suas várias travessuras contra seu principal concorrente dentro do ramo, o McDonald’s. Já a Apple, por outro lado, estaria mais ligada à ideia de criador, por ser inovadora e sempre audaciosa em seus projetos.

Tendo em vista algumas das inúmeras táticas de marketing que podem e estão sendo constantemente utilizadas no cenário político, a atual geração de políticos que governa o país não estará preparada para lidar com este cenário em um futuro bem próximo, caso não busquem mais contato com a área. Um possível movimento de influencers se interessando por este tema e utilizando suas forças nas redes para a conquista de votos ou então para suas campanhas de branding está só começando, o que exigirá destes e dos futuros candidatos um olhar mais estratégico de como aproveitar ações de marketing em suas campanhas com êxito.

 

*Renan Cardarello é CEO da iOBEE – Assessoria de Marketing Digital e Tecnologia.

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