Ao se despedir do Jornal Nacional em 1996, depois de 26 anos de bancada, Cid Moreira encerrava também um capítulo importante dos telejornais: a aposentadoria da função locutor – aquele que lê o que outros escrevem.
William Bonner assumiu o lugar dele, já caracterizado como aquele que também escreve e edita.
Não há demérito nenhum na função locutor, ao contrário, o próprio Bonnner, em entrevista recente à GloboNews, disse que é extremamente difícil ler e interpretar textos que não são próprios.
Cid foi um craque nisso. Com uma voz poderosa e grave reinou sobre o imaginário brasileiro enquanto atuava ao lado de outro locutor, Sérgio Chapelin.
Em Santa Catarina, em posições semelhantes, atuavam Fenelon Damiani e Salvador dos Santos, entre outros. Todos com enorme contribuição ao dever de informar.
Depois do JN, Cid não parou, participando do Fantástico – ajudando Mister M a revelar o segredo dos mágicos – e gravando belíssimos salmos. Um deles, recitou na homenagem que Chapecó prestou na Arena Condá aos mortos no acidente aéreo.
Na data de sua morte aos 97 anos, Cid recebeu inúmeras homenagens e o reconhecimento maior de todos – dos colegas de profissão. Também foi lembrado pelo jeito afável de ser. Quem o conheceu pessoalmente – mesmo em breves momentos, como eu – sabe que ele era também uma pessoa especial, que parecia sempre estar com a voz empostada, algo que era absolutamente natural.
#RIP, Cid.