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Os “semideuses” da era digital e a guerra pelo poder

Legenda : Mark Zukerberg/ Reprodução

Os “semideuses” da era digital e a guerra pelo poder

“Nossos ídolos ainda são os mesmos…”, escreveu Belchior na linda canção “Como nossos pais”, de 1976.  Ele falava sobre a nossa geração. Hoje já não é bem assim. A admiração dos jovens vai menos para criadores artísticos e mais para  inventores de novas tecnologias. Além da inventividade, eles enaltecem a capacidade dos novos ídolos tornarem-se milionários rapidamente. As startups estão lotadas de moças e rapazes em busca de um aplicativo revolucionário.

De olho neste fenômeno, o cinema e a TV não param de produzir cinebiografias dos mais notáveis. Nesse mercado volátil, muitas produções mostram a ascensão, mas também a queda dos gênios da informática.

A mais recente chegou no Paramount + (canal disponível na Claro Vídeo ou no Prime).  “Super pumped- A batalha pelo Uber” conta os bastidores da criação do aplicativo que revolucionou o transporte urbano, com foco em Travis Kalanick, um dos fundadores da empresa. O sucesso fez crescer a ambição dos envolvidos e Kalanick acabou levando uma rasteira da diretoria, perdendo o cargo de CEO da empresa. Aliás, o que não falta na trajetória desses “semideuses” são golpes e manobras pouco éticas na guerra pelo poder.

A minissérie é uma adaptação do livro Super Pumped: The Battle for Uber, mas nem tudo foi dito nos sete episódios. Deve ser interessante ler a história completa. Na telinha, Joseph Gordon-Levitt, sempre com cara de menino, interpreta o excêntrico executivo. Outro nome conhecido no elenco é o de Uma Thurman. (Veja o trailer)

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Outras cinebiografias

De volta ao espaço – doc – direção: Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin Netflix – 2022

Reprodução/Divulgação

É difícil alguém não saber quem é Elon Musk, dono da Tesla, produtora de carros elétricos e híbridos. Além de ser o homem mais rico do mundo, Musk é também um dos mais admirados e odiados. Afeito a  uma polêmica, o empresário agora está na mídia ameaçando comprar o Twitter por quarenta bilhões de dólares. O foco do documentário da Netflix é o  projeto SpaceX  que propõe a revitalização da exploração espacial ,através dos testes que acompanham o lançamento de sua nave no espaço. Ele mostra os desafios da equipe para atender os desejos de Musk e oferece acesso à primeira missão tripulada lançada nos Estados Unidos desde que o ônibus espacial foi aposentado em 2011.

Mais Musk:

Se a produção da Netflix explorou a parte visionária do bilionário, um novo documentário do The New York Times, em parceria com a FX e Hulu, vai mostrar a tentativa da Tesla de esconder acidentes fatais, envolvendo carros autônomos da empresa. “Elon Musk`s crash course” estreia hoje ( 20/05)nos Estados Unidos. No Brasil, ainda sem data definida.

 

Jobs – direção: Joshua Michael Stern – 2013 

Reprodução/Divulgação

De todos esses “semideuses” modernos, o mais cultuado é Steve Jobs. O filme mostra sua trajetória de hippie indiferente aos estudos a CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Apple. Graças a ele estou aqui escrevendo no meu computador pessoal… Bem, genialidade à parte, Jobs era conhecido também por sua personalidade forte e poucos pruridos em derrubar o que/quem fosse para alcançar suas metas. Ashton Kutcher, apaixonado por tecnologia, foi o ator (mal) escolhido para interpretar o ícone da informática, morto pelo câncer aos 56 anos.

Mais Jobs:

Um personagem tão carismático e controverso não ia ganhar apenas uma versão.  “Steve Jobs”, dirigido por Danny Boyle, com o ótimo Michael Fassbender; e o documentário “Steve Jobs: O homem e a máquina”, estão disponíveis no Telecine.

 

O Código Bill Gates – doc – 03 episódios- direção: Davis Guggenheim – 2019 – Netflix

Reprodução/Divulgação

Não tão carismático, mas fundamental na revolução que a informática causaria no planeta, o pioneiro Bill Gates é um personagem e tanto. Essa série documental tem a pretensão de entender como funciona a mente de Gates. O foco está muito na Fundação Bill & Melinda Gates, aliás a ex-mulher do milionário, é uma figura tão interessante quanto ele.

Como não poderia faltar, lá está também o lado sombrio do gênio que exigia dos trabalhadores da Microsoft a mesma obsessão dele para o trabalho. O patrão chegava a decorar as placas dos carros dos funcionários para olhar pela janela e ver quem estava trabalhando. É mostrada também a investigação anti-monopólio feita pelo Governo dos EUA, que quase destruiu a Microsoft .

 

Batalha Bilionária: O Caso Google Earth – 04 episódios – 2021 – Netflix

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Essa minissérie alemã traz um ângulo diferente. Não é a visão dos vencedores, mas sobre quem perdeu a luta contra um oponente muito mais poderoso. Em 1994, um estudante de artes alemão e um hacker húngaro criaram, em Berlim, o sistema Terravision.  Era uma representação virtual da Terra em rede com base em imagens de satélite e fotos aéreas. Isso lembra alguma coisa? Pois é, por ingenuidade, eles mostraram a tecnologia para a pessoa errada e ela acabou nas mãos da poderosa Google. Surgiu assim, o famoso Google Earth. Em 2014, os criadores originais entraram na disputa judicial por quebra de patente contra a megacorporação. A minissérie intercala a época da criação do Terravision e a vida pessoal animada dos jovens europeus e o julgamento sobre os direitos do sistema.

 

A Rede Social – direção: David Fincher – 2010

Reprodução/Divulgação

Apesar de mais antigo, não poderia faltar nesta lista o filme sobre o surgimento do Facebook. Mark Zuckerberg era um jovem analista de sistemas, graduado em Harvard, quando teve a ideia de criar uma rede de conexão entre os alunos do campus. O sucesso foi tanto que ele se tornou o mais jovem bilionário da história. Junto vieram as complicações na vida pessoal e profissional. Esse “semideus” também carrega manchas no currículo e chegou a ser processado por seu ex-melhor amigo, o brasileiro Eduardo Savarin, por disputa de propriedade intelectual.

O filme de Fincher é considerado visionário, ao adiantar o quanto o mundo virtual mudaria para sempre as relações humanas e, não necessariamente, para melhor.

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A INVASÃO AMERICANA NO FESTIVAL DE CANNES  2022

Reprodução/Divulgação

O 75º Festival de Cinema de Cannes começou dia 17 e segue até o dia 28 de maio, trazendo algumas surpresas. Conhecido por valorizar o cinema europeu e mais independente, nesta edição o festival se rendeu ao popular e fez uma homenagem ao ator Tom Cruise, cujo filme Top Gun: Maverick vai estrear na chic Cannes. O ator até ganhou um prêmio surpresa de Palma de Ouro.

Forest Withacker é outro ator norte-americano a ser homenageado com a Palma de Ouro Honorária pelo conjunto da obra e ações humanitárias. Ele já recebeu o prêmio de Melhor Ator por ser intérprete de Charlie Parker em “Bird”, lindo filme de estreia de Clint Eastwood na direção.

O cinema dos EUA está presente até no cartaz oficial do Festival com uma cena clássica de “O show de Truman”, filme de 1998, dirigido por Peter Weir, com Jim Carrey.

A ausência brasileira

Pela primeira vez em vinte anos, o Brasil não terá filmes nas mostras de Cannes. Uma lástima, já que o Brasil tem história no festival, com trinta e oito indicações à categoria. Em 2019, levamos o Prêmio do Júri por “Bacurau”, em 2019, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

Nosso sotaque este ano só foi ouvido na exibição da versão restaurada de “Deus e o Diabo na terra do sol”, de Glauber Rocha, de 1964, na sessão Cannes Classics, dedicada à preservação do patrimônio cinematográfico mundial.

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cronica

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