A vitória sobre a morte súbita. Essa é a história rara de Israel Martins Lourenço, 7 anos, morador de Palhoça, que nesta ontem, 26, passou por cirurgia no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), em Florianópolis, para colocação de um cardiodesfibrilador implantável (CDI).
Israel estava na escola quando passou pelo evento de morte súbita abortada por arritmia extremamente grave. O professor de Educação Física, ao ver que o menino desmaiado e sem pulsação, iniciou massagem cardíaca. “Era a pessoa certa no lugar certo. Depois, um segurança chegou e fez respiração boca a boca. Israel acordou bem, sem sequelas, o que foi muito raro”, conta a médica chefe da Cardiologia do HIJG, Marcia Mallmann Cappellari. O nome morte súbita abortada vem do fato de alguém ter conseguido fazer a ressuscitação a tempo.
Antes da ocorrência, segundo a mãe, Débora Martins Lourenço, o menino nunca tinha apresentado nenhum tipo de problema cardíaco e era saudável. “No hospital, ficamos sabendo do diagnóstico, que era Síndrome do QT Longo. Ficamos 42 dias aqui, passando por exames, e agora tivemos mais uma vitória, que foi a cirurgia. Deu tudo certo e logo ele estará em casa, vivendo uma vida normal de criança, como ele sempre teve. Sou grata porque Deus dá a sabedoria para os médicos mostrarem a solução. Deus deu ao meu filho uma nova chance, ele superou a morte”, enfatiza a mãe.
Foi a primeira vez, em 30 anos de registros médicos em prontuários do HIJG, que a doença rara de Israel foi diagnosticada em um paciente.
A Síndrome do QT Longo, explica a cardiologista, é um problema complexo dentro do coração, diagnosticado com exame de eletrocardiograma. “O nome da síndrome vem do fato de que podemos ver o intervalo QT do eletrocardiograma alargado. Quanto mais alargado, pior as consequências. Nos preocupamos tanto com a Síndrome do QT Longo em crianças porque é uma síndrome muito relacionada à morte súbita. Existem outros tipos de manifestações da doença, como palpitações, convulsões e a síncope, que é o desmaio”, descreve.
Gustavo Galli Reis, cardiologista, supervisor da técnica na região Sul do país, veio ao HIJG especialmente para a cirurgia. “O aparelho implantado serve para reverter algumas arritmias graves que levam à parada cardíaca. É uma tecnologia nova com a qual não precisamos colocar nenhum tipo de dispositivo dentro do coração e nem dentro das veias. Tudo é implantado por fora na caixa torácica e o paciente fica protegido do mesmo jeito. Se o paciente tiver uma arritmia grave, o aparelho é capaz de reverter a parada cardíaca”, esclarece o médico.
O CDI é composto por gerador de pulsos e eletrodos que monitoram o coração por 24 horas, emitindo impulso elétrico em caso de parada cardíaca. Por tratar-se de uma paciente muito jovem, o uso do material fornecido pelo SUS acarretaria várias substituições no decorrer da vida, o que não acontecerá com o aparelho adquirido pelo Estado e implantado em Israel. “Ele vai precisar fazer acompanhamento a cada seis meses e trocar o aparelho depois de seis anos”, informa Márcia.
As informações são da Secom SC.