Farinha pouca, meu pirão primeiro. Essa parece ter sito a tônica da decisão do PSDB para escolher Dalírio Beber para ser candidato a vice na chapa de Esperidião Amin (PP).
Dalírio sempre foi a figura mais estrategista dentro do ninho tucano. Em 2001 ele foi um dos articuladores, junto com Marcos Vieira, que tirou o PSDB do governo de Esperidião Amin (PP) e levou os tucanos para a candidatura de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que acabou vencendo.
Agora, em 2022, o partido vinha empurrando com a barriga a decisão de qual caminho iria seguir. Chegou o dia 1º de agosto e tudo parecia pacificado, mas três dias depois, na reunião da Federação Partidária, a casa quase caiu e muita pena voou no ninho tucano.
Eram 11 votos para escolher o vice de Esperidião, dois do Cidadania, já que Carmen Zanotto estava em Brasília e no seu lugar votou a suplente Ana C. Martins (PSDB), e mais oito do PSDB.
Na ocasião, e os únicos que demonstraram interesse na vaga foram o ex-governador e senador Leonel Pavan e Saulo Sperotto, ex-prefeito de Caçador.
Curiosamente Sperotto levou apenas o voto do prefeito Rogério Pacheco, de Concórdia, e Pavan teve apenas o seu voto e mais um, que acredita-se que tenha sido da vereadora Ana Carolina Martins, de Itajaí.
Os outros 8 votos restantes foram para Dalírio Beber que disse para este colunista que não queria ser candidato a vice e que seu nome surgiu porque alguém dentro do PSDB soltou para a imprensa.
Depois dessa votação, a vereadora Juliana Pavan, de Balneário Camboriú, entrou na sala de reuniões e, gritando, disse que “vocês não terão mais uma vereadora do PSDB em Balneário, não terão. Apareça um tucano na cidade lá em Balneário. Nenhum, nenhum”.
Juliana disse tudo justamente para Dalírio, que foi seu padrinho de casamento, mas que ela hoje o tem como o maior traidor de seu pai, o ex-governador Leonel Pavan.
SENTIMENTO DE TRAIÇÃO
Depois da decisão tomada pelos tucanos de Santa Catarina, Pavan me enviou um áudio de quatro minutos dizendo que foi traído por Dalírio Beber e demais companheiros de PSDB.
A história da reunião começa com o próprio Dalírio, presidente da Federação Partidária PSDB/Cidadania, comunicando para os presentes que não era candidato à vaga de vice. Segundo Pavan, mais para frente, surge o nome de Beber como candidato, mas já com os votos definidos.
Segundo Leonel Pavan, tudo isso foi armado há muito tempo. “Eles armaram no silêncio, num jogo sórdido, e contra mim”.
Pavan disse sempre ter sido parceiro de primeira hora em tudo, mas que nesse processo de escolha do vice, segundo ele, houve um jogo sórdido, armado, no silêncio e sujo. “Disse isso tudo na reunião, inclusive falei em traição porque eu não sabia desse jogo”.
Ele termina o áudio dizendo que “eu não sei qual é a diferença entre o Udo (Döhler – MDB) e o Dalírio, os dois são vices. Há uma diferença, o Udo avisou alguns dias antes. O candidato do vice do PSDB aconteceu na prorrogação. Desejo a eles um bom trabalho e que Deus abençoe a todos e que vença o melhor. Vamos aguardar para ver o resultado final”.
Já Dalírio Beber declarou na Rádio Som Maior, de Criciúma, que defende a pacificação, disse que preza muito pela figura de Leonel Pavan, que ele é uma grande figura da política catarinense, mas que os interesses do partido e os interesses de Santa Catarina devem estar acima dos interesses privados, por mais legítimos que sejam.
Ouça o áudio do ex-governador Leonel Pavan (PSDB)