A Polícia Civil de Santa Catarina vai dar uma entrevista coletiva nesta segunda-feira, 9, às 14h no auditório da Delegacia-Geral, para dar mais detalhes sobre o inquérito que apurou as circunstâncias do incêndio de um caminhão de lixo, de uma empresa terceirizada que presta serviço para a Prefeitura de Florianópolis, no dia 12 de março em Jurerê Internacional durante a greve da Comcap.
O caminhão estava estacionado na Avenida dos Dourados quando, por volta da meia-noite, os funcionários foram abordados e obrigados a sair do veículo. Em seguida, segundo a polícia, os suspeitos teriam pegado um galão de 25 litros de gasolina e ateado fogo no veículo. Segundo a PM, os homens, além de armados, usavam máscaras que impediram a identificação.
No dia 15 de março a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso. Numa publicação do prefeito Topázio Neto (PSD) da época, ele disse que recebeu a informação de que o veículo que perseguiu o caminhão teria sido alugado pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem) “através de uma das diretoras”.
Na ocasião Topázio diz que se tratava de uma “informação confirmada”, mas não citou a fonte. Ele, inclusive, usa o trecho de um vídeo de uma câmera de segurança que flagra a ação e definiu a situação como “terrorismo contra o trabalhador”.
A delegada Michele Alves Rebelo, diretora de Polícia da Grande Florianópolis, citou na época que haveria elementos da participação do sindicato dos trabalhadores na ação, mas que o fato só seria confirmado após conclusão do inquérito.
Já uma nota postada pelo Sintrasem (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis) mostrava surpresa com o fato da postagem do prefeito de Florianópolis tentar conectá-los com o fato.
“Nenhum membro da direção do sindicato está envolvido no referido fato, e acreditamos que nenhum trabalhador esteja envolvido, porque não é essa a nossa cultura de mais de 35 anos de existência em defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora; e assim continuaremos a nossa luta e a nossa história”, termina a nota.
MANDADOS DE BUSCA
No dia 18 de março deste ano a Polícia Civil cumpriu mandado de busca na residência de quatro diretores do Sindicato, onde recolheram os celulares dos investigados. A juíza da 2ª Vara Criminal de Florianópolis, Andreia Regis Vaz, negou outro pedido que havia sido feito pelos investigadores para que houvesse a prisão dos alvos, onde o Ministério Público também foi contrário as prisões.
No pedido feito à Justiça, a Polícia Civil relatou que “os elementos demonstram que foram os investigados (quatro diretores do Sintrasem) que alugaram o veículo utilizado na prática do crime, entre o período de 28/02/2024 e 14/03/2024”.
Para a juíza, a locação do veículo pelos investigados não se traduz em indícios suficientes da autoria dos crimes: “não há elementos informativos aptos a caracterizar indícios de autoria suficientes para autorizar a prisão cautelar… isso permite apenas a continuidade das investigações, mas não a segregação dos representados, uma vez que não ficou evidenciada a participação deles na execução do crime”.
Em nota, o sindicato informou na época que “os diretores do Sintrasem receberam os mandados com muita tranquilidade, pois sabemos que nada de ilícito será encontrado. Os mandados de busca e apreensão efetuados hoje acontecem dentro do contexto de criminalização do sindicato, na tentativa de vincular o Sintrasem e seus diretores a atividades ilícitas. O Sintrasem não teve acesso ao inquérito policial e não podemos nos pronunciar sobre o conteúdo do mesmo, que, aliás, corre em segredo de justiça”.