Em uma cerimônia do BNDES o Presidente Lula afirmou que “Não existe nenhuma justificativa para a taxa Selic (taxa básica de juros) a 13,5% (sic), é só ver a carta do Copom para ver a vergonha que é esse aumento de juros e a explicação que deram para sociedade brasileira”. A crítica a alta taxa básica de juros caiu como uma bomba no mercado e na mídia de forma geral. Comentaristas ergueram a voz contra a falta de filtro na fala do Presidente e o mercado não passou pano para a declaração, assim como fez no caso das Lojas Americanas.
Mas o Presidente critica a taxa de juros de 13,5% a.a.? Bom lembrar que essa briga do Lula é antiga e que Henrique Meirelles, quando Presidente do Banco Central indicado pelo próprio Lula, sentiu na pele a ofensiva do Presidente para que a taxa de juros ficasse em um patamar menor. Isso porque as taxas de juros menores estimulam o crédito e o consumo, que estimula o crescimento da economia.
A Selic é uma forma do Banco Central tentar controlar a inflação no país. Quando a Selic está Selic alta há menos crédito no mercado, menos dinheiro circulando e a procura por produtos e serviços é menor. Quanto mais alta é a taxa de juros, mais ela dificulta o crédito ao consumidor e ao setor produtivo, consequentemente, há queda da produção e das vendas. A Selic tente a ficar alta quando há pressão inflacionária. Os movimentos da Selic influenciam todas as taxas de juros praticadas no país – sejam as que um banco cobra ao conceder um empréstimo, sejam as que um investidor recebe ao realizar uma aplicação financeira.
Então, o ruído provocado pela declaração do Presidente relação a política de juros do Banco Central ganhou mais holofotes do que deveria. Ora! O BC é autônomo e assim vai continuar sendo, mas criticar os juros altos é procedente para o propósito declarado por Lula durante a campanha eleitoral e projetado para os próximos 4 anos: Lula quer ver a economia girar, quer a gerações de emprego e renda. Os empresários também compreendem a importância dos juros baixos para novos investimentos e até mesmo para amenizar o impacto sobre a dívida pública.
A crítica construtiva é sempre bem-vinda, mas cabe separar o joio do trigo, antes de criticar a fala do Lula é necessário compreender o contexto no propósito da gestão do petista e a importância de uma taxa de juros mais baixa. Mas também cabe ao Presidente recorrer a um filtro em suas declarações, já que o mercado está ainda muito sensível as suas declarações. E isso não contribui em nada para o controle da inflação e a queda na taxa básica de juros.