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PRECISAMOS FALAR SOBRE ‘ELA’

PRECISAMOS FALAR SOBRE 'ELA'
Cena de O Sétimo Selo

Dando um tempo no formato temático de Cine & Séries, mas garantindo a leitura semanal para quem segue a coluna. Toda sexta-feira,  uma nova “Crônica em Quarentena” e, claro, dicas de filmes e séries para fugir um pouco desse insensato mundo real. Cuidem-se!

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Crônicas em Quarentena – X – Precisamos falar sobre “ela”

Por mais que não gostemos de pensar nela é impossível ignorá-la, principalmente agora quando é mencionada à exaustão na mídia. Costumamos nos referir ao ato como: “descansou”,”fechou os olhos”, “deu o último suspiro”, “expirou”, “nos deixou”. Ser tão temida não impede o uso de outros eufemismos pouco respeitosos como “empacotou”, ” bateu as botas”, “esticou as canelas”, “virou presunto”. Eu, por cautela, prefiro usar “partiu”.

Estamos falando da indesejada, do sono eterno, da china maleva, da irreversível, dela… a morte.  Pronto, escrevi a palavra! Como não poderia deixar de ser ela já foi tema de vários filmes. Em O sétimo selo (1959), de Ingmar Bergman, ela é representada pela terrível figura de preto, segurando uma foice, mas também já teve a linda face de Brad Pitt no filme Encontro Marcado (1998), onde o Anjo da Morte vem buscar o magnata interpretado por Anthony Hopkins. No emocionante filme A Partida ( 2009), vemos o ritual japonês de preparação para o funeral. Isso inclui maquiar e vestir os corpos, diante da própria família em luto, deixando o morto com as faces rosadas como em vida.

Não haveria de ser diferente, a morte tem espaço garantido no cinema, na literatura, na música e também na pintura como em A Morte da Virgem, de Michelangelo Caravaggio, ou O triunfo da morte, de Pieter Brueghel o Velho, (1562).

Agora, mais que nunca, estamos sendo obrigados a olhar para ela de frente. Recebemos diariamente a estatística dos mortos pela Covid-19, no Brasil e no resto do mundo. Vemos imagens de covas sendo abertas às centenas, filas de caixões, familiares que choram a perda dos seus amados sem poder se despedir por causa do contágio.

Nem preciso argumentar muito sobre o absurdo de haver gente que não leva a pandemia a sério, descumpre o isolamento social, faz festa e passeia no shopping como se a morte não estivesse à espreita. Basta olhar os números. Quando publiquei a Crônica em Quarentena n° IV, em 22 de maio, mencionei 19 mil mortos pelo coronavírus no Brasil. Pouco mais de um mês se passou e estamos com mais de 60 mil mortes ! É só fazer as contas.

Em O Sétimo Selo,  o personagem Antonius Block, vivido por Max Von Sidow, é um soldado que volta das Cruzadas e encontra o país devastado pela Peste Negra. A Morte espera por ele. Para ganhar tempo, ele propõe um jogo de xadrez e a Morte aceita, já que nunca perde. A vida de Antonius depende de vencer a partida.

Na vida real não há negociação, pois como diz a canção de Cacaso, na voz maravilhosa de Elis, ” a barra da morte é que ela não tem meio termo”. É jogo perdido. Quer apostar? Eu, não.

(Brígida De Poli)

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O SÉTIMO SELO – Direção -Ingmar Bergman

Você pode ver na íntegra aqui (Cine Antiqua Purple/YouTube)

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COMENTÁRIOS SOBRE A CRÔNICA ‘O SOM AO REDOR

 

Edna Domenica

Adorei a coluna de hoje (26/06/2020): crônica descontraída e plena, ao pé do ouvido do nosso cotidiano. Instrutiva (antes da leitura eu ignorava o dilema reprodutor dos sabiás!).
Muitas dicas de filmes e séries.
Apreciem também!

Gilberto Motta

Qualidade e dicas deliciosas. Os filmes japoneses revi quase todos nos últimos dias ( e estão novinhos em áudio e imagem) são sublimes. “A Peste da Insônia” é de uma força e em pleno pandemônio vivido por todos nós chega a dar um nó no peito de tão sincero, dor/poética no texto de Gabo e nas interpretações extraordinárias desses brilhantes artistas. Gratíssimo.

 

Deborah Matte

Tuas crônicas estão cada vez mais gostosas. A coluna como um todo é uma delícia. O filme do Gabo dialogou bem com meu momento. O tempo que tenho agora me permite coisas ótimas!

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DICAS DE FILMES * DICAS DE SÉRIES

 

NETFLIX – Novidades

 

A Sociedade Literária e a torta de casca de batata

Um filme dirigido por Mike Newell com uma trama triste e delicada, sem ser boboca. A história se baseia no romance de mesmo nome, escrito a quatro mãos por Mary Ann Shaffer e Annie Barrows.

Sinopse: Juliet Ashton é uma escritora na Londres de 1946 que decide visitar Guernsey, uma das Ilhas do Canal invadidas pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, depois que ela recebe uma carta de um fazendeiro contando sobre como um clube do livro local foi fundado durante a guerra. Lá ela constrói profundos relacionamentos com os moradores da ilha e decide escrever um livro sobre as experiências deles na guerra. (Adoro Cinema)

 

Fauda – série – 3 temporadas

Se o filme recomendado é delicado, a série é exatamente o oposto. Fauda significa caos em árabe e retrata a ação de uma unidade secreta israelense que opera em territórios palestinos. Apesar da produção ser israelense, não há “santos” entre os agentes judeus. Eles são tão capazes de chantagear, torturar e matar quanto o outro lado. Mesmo assim, o seriado recebe críticas sobre dar “mais moral” para os conterrâneos do que para os árabes.

Na recente 3ª temporada, Fauda coloca no centro da trama cidadãos inocentes que nada têm a ver com o conflito israelense X palestino, mas são obrigados a se envolver na luta insana e acabam mal.

Se existe um pivô nesse caos, ele é o agente Doron Kavillio, interpretado por Lion Raz  que também é co-autor da série. Violento e vingativo, costuma desobedecer as ordens dos superiores e acaba causando estragos na Unidade e em pessoas próximas. Seu espírito de liderança faz com que seus colegas o sigam em suas tresloucadas operações.

Independente da questão política, quem gosta de ação pode seguir a série sem ela. Os episódios são curtos e garantem um ritmo acelerado constante.

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TELECINE

 

Coringa – direção: Todd Phillips

Quem ainda não viu e estiver a fim de investir um dinheirinho para conhecer o grande personagem das telas em 2019, Coringa está disponível no Telecine com 50% de desconto. Vale, no mínimo, para conhecer o trabalho que deu todos os grandes prêmios de interpretação a Joaquin Phoenix.

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FESTIVAL DE CINEMA VARILUX

Lembrete: quem quiser ver os filmes do Festival  Varilux de Cinema de graça ainda tem até agosto para fazê-lo. São  50 títulos franceses disponíveis no canal Looke, mesmo para não assinantes.

Entre eles:  Agnus Dei , Asterix e o domínio dos deus, O menino da Floresta.

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ADEUS, SUZANA AMARAL

O ano de 2020 tem levado muitos artistas brasileiros embora. Uma delas,  Susana Amaral, que estreou na direção adaptando a obra-prima de Clarice Lispector para as telas. A Hora da Estrela conta a história de Macabéa, uma ingênua jovem nordestina que vive em São Paulo .O papel deu a Marcélia Cartaxo o Urso de Prata de Melhor Atriz, no Festival de Berlim, em 1987.

Você pode assistir na íntegra e conferir o trabalho de Suzana.

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HASTA LA VISTA , BABY!

(*) Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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