Após 13 dias de paralisação, a greve dos servidores municipais de Florianópolis foi encerrada nesta terça-feira (25) com um acordo entre a Prefeitura e o Sintrasem, mediado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). O desfecho, contudo, levanta questionamentos: o que realmente motivou a mudança de postura do prefeito Topázio Neto? Teriam sido as vaias na abertura do Carnaval e a pressão nas redes sociais, ou apenas um movimento estratégico diante do risco de uma crise política ainda maior?
No centro da disputa, está o Projeto de Reforma da Previdência, que previa mudanças na aposentadoria dos servidores, incluindo aumento da idade mínima e desconto previdenciário para inativos. Com o acordo, a votação do projeto foi adiada para 7 de abril, enquanto estudos e esclarecimentos serão apresentados pelo IPREF e pela prefeitura ao sindicato. Além disso, a administração municipal se comprometeu com o chamamento imediato de 268 aprovados no concurso da Educação, além de novas contratações na Saúde e a retomada da Comissão de Descompactação da Tabela do Magistério.
Outro ponto de impasse foi a tentativa da Prefeitura de punir financeiramente o sindicato. O Sintrasem terá que pagar R$ 700 mil em multas pela greve, valor que será revertido ao fundo de aposentadoria dos servidores. Contudo, a categoria conseguiu garantir que nenhum trabalhador será demitido ou punido administrativamente pela paralisação.
A narrativa da Prefeitura reforça a ideia de que a greve foi um movimento político, enquanto o sindicato considera que a paralisação fortaleceu a mobilização contra a reforma e evitou perdas de direitos. O recuo do governo indica que a base política de Topázio Neto pode não estar tão segura para aprovar a reforma sem resistência.
Diante do cenário, fica a questão: foi um gesto de bom senso ou um recuo tático para conter a insatisfação popular? O fato é que a batalha pela Previdência ainda não acabou – o 7 de abril será o próximo grande teste para a administração municipal.