
No dia 27 de abril, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), na foto durante uma sessão da comissão, materializou em dezenas de pedidos de informações a estratégia do Palácio do Planalto de envolver governadores e prefeitos nos debates da CPI da Covid.
Um deles foi enviado à Procuradoria Geral de Justiça, a chefia do MP de Santa Catarina, que respondeu com documentos à CPI, 31 cópias de procedimentos que apuram irregularidades na aplicação de recursos federais em análise pelas promotorias de Justiça no Estado, com a ressalva de que, como se encontram na fase de coleta de provas e depoimentos, não é possível constatar a origem exata das verbas.
A linha de corte no pedido de Nogueira são verbas para o combate à Covid-19 entregues ao governo do Estado (as 26 unidades, mais o Distrito Federal) e aos municípios de até 200 mil habitantes, justamente para blindar o presidente Jair Bolsonaro com eventuais mau uso ou desvio dos recursos por governadores e prefeitos.
A eventual falta de regularidade na aplicação dos recursos federais servirá aos propósitos dos governistas que trabalham para evitar um palanque eleitoral único contra Bolsonaro e espalhar o comprometimento nas bases país afora, uma antecipação que promete constranger adversários do presidente.
Surpresa
A Polícia Civil de Santa Catarina ainda não respondeu à coluna sobre o mesmo pedido de Ciro Nogueira, que envolve também a Polícia Judiciária Federal.
Curioso foi o fato de o Tribunal de Contas do Estado não ter recebido solicitação alguma, o que provocou uma reação no mínimo interessante: a corte administrativa catarinense chegou a questionar a CPI da Covid sobre a ausência de qualquer pedido.
Primeiros atos
Pressionado pelo avanço contra o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e com as ameaças que cercam o depoimento de um ex-titular da pasta, o general Eduardo Pazuello, que a AGU solicitou ao STF que fique em silêncio durante a presença na CPI, o Planalto não vê outra alternativa senão bater em prefeitos e governadores.
Há muito é aguardada uma ofensiva do senador Jorginho Mello (PL), único catarinense na Comissão, para agradar os bolsonaristas locais e atirar contra o governador Carlos Moisés, principalmente em cima da compra de 200 respiradores com pagamento antecipado de R$ 33 milhões, sem a garantia de entrega, e que motivou o segundo pedido de impeachment, arquivado há uma semana.
Cálculo
Se Jorginho calcular os riscos, deveria pensar melhor para não dar holofotes e palanque a Moisés, que não tem só a decisão política que o livrou da perda do mandato.
Nem Polícia federal nem Procuradoria Geral da República nem Ministério Público de Santa Catarina, Tribunal de Contas do Estado ou Polícia Civil identificaram ação delituosa do governador, que enfrenta agora um outro movimento na 3ª Turma Revisora do Conselho Superior do MP Estadual, em que a tentativa é transformar o fato em denúncia por improbidade administrativa.
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TRISTE E IRREVERSÍVEL
A foto com o filho Tomás, tirada no Hospital Sírio Libanês, é quase que um epitáfio e uma homenagem ao prefeito Bruno Covas (PSDB), que perdeu a batalha contra um câncer depois de um ano e meio de luta, doença que se espalhou pelo sistema digestivo e os ossos. Com situação considerada irreversível pelos médicos nesta sexta (14), o neto do ex-senador, governador, prefeito de São Paulo, deputado e candidato à Presidência Mário Covas, ganhou luz própria na política ao se reeleger na capital paulista, depois de ter sido vice de João Doria Júnior, hoje governador. Tucano como o avô, que foi um dos fundadores nacionais da sigla, Bruno, que sai de cena aos 41 anos, também foi deputado estadual e federal. Uma perda!