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Setor empresarial reclama da atual situação dos portos de Santa Catarina

A Federação das Indústrias de SC (Fiesc), através da Câmara de Transporte e Logística, fez na última terça-feira, 19, uma reunião para buscar soluções para a situação crítica do transporte marítimo e dos terminais portuários de Santa Catarina.

O presidente da Câmara, Egídio Martorano, explica que as indústrias estão sendo penalizadas com atrasos nos embarques de exportações, atrasos na chegada de insumos via importações, cobranças de taxas questionáveis e aumento de despesas de armazenagem estão entre as principais reclamações da indústria catarinense.

“Os reflexos são o aumento de custos, perda de contratos, perda de competitividade no mercado internacional e também da credibilidade das empresas perante seus clientes”, disse Egídio.

Para Carlos José Kurtz, diretor Institucional e Jurídico da Fiesc, “há problemas de todo lado. O conselho para as empresas é que elas se organizem para identificar quem efetivamente falhou na prestação do serviço ou motivou cobranças”.

 

O QUE DIZEM AS INDÚSTRIAS

Segundo Luiz Fernando Castro da Cruz, que é o diretor de Logística da BMW “para a produção do X4 e X5, as peças vêm dos Estados Unidos, onde está o maior problema. Em 2024, apenas 10% das cargas de importação chegam como o programado. Temos um contêiner com 90 dias de atraso. Isso está causando paralisação na linha de produção do nosso produto com maior margem”.

Alexandre Bartsch (Doca), gerente de Logística da WEG, fala que “a Weg exporta 800 contêineres por mês por portos de SC. Estamos perdendo a capacidade de entregar valor para os clientes. Das nossas cargas, 54% sofreram atrasos, 10% omissão do navio. Não tenho mais caixinha de desculpas. A exportação é uma fortaleza de SC. A Weg não desiste de SC, mas o cliente desiste, e é o polo econômico que perde”.

Camila Bramorski Ristow, representante da Nidec, diz que “2024 tem sido um pesadelo. Precisamos investir em estoques de segurança para não alterar a produção. A infraestrutura atual não é condizente com a economia de SC. Precisamos aumentar a nossa sinergia e nos comunicar melhor”.

Já Jorge Luiz de Lima, que é o gerente executivo do Sindicarne, comenta que “somos responsáveis por 70% do volume de exportações de Santa Catarina, sendo 3% grãos e 67% proteína animal. Movimentamos 344 contêineres por dia, ou 90 mil no ano. O prejuízo mensal somado de Aurora, BRF e JBS chega US$ 1 milhão por atrasos na exportação, a maioria por dificuldades na emissão do certificado internacional de vigilância sanitária”.

Leonir Tesser, diretor da Temasa, diz que chegou a perder um negócio de U$ 5 milhões com um cliente internacional depois de um planejamento de 3 anos. “Todo o setor de base florestal está sendo impactado. Uma empresa de pellets da região de Caçador recebeu uma cobrança de R$ 480 mil em despesas, de um contêiner de US$ 10 mil”.

 

O QUE DIZEM OS PORTOS

Ivan Amaral – Secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de SC, fala que “a meta é atuar em conjunto com quem produz. O Paraguai tem interesse em usar os portos de SC, mas antes de pensar em ampliar nossas operações, é preciso resolver os problemas de casa”.

Já Alesandro Zen, que é gerente comercial da Portonave, diz que a maior dificuldade é a regularidade de navios. “Diante da ansiedade dos armadores em recuperar atrasos (decorrentes de desvios de rotas motivadas por conflitos geopolíticos), eles escolhem outros portos para atracar e mudam rotas em cima da hora. Também tivemos o problema da dragagem de manutenção. A cada um metro de perda de calado temos perda de capacidade de 800 contêineres”.

Ricardo Arten, CEO Porto Itapoá, fala que “Itapoá tem ajudado a resolver problemas de outros portos e sofrido com a falta de previsibilidade dos armadores, que nos informam mudança de rota do dia para noite. Mesmo com os investimentos que temos previsto, vamos precisar da melhoria dos acessos ao porto para conseguir atender ao crescimento da demanda”.

 

A VISÃO DOS ÓRGÃOS FEDERAIS

Juliana Simas de Macedo, representante da Receita Federal, fala que “a fiscalização aduaneira no Brasil tem evitado a manutenção de contêineres nas Zonas Primárias, com a parametrização. Hoje, 98% das cargas caem no sinal verde da parametrização, número reconhecido como dentro dos padrões internacionais pela Associação Internacional de Aduanas. Indústrias podem conhecer melhor as opções como regimes especiais e normas para o uso das zonas secundárias na sua estratégia. Há espaço para melhorias, com aumento do número de prestadores de serviços portuários ao programa OEA (Operador Econômico Autorizado)”.

Já Elisa da Silva Braga Boccia, da Anvisa, comenta que “a Anvisa está utilizando inteligência artificial para ajudar na fiscalização, para ter emissão mais célere de documentos, dentro do programa Porto sem Papel. O efetivo da ANVISA tem se reduzido devido a aposentadorias e esses postos de trabalho não estão sendo preenchidos”.

Lucas Sampaio Ataliba, da Antaq, esclarece que “percebemos uma subnotificação muito grande de usuários, e mesmo assim observamos um crescimento expressivo das denúncias. Em setembro de 2024 alcançamos o volume de todo o ano de 2023. O maior problema é a falta de berços, porque os berços de atracação dão o start em todo o processo. Apesar disso, temos umas das maiores produtividades do mundo na operação com contêineres”.

 

 

 

 

 

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