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Thomas, Birgitte, Martha e Coppola deixaram saudades

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Thomas, Birgitte, Martha e Coppola deixaram saudades

Adeus ou até logo?

Mal deram adeus e já estou com saudades antecipadas dos personagens com os quais “convivi” durante anos. Foi assim com Thomas Shelby, o líder dos terríveis “Peaky Blinders”. Estava guardando o último episódio da derradeira sexta temporada, mas agora já vi e acabou mesmo. Muitas séries boas têm apresentado finais fracos, mas “Peaky Blinders “nos deu uma última temporada espetacular. Que desfecho, minha gente! Ah, eu falei que acabou? Bem, não só os fãs têm dificuldade de despedir-se de uma turma tão carismática, os produtores também querem aproveitar ao máximo o sucesso da série. Já está definido que não haverá uma sétima temporada, mas existem tratativas para lançar um filme em 2023. A história se passaria durante a Segunda Guerra Mundial, com Tommy lutando contra o fascismo que começou a se instalar no decorrer dos últimos episódios. Já estou reservando lugar na primeira fila do cinema. Além disso, a trama final sugere que está se formando uma nova geração disposta a assumir os negócios escusos da família Shelby. Um deles, é Duque, o filho ilegítimo de Thomas. Poderá render o chamado spin-off, uma série derivada de outra. A ver.

*Seis temporadas disponíveis na Netflix.

 

Bye,bye, Birgitte

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Esta semana despedi-me também de Birgitte Nyborg, que começou sua trajetória política em 2010, com a estreia de “Borgen”. A série dinamarquesa mostra a ascensão de uma jovem na política, até virar a primeira mulher a tornar-se Primeira Ministra na Dinamarca. Agora, na quarta temporada, Birgitte já não é mais a mesma. A antiga idealista está mais apegada ao poder, quebra os princípios de seu partido com o controle ambiental e, na vida pessoal solitária enfrenta a menopausa. Fomos vendo a atriz Sidse Babet Knusen amadurecer diante dos nossos olhos. Outra personagem importante é a jornalista Katrine Fonsmark, que já foi assessora de imprensa de Birgitte. Agora, chefiando um canal de televisão, onde foi repórter, Katrine enfrenta as agruras de quem passou para o “outro lado do balcão”. É interessante ver como as duas mulheres são espelho uma da outra nessa etapa da carreira, mesmo sem estarem mais ligadas diretamente uma à outra. Como é difícil estar no comando e manter princípios e convicções intactas! ( Na foto, o elenco da última temporada).

*Quatro temporadas disponíveis na Netflix.

 

 

“Sem Martha não haveria Watergate”

A frase é do próprio presidente americano Richard Nixon que renunciou em 1977, após o escândalo de Watergate [gerado pela descoberta de que a presidência mandou grampear o partido rival durante a campanha para reeleição de Nixon]. É incrível como até hoje  Martha Mitchell, importante figura no desenrolar dos fatos, tenho ficado à margem. Agora, ela chega com tudo na minissérie da qual me despedi também nesta semana. Casada com o advogado e procurador do governo Nixon, John Mitchell, Martha adorava estar na mídia, com seus penteados armados e sorriso permanente. Diferentemente das outras esposas de políticos, Martha não ficava à sombra e dizia o que lhe vinha na cabeça. Com a descoberta do grampeamento envolvendo um ex-segurança dela, a socialite com sua língua afiada tornou-se uma figura perigosa, a ponto de ser trancafiada em casa a mando do próprio marido. Martha acabou depondo contra Nixon, foi abandonada por Mitchell e morreu de câncer pouco tempo depois. Quem a interpreta na série é ninguém menos que Julia Roberts, ao lado de um Sean Penn impecável como o marido da diva. Pergunto novamente como alguém como Martha ficou tanto tempo oculta nos relatos do maior escândalo da política norte-americana da história? Ainda bem que agora sua participação no caso e sua personalidade exuberante vieram à luz também no documentário “O efeito Martha Mitchell”. A expressão significa o costume de chamarem mulheres de loucas, histéricas e descontroladas como forma de desautorizarem suas opiniões. Foi muito interessante ver a Martha real nesse curta documental de quarenta minutos, depois de conhecê-la na minissérie. (Na foto, Julia Roberts e a Martha real).

*Série e documentário disponíveis na Netflix.

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Ciao, famiglia

Esta foi decididamente uma semana de despedidas. Gastei também o último episódio da minissérie “The Offer”(A Oferta), a minissérie que conta os bastidores da filmagem de “O Poderoso Chefão”. O produtor iniciante, Al Ruddy, teve que lidar não só com a ira da máfia e de Frank Sinatra contra a história,  mas com a falta de verba para atender as exigências de Francis Coppola- como a de filmar trechos  do filme na Sicília –  e a quase falência da Paramount. Depois de uma árdua batalha da produção, “ O Poderoso Chefão” foi um mega sucesso e acabou salvando o estúdio da derrocada. Já Al Ruddy não quis produzir a segunda parte. Preferiu investir em “ Golpe Baixo”, com Burt Reynolds. “The Offer” recebeu algumas críticas ruins, mas eu achei deliciosa, inclusive pelas referências a filmes que assisti ao longo da vida, como “Love Story” e “ Chinatown”.

*Disponível no canal Paramount + (Prime ou Net)

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Novos filmes em streaming

A ira de Deus – direção: Sebastián Schindel – Argentina – 2022 – Netflix

O diretor argentino Schindel tem feito bons filmes de suspense [O Patrão: Radiografia de um Crime (2014), O Filho Protegido (2019) e Crimes de família (2020) – todos disponíveis na Netflix]. “ A ira de Deus” é baseado no romance de Guillermo Martínez, “A Lenta Morte de Luciana B”. O drama psicológico tem mortes, mistério, vingança e, claro, reviravoltas . A trama gira em torno da jovem assistente de um escritor famoso que vê os membros de sua família morrendo um a um, depois de um incidente com seu chefe célebre. Será ele o responsável ? A história prende a atenção, é sempre bom rever imagens icônicas de Buenos Aires, como a livraria El Ateneo, importante local para a trama, mas eu gostaria de ver outro ator no papel do escritor misterioso. Diego Peretti faz tanto comédia quanto drama, mas o prefiro nos papéis de humor. (Veja o trailer)

 

Malmkrog – direção: Cristi Puiu – Romênia – 2020 – Mubi

Este é para quem gosta de conhecer produções de nacionalidades pouco exibidas no Brasil e prefere um tipo bem específico de filme. O drama romeno tem um ritmo mais lento e muito texto, que fará a alegria dos fãs de Ingmar Bergman, por exemplo. Tudo se passa em um único ambiente, onde um latifundiário, uma condessa, um militar e um político se reúnem numa grande propriedade para discutir morte, progresso, moralidade e guerra. Adaptado do livro Three Conversations do russo Vladimir Solovyov, o longa tem 3h20 de duração.

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Belfast – direção: Kenneth Branagh – Reino Unido – 2021 – Telecine

Infelizmente o filme ainda não está liberado no on demand, mas pode ser alugado na Net. Vale a pena para quem gosta de histórias delicadas como esta baseada na infância do próprio diretor, o ator Kenneth Branagh. “Belfast” foi indicado ao Oscar em várias categorias, inclusive a de melhor filme.

Baseado na infância de Branagh, a trama é centrada na vida de uma família protestante da Irlanda do Norte da classe trabalhadora da perspectiva de seu filho de nove anos, Buddy, durante os tumultuados anos de 1960.  Buddy percorre a paisagem das lutas da classe trabalhadora, em meio de mudanças culturais e violência extrema. O garoto sonha com um futuro melhor, enquanto “viaja” com que as histórias maravilhosas contadas por sua avó, no caso, a ótima Judie Dench.

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Medida provisória – direção: Lázaro Ramos – 2022 – Brasil – Telecine

Dezenove de junho marca o Dia do Cinema Brasileiro. Nunca foi fácil produzir filmes no Brasil, mas agora a cultura nacional enfrenta novos e duros desafios. Toda produção artística ficou mais difícil. Lázaro Ramos, conhecido por seu talento como ator, conseguiu dirigir esta distopia, baseada na peça “Namíbia, não!”, que ele também dirigiu no teatro.

A trama se passa em um futuro distópico (tema pouco explorado no nosso cinema),  quando o governo brasileiro decreta uma medida provisória prevendo reparação pelo passado escravocrata. Como resposta, o Congresso Nacional aprova uma medida obrigando os cidadãos negros a migrarem para a África, na intenção de retornarem às origens de seus ancestrais. O casal interpretado por Thais Araújo, esposa do diretor, e Alfred Enoch, sofrerão a dor de terem que se separar. Seu Jorge, que além de cantor anda fazendo muito cinema, interpreta o primo que mora com eles. A presença de Enoch no elenco dá uma indicação de que o filme pretende carreira internacional, pois o ator – filho de mãe brasileira – é conhecido por seu papel do bruxo Dino Thomas na saga “Harry Potter”.

Na terra natal, “Medida Provisória” já é o filme brasileiro de maior bilheteria de 2022, graças a uma ótima divulgação. Amém!

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THE END

cronica

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