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Transparente, mas incompreensível

Transparente, mas incompreensível
Foto: Pixabay

Atalho errado. Há 3 anos na Presidência da República e caminhando para o terceiro ano da pandemia, a gestão de Jair Bolsonaro continua transparente. Durante sua vida pública no Congresso enquanto Deputado sempre defendeu causas duvidosas e conseguiu em 28 anos aprovar apenas dois projetos de lei. Já era de conhecimento público que os livros nunca foram seus companheiros de vida, afinal “os livros tem muitas coisas escritas” (palavras dele). Ele nega o conhecimento em plena Era do Conhecimento, ele nega a ciência no momento em que a ciência é o único caminho para preservar vidas e para controlar a pandemia. Ele poderia ter aproveitado a pandemia para ser o herói da nação, mas optou por ser o vilão, demitiu Luiz Henrique Mandetta, o Ministro da saúde que estava no caminho correto com medo de sombra e optou pelo árduo caminho da ignorância e do encantamento de seguidores pela desinformação.

 

Opção pela desinformação. Hoje as UTIs estão abarrotadas de gente que não tomou a vacina, gente que chega em estado grave, que não vai ter mais uma segunda chance. Ele poderia ter aproveitado o microfone aberto e a mídia para informar, mas fez exatamente o oposto disso. Fez um papel ridículo, não só porque fala o que pensa, mas porque mente de forma compulsiva. Ele receitou medicamentos sem eficácia correndo atrás de uma Ema, tomou leite em live, liderou motociatas, xingou, mas como xingou a imprensa. Imprensa essa que só fez repetir tudo o que ele dizia, de um lado por interesse comercial apoiou e reproduziu a desinformação repassada pelo Presidente,  do outro tentou informar, usou todas as ferramentas, toda a capacidade e competência de seus seus profissionais, uniu-se em consórcio quando o próprio Governo criou dificuldades para obtenção de informações.

 

Cúmplices do negacionismo. O atual Presidente sempre foi transparente. Ele veio para abrir caminho e as leis para a destruição desenfreada do meio ambiente, para impedir a ascensão dos mais pobres a educação, para dificultar o acesso à cultura, para controlar a mídia por meio de “gritos de guerra sincronizados por robôs e aceitos pelos seguidores, contou com a “mídia comprada” e um pequeno exército de jornalistas, colunistas e influenciadores digitais que jogaram a credibilidade na lata do lixo, que deixaram muito claro que não checam as informações e que não tem nenhum pudor em publicar. Eles postam informações falsas em busca de cliques e visualizações em suas páginas. E o pior dessa história é que esse povo sequer sabe que está compartilhando notícias falsas, não tem consciência que colocam a vida das pessoas em risco, porque falta a competência básica para checar as informações, mas se parte deles sabe que está publicando notícias falsas então estamos diante do pior dos seres humanos, pois colocar os interesses pessoais e financeiros acima da ética e de sua credibilidade é simplesmente desprezível.

 

Persistir no erro é condenável. As pessoas que incorporaram o espírito antivacina, aos falsos médicos que receitam remédios sem eficácia em suas colunas e os médicos em seus consultórios, a quem desaconselhou o uso de máscaras, quem questiona o número de óbitos por Covid-19, eu tenho um desejo: que o conhecimento e a ciência os salvem de sua ignorância, mas que a justiça e os conselhos de ética entrem em ação para punir exemplarmente aqueles que guiaram a desinformação dentro de suas respectivas profissões e, neste caso, ninguém foi mais letal do que os jornalistas e médicos que endossaram as indicações de um Presidente negacionista. O erro no princípio, quando ninguém sabia exatamente nada sobre a Covid-19 era compreensível, mas quando a ciência avançou e deixou claro qual o caminho a seguir o erro se tornou em algo abominável e condenável, assim espero.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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