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Viva o streaming!

Sanya Malhotra e Nawazuddin Siddiqui em " O retrato do amor" / divulgação

Viva o streaming!

Como “cinéfila-raiz” resisti a me entregar totalmente ao sistema de streaming para ver filmes importantes. Sempre considerei que eles deviam ser vistos apenas na sala escura do cinema, tela grande, ambiente silencioso, em grupo, mas individualmente. Hoje, agradeço por existir alternativa para assistir o que as redes de shoppings não programam. Graças a plataformas como Netflix, Amazon Prime, Now (HBO, Telecine, Paramount+, Starzplay, Film&Arts), Belas Artes à la carte e outras, tenho acesso a uma infinidade de produções de nacionalidades que os exibidores não têm interesse em projetar nas salas ocupadas por super-heróis da Marvel e companhia.

Embora não seja grande fã do cinema indiano, ontem assisti a um delicado filme chamado “Retrato do amor”, rodado em Mumbai. Há algum tempo descobri através do interessante “My happy family”(Netflix) que a Geórgia [país da ex-União Soviética] tem bons cineastas. E o que dizer de “A mulher do coveiro”,uma co-produção da Finlândia, Alemanha, França, Somália e Catar;  “Mudando o destino”, da Islândia, ou “Nazistas africanos do Kung-Ku”, de Gana (Belas Artes)? Todos disponíveis em streaming, caros leitores! Além de saírem da mesmice, cinematograficamente falando, estas obras ainda possibilitam conhecer outras culturas. Por tudo isso, resolvi agradecer aos inventores da tecnologia que dá tanta alegria aos corações cinéfilos. Viva o streaming!

Em tempo: Ok, melhor ainda se os pudesse ver na sala de cinema…

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FILMES

Retrato do Amor – direção: Ritesh Batra – Índia – 2019 – Netflix

A trama acompanha a jornada de Rafi,  que trabalha como fotógrafo em pontos turísticos da Índia e que não tem tempo para vida pessoal. Ele precisa pagar uma dívida antiga de seu falecido pai para que a avó não perca sua casa. Ele é pressionado pela matriarca , amigos e parentes a achar uma boa esposa. A avó ameaça greve de fome se ele não casar. Para se livrar, Rafi convence uma jovem a quem ele fotografou a passar por sua noiva. Os dois são de classes sociais diferentes, ela é universitária e a família quer casá-la com um rapaz de posses. Aos poucos, a dupla vai se conhecendo e se reconhecendo em várias coisas.  O filme tem um ritmo lento, como convém à história que está contando, e o final é bastante criativo. (Veja o trailer)

 

Stillwater-Em busca da verdade- direção: Tom McCarthy – EUA – 2021- Telecine

Reprodução/Divulgação

Estava com baixas expectativas quando comecei a ver o filme onde Matt Damon (foto) interpreta Bill Baker, um pai tentando provar a inocência da filha acusada de ter assassinado a namorada. Temia que fosse o mais do mesmo. Mas, mesmo não sendo uma obra-prima, o longa tem bons momentos e o final não é o clichê de sempre. A trama é baseada no caso Amanda Knox (documentário disponível na Netflix). O ator convence no papel do operário americano, homem simples e durão, que se muda para Marselha com o intuito de tirar a filha da prisão. Ela o acusa de ter sido um pai ausente e carrega o trauma da mãe ter cometido suicídio. No papel da jovem está Abigail Breslin, conhecida pelo adorável “Pequena Miss Sunshine”. Em Marselha, sem falar francês, Bill é acolhido por uma atriz de teatro, mãe da menina a quem ele se dedicará como não fez com a própria filha.  O diretor Tom McCarthy é responsável também pelo ótimo “Spotlight:Segredos  revelados”, indicado ao Oscar em 2015.

 

Por onde os anjos não passam – direção: Charles Sturridge- 1991-UK-  Cindie/Now

Reprodução/Divulgação

O filme é uma adaptação do primeiro romance de E.M.Forster, autor britânico cuja obra já rendeu ótimos filmes como “Uma passagem para a Índia” e “Retorno a Howards End”. No caso, tanto livro como filme são os menos conhecidos. O elenco traz Helen Mirren – no papel de Lília Herriton (foto)- e Helena Boham Carter, que se tornariam duas das maiores estrelas do cinema inglês.

Sinopse oficial: Vinda de uma abastada família inglesa, a viúva Lilia Herriton viaja para a Itália para um período de férias. Em apenas onze dias, ela se apaixona e casa com Gino Carella, um jovem italiano de 21 anos, filho de um dentista. A notícia cai como uma bomba para os Herriton, que decidem esquecer que ela existe. Apesar das diferenças culturais, de idade e até de classe social, Lilia está feliz. Principalmente quando descobre que espera um bebê. Sua trágica morte ao dar à luz, no entanto, desencadeia uma batalha quando a família resolve buscar a criança e levá-la para a Inglaterra, trazendo mais dor e sofrimento para todos. Mas também mais amor.

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SÉRIES

O Bebê – 8 episódios – HBO/HBO Max – Reino Unido

Reprodução/Divulgação

Série recomendável apenas para quem curte comédia de terror ou o chamado humor ácido. Não que haja cenas sangrentas, tripas e afins, mas nem todo mundo curte a ideia de que um adorável bebê pode provocar fatos estranhos, suicídios e tragédias em geral. Por  ironia, a protagonista que não tem paciência com as amigas maternais, acaba recebendo um bebê caído do céu. Por mais que ela tente se livrar do garotinho, de quem jamais sabemos o nome, não consegue. A explicação para a existência do serzinho maléfico é bem mirabolante, misturando romance homoafetivo, preconceito e carência infantil.

 

Sem limites –  6 episódios – Prime Vídeo – 2022

Agende-se: estreia dia 08/07 a série épica espanhola com Rodrigo Santoro no papel do português Fernão Magalhães,líder da expedição que partiu da Espanha com 239 marinheiros, em 1519. Três anos depois, apenas dezoito marinheiros retornaram, gravemente doentes devido à fome, no único navio que resistiu à viagem, capitaneado pelo velejador espanhol Juan Sebástian Elcano. No papel do espanhol está Álvaro Morte, conhecido por seu trabalho em “La casa de papel”.

Eles percorreram 14.460 léguas, rumo ao oeste, completando a circunavegação do mundo; uma missão quase impossível que buscava encontrar um novo caminho para as “ilhas das especiarias” e que acabou mudando a história da humanidade ao provar que a Terra é redonda.

Essa façanha transformou para sempre o comércio, a economia, a astronomia e o conhecimento do planeta, sendo considerada uma das maiores conquistas da história da humanidade. (Veja o trailer)

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MOSTRAS INTERNACIONAIS

Mostra de Cinema Israelense – online – disponível até 07/07

Já que falamos em produções de outras nacionalidades, uma boa pedida é a Mostra de Cinema Israelense, gratuita e online na plataforma Sesc Digital.

São seis longas e curtas, entre os quais “Noites em Haifa”, de Amos Gitai, “Mami” e “Sublocação”.

Reprodução/Divulgação

 

De Israel para a França!

O Festival Varilux deste ano traz dezessete longas, entre eles ‘O acontecimento’, de Audrey Diwan, ‘Esperando Bojangles’, de Régis Roinsard, ‘O Próximo Passo’, de Cédric Klapisch e ‘Entre Rosas’, de Pierre Pinaud”. Duas produções já conhecidas, como o “O Papai Noel é Um Picareta”, de Jean-Marie Poiré,  celebram a cinematografia do país, e “As Aventuras de Molière”, de Laurent Tirard e Ariane Mnouchkine, em homenagem aos 400 anos de nascimento de Molière, um dos maiores nomes da dramaturgia francesa.

Os filmes são exibidos em quatro sessões diárias e a programação completa pode ser conferida no Instagram @paradigmacinearte ou pelo site https://paradigmacinearte.com/.

Reprodução/Divulgação

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ESPECIAL: CINEMA NO MÊS DA DIVERSIDADE

Cada cor do arco-íris, cada letra do alfabeto

Por Robertson Frizeiro (*)

O mês de junho foi escolhido como o mês da diversidade – uma ocasião para celebrar a luta contra a discriminação e pressionar o poder público a garantir direitos de cidadania das chamadas minorias sexuais. O dia 28 de junho foi escolhido como o Dia do Orgulho como uma lembrança de um marco na luta pelos direitos civis LGBTQIA+: a conflito no Bar Stonewall, em Nova York, no ano de 1969, quando gays, travestis e transsexuais resistiram às costumeiras investidas violentas da polícia contra os frequentadores do local.

Mas o que significa a sigla LGBTQIA+? O cinema pode ser uma poderosa ferramenta para que você conheça um pouco mais sobre as nuances de cada uma das letras que formam esse símbolo de luta por visibilidade e aceitação. Para isso, listamos alguns filmes que representam cada faceta desse rico universo – felizmente, são muitas as produções que abordam essa temática nos nossos dias; infelizmente, o espaço da coluna é pequeno para abranger todos os filmes dignos de constar nesta lista, mas esperamos que o seu interesse leve a novas descobertas a partir de nossas sugestões. Seguimos, para isso, as denominações oferecidas pelo manual de comunicação da Aliança Internacional LGBTQIA+. E, para cada filme, indicamos a plataforma de streaming na qual o leitor poderá encontrar as produções. Vamos lá?

 

L de lésbicas, ou seja, mulheres que sentem atração sexual e afetiva por outras mulheres.

De 2013, Flores Raras (Globoplay) é uma adaptação do livro Flores Raras e Banalíssimas, de Carmen L. Oliveira. Ambientado nas décadas de 1950 e 1960, quando um relacionamento amoroso entre duas mulheres era um terrível tabu, o filme retrata a história real de amor entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires, em um de seus melhores trabalhos no cinema) e a poetisa americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto). O filme é também um delicioso registro dos anos do surgimento da Bossa Nova e do auge do modernismo brasileiro na arquitetura, com a construção de Brasília e do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro – este último, um projeto da própria Lota.

Reprodução/Divulgação

Amor por direito (Amazon Prime), de 2015, conta a história da policial laurel Hester (Julianne Moore), que mantém um relacionamento estável com a mecânica Stacie Andree (Ellen Page, antes de sua transição para Elliot Page após revelar sua condição de homem transsexual) na pequena cidade de Freefled, em Nova Jersey. A vida delas é harmoniosa até o momento em que Laurel é diagnosticada com uma doença terminal. Ela deseja deixar para Stacie os benefícios de sua pensão como policial após sua morte e então o filme ganha força ao mostrar a luta do casal contra a burocracia e o preconceito da máquina estatal.

 

G de gays, ou seja, homens que sentem atração sexual e afetiva por outros homens.

Esta é talvez a letra dessa sigla mais representada no cinema – para o bem ou para o mal. Filmes hoje clássicos, de O Segredo de Brokeback Mountain a Filadélfia, rendem importantes discussões sobre o tema em seus mais variados aspectos. Mas decidimos escolher três produções recentes e igualmente emblemáticas – já lamentando por não incluir aqui A Lei do Desejo, Querelle, Milk,  ou outros títulos que certamente surgirão na lembrança do leitor.

Me chame pelo seu nome (Netflix), uma produção de 2017, é um dos mais belos filmes a abordar a descoberta do amor e da sexualidade. Um jovem de dezessete anos, Elio (Timothée Chalamet, em atuação magistral), filho de um casal de intelectuais de ascendência franco-italiana, vive com a família no norte da Itália nos últimos anos da década de 1980. Sua vida tranquila é profundamente afetada com a chegada do assistente do pai, Oliver (Armie Hammer), um acadêmico americano que fará despertar em Elio sentimentos insuspeitados. O filme é repleto de cativantes paisagens, mas nenhuma dela supera a beleza do amor que surge naturalmente entre os dois jovens. As últimas cenas do filme, de forte carga dramática, são ao mesmo tempo suaves e inesquecíveis. Uma bela adaptação literária.

Reprodução/Divulgação

Moonlight – sob a luz do luar (HBOMax), o grande vencedor do Oscar 2017, entrou para a história do cinema por razões tortas: quem esquecerá da confusão dos apresentadores ao anunciarem, erroneamente, “La La Land” como Melhor Filme daquele ano? A produção tem outros méritos: foi o primeiro filme com temática LGBTQIA+ e o primeiro filme com um elenco totalmente de atores negros a ganhar a premiação – e traz uma tocante história de superação, mostrando três momentos da vida de Chiron, um jovem negro da periferia de Miami que tenta construir sua identidade enquanto lida com uma mãe destruída pelas drogas, uma paixão conturbada por seu melhor amigo e a influência quase paternal do traficante vivido por Mahershala Ali, vencedor do Oscar de Ator Coadjuvante pelo papel.

The Boys in the Band (Netflix), produção de 2020, é a adaptação da peça teatral homônima de Joe Mantello – e a direção, em que pesem as qualidades do filme, não esconde a origem da história escrita para os palcos. A história gira em torno da festa de aniversário de Harold (Zachary Quinto), oferecida pelo anfitrião Michael (Jim Parsons) em seu próprio apartamento. À espera do aniversariante, os demais convidados – apresentados sabiamente por uma sequência de pequenas cenas no início do filme – vão chegando até que Michael é surpreendido pela chegada de Alan (Brian Hutchison), um ex-colega de faculdade, casado, sobre quem o anfitrião tinha suspeitas de ser um gay enrustido. A chegada do aniversariante, com sua refinada ironia e nenhum pudor de revelar as verdades de cada um, dá o tempero do filme e mostra a diversidade de escolhas das personagens diante do universo queer em que eles habitam – e escondem-se – na Nova Iorque de 1969.

 

B de bissexuais, ou seja, pessoas que sentem atração sexual e afetiva pelos gêneros masculino e feminino

Ana e Vitória (Netflix), de 2018, é uma comédia musical brasileira que brinca com os limites entre realidade e ficção ao contar a história da dupla musical Anavitória, surgida em 2015 e vencedora de um Grammy Latino. No filme, as próprias cantoras vivem seus papéis e muitas personagens são também pessoas reais da trajetória do duo. Embora na vida real as cantoras não declarem nada sobre sua sexualidade – o que é um direito delas, por sinal -, no filme as personagens são bissexuais, fato que é claramente apresentado no roteiro.

 

T de transformação. Diferentemente das letras anteriores, o T não se refere a uma orientação sexual, mas a diferentes identidades de gênero: as “pessoas trans” podem ser transgênero (homem ou mulher), travesti (identidade feminina) ou pessoa não-binária – aquela que se compreende além da divisão “homem e mulher”.

Em Uma Mulher Fantástica (Netflix), Marina (Daniela Vega), uma garçonete transexual cujo sonho é ser cantora – e que se apresenta em diversos clubes noturnos – vê sua vida ser completamente alterada com a morte de seu companheiro, Orlando (Francisco Reyes): sua natureza é motivo para que a família de Orlando – a ex-mulher e o filho – neguem-lhe os mais básicos direitos, inclusive ao luto pelo namorado. É impossível não sentir empatia pela personagem, cuja feminilidade é posta à prova e testada além dos limites da violência verbal e física. O filme chileno venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2017.

A Garota Dinamarquesa (Netflix), de 2015, traz a história real da pintora Lili Elbe, mulher transsexual pioneira (em interpretação elogiada de Eddie Leymarie), uma das primeiras pessoas a serem submetidas a uma cirurgia de ressignificação sexual, na década de 1920. Lili, então Einar, descobriu-se transsexual ao começar a posar para sua esposa, a pintora Gerda Weneger (Alicia Vikander, premiada com o Oscar de Atriz Coadjuvante pelo papel), e o filme mostra, em um roteiro seguro e registrado com esmero sob a direção de Tom Hooper, a difícil luta do casal pelo direito de Lili viver sua verdade como mulher transexual.

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Q de ‘Queer’, pessoas que transitam entre as noções de gênero, como é o caso das drag queens. 

Priscila, a Rainha do Deserto (Amazon Prime), produção de 1994, segue imbatível na representação do universo drag. Foi, talvez, a primeira produção de cinema mainstream a apresentar a vida e o artesanato desses verdadeiros artistas do transformismo, mostrando suas vidas além dos palcos. Este road movie acompanha as drag queens Anthony (Hugo Weaving) e Adam (Guy Pearce) e a transexual Bernadette (Terence Stamp) que saem em viagem de Sidney até Alice Springs, em pleno Outback australiano, para realizar uma série de espetáculos em um grande hotel. Para fazer a longa viagem, conseguem um ônibus velho que batizam de Priscilla – e as peripécias dessa odisseia rendem momentos de puro humor e grande humanidade. Esqueçam as caricaturas de A Gaiola das Loucas e a artificialidade de Para Wong Fu, cópia insossa deste clássico australiano: Priscilla, a Rainha do Deserto, que rendeu ainda um musical de muito sucesso na Broadway e no West End, é o melhor filme sobre essa temática.

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Divinas Divas (Netflix), documentário brasileiro de 2016, é um filme carinhoso sobre a primeira geração de travestis do Brasil a apresentar-se nos palcos do Rio de Janeiro. Mostrando imagens dos ensaios do espetáculo homônimo, produzido pela diretora do filme, a também atriz Leandra Leal, no teatro gerenciado por décadas por sua família – o icônico Teatro Rival, na Cinelândia -, o filme traz vasto material de pesquisa sobre cada uma das oito artistas, apresentado em imagens e entrevistas que revelam as dificuldades e os bastidores dessa revolucionária geração queer nos anos 1960 e 1970.

 

I de pessoa intersexo – entre o feminino e o masculino. São aquelas pessoas cujas combinações biológicas e desenvolvimento corporal – cromossomos, genitais, hormônios, etc. – não se enquadram na norma binária (masculino ou feminino).

O filme XXY (Netflix), produção argentina de 2007, é um dos raríssimos filmes, senão o único, a tratar da delicada situação das pessoas intersexo. Ele traz a história de Alex (Inés Efron), que nasceu com ambas as características sexuais – masculinas e femininas. Recusando as recomendações dos médicos, que insistem em corrigir a ambiguidade genital da criança, seus pais a levam para uma pequena cidade no Uruguai – uma busca por uma vida mais livre para a menina, longe da curiosidade e do preconceito. Eles estão convencidos de que cirurgias e tratamentos hormonais só devem ser iniciados depois que Alex esteja segura de sua própria sexualidade. A história ganha em dramaticidade quando um casal de amigos visita-os em seu isolamento, levando consigo o filho adolescente. Alex, com 15 anos, e o jovem, de 16 anos, sentem-se atraídos um pelo outro – e todas as questões evitadas pela família vêm à tona. Se nada disso convenceu o leitor a assistir o filme, dou mais uma forte razão: o pai de Alex é vivido pelo sempre extraordinário ator Ricardo Darín.

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A de assexuais – pessoas que não sentem atração sexual por outras pessoas, independente do gênero. Existem diferentes níveis de assexualidade e é comum que essas pessoas não vejam as relações sexuais humanas como prioridade; e o [+], o símbolo no final da sigla que inclui outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo, mas que não aparecem em destaque antes do símbolo.

Infelizmente, o final deste longo artigo em homenagem ao mês da diversidade é um tanto melancólico: rendo-me às evidências de que há pouca ou nenhuma representatividade de pessoas assexuais ou, mais ainda, das outras tantas cores e letras por trás do [+] da sigla. Talvez seja meu desconhecimento como cinéfilo – e espero, sinceramente, receber indicações dos leitores mais bem informados que eu sobre filmes que tragam essas outras perspectivas. Mas fica aqui também uma dica para roteiristas brasileiros que queiram explorar novas possibilidades: que tal investir e pesquisar sobre o olhar e as vivências dessas outras tantas identidades de gênero e orientações sexuais?

Que possamos ter, cada vez mais, um olhar de empatia e respeito por todas as formar de amar e viver. E que o cinema siga cumprindo seu papel de ensinar-nos a ser mais humanos e solidários ao compreender o outro, o diferente – tão igual, essencialmente igual a nós próprios.

(*) Escritor, tradutor, dramaturgo e professor

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THE END

cronica

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