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A língua é a janela para uma cultura

A língua é a janela para uma cultura

Antes de chegar a Florianópolis em 2020, em meio à pandemia, Marilyn Pellicant viu e viveu em diferentes partes do mundo, sempre levando a língua e a cultura francesa. Morou no Camboja, na Costa Rica e na China e, agora, escolheu a Ilha de Santa Catarina para morar. Marilyn está à frente da Aliança Francesa Florianópolis, instituição que comemoru 65 anos e é referência em SC por fomentar as artes visuais, a música e o cinema na Capital.

 

Nesta entrevista, ela conta um pouco da sua trajetória, as atividades da AF Floripa e a agenda cultural deste ano.

 

 

Você já morou em quais lugares do mundo? O que [e onde] foi mais marcante?

 

Sim, já morei no Camboja, na China e na Costa Rica. A Ásia foi uma experiência incrível porque tudo é diferente, até mesmo o alfabeto. A maneira de ver e pensar o mundo também. Isso permite que você se descentralize  para entender outro ponto de vista. Aprendi muito sobre a natureza, a relação com os ancestrais e a vida em geral. Adorei!

 

 

Como veio parar em Florianópolis? O que aprendeu a amar aqui na cidade?

 

Sempre quis morar no Brasil e descobrir esse país-continente. Na França nem sabemos onde fica Florianópolis. Conhecemos o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Brasília, apenas. Quando chegamos aqui, foi uma surpresa encontrar pessoas que cujos antepassados são da Europa. E foi muito interessante  aprender essa parte da história.

 

Cheguei com meu marido e nossa filha, Louisa. E hoje adoramos Floripa. Meu marido pratica surf e parapente, e minha filha, hoje com 2 anos, já é uma autêntica manezinha da ilha e fala muito bem o português. 

 

 

 

 

A Aliança Francesa é uma instituição com atuação em muitas partes do mundo. Como você começou na AF?

 

Eu descobri e me apaixonei pelo trabalho das Alianças Francesas durante uma viagem com mochila que eu fiz durante seis meses pela América Latina quando eu era estudante.

 

Naquela época, em praticamente cada cidade tinha uma AF, uma pequena parte da França ao outro lado do mundo!

 

No total, em todo o mundo, são mais de 850 Alianças Francesas. Esses espaços de encontros sempre são acolhedores e vivos e têm o intuito de criar laço entre a Francofonia e o povo local. Depois da minha volta para França, eu sabia que queria fazer isso, continuar viajando e trabalhando com a Francofonia e os encontros entre culturas.

 

 

Para você, qual a relevância e a importância do ensino e do aprendizado de diferentes idiomas?

 

Aprender outra língua não é só aprender palavras novas, mas é verdadeiramente entrar numa nova maneira de ver e pensar o mundo. A língua é a janela para uma cultura. Por exemplo, na língua francesa temos muitas palavras que vêm do árabe, de línguas regionais etc. Isso porque uma língua é viva e explica nossa história, que é feita de encontros entre os povos. Permite também de entender as pessoas, saber como elas vivem. Nos permite ser mais tolerantes e mais abertos.

 

 

Além do ensino do idioma, a AF também promove o intercâmbio cultural por meio de várias atividades. Qual o propósito da instituição?

 

Esse papel de mediação cultural entre artistas e o grande público é muito importante. A Aliança Francesa de Florianópolis tem a missão de criar pontes entre pessoas e arte.

 

Por isso, tentamos de ter uma programação cultural mais aberta e diversa possível (música, cinema, dança, arte contemporânea, literatura e gastronomia, entre outros) para poder alcançar pessoas de todas as origens, idades e para todos os gostos.

 

 

Por falar em atividades culturais, a AF Florianópolis já há algum tempo promove projetos culturais fundamentais, como o Prêmio de Arte Contemporânea e o Sexta Jazz. Por que considera importante investir em atividades culturais?

 

As atividades culturais nos permitem de criar laços entre as pessoas, criar encontros, conversas, questionamentos. A língua é uma linguagem e a cultura é outra. Para nós, é importante conversar, sorrir, rir, chorar, gritar, dançar, criticar, aprovar, desaprovar, amar …. viver!

 

Nosso papel é trazer vida para a cidade.

 

 

Em quais aspectos você acha que França e Brasil se conectam? De sua experiência, o que aprendeu com Florianópolis?

 

Brasil e França têm uma relação muito forte. Eu descubro isso todos os dias aqui na Aliança Francesa. Existem muitos intercâmbios entre universidades francesas e brasileiras. Eu falo com muitas pessoas que gostam do cinema francês, da arquitetura e da gastronomia, claro.

 

Falando de oportunidades profissionais, além da França, o Quebec — territóri francófono no Canadá — recruta muitas pessoas nas áreas da saúde, TI, videogames, manutenção. Atualmente, está realizando, com apoio da Aliança Francesa, várias sessões de recrutamento aqui no Brasil. Do mesmo jeito, na França, os franceses gostam muito dos brasileiros, da sua riqueza e diversidade cultural.

 

 

O que acha que nós, aqui, podemos aprender com a cultura e a língua francesa?

 

Muitas coisas, inclusive sobre a história de vocês. Eu descobri, por exemplo, que as primeiras ostras de Florianópolis vieram da cidade de La Rochelle, na França.

 

 

E o que a AFF já tem programado para esse ano?

 

Ah, será maravilhoso! Teremos uma nova temporada de Sexta Jazz, que reúne a cada edição cerca de 800 pessoas, a 9ª edição do Prêmio AF de Arte Contemporânea, mostras de cinema francês, uma nova edição do Festival Varilux, et muito mais mas chut! Mas ainda é segredo! 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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