A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood informou hoje, 16, que pediu desculpas a Sacheen Littlefeather, uma mulher nativa americana vaiada no palco há quase 50 anos.
A atriz e ativista apareceu na TV ao vivo em 1973 para recusar um Oscar que Marlon Brando (1924-2004) ganhou pela atuação no filme O Poderoso Chefão. Na ocasião, Marlon Brando tinha pedido a Sacheen que recusasse o prêmio em seu nome, num ato de repúdio à atitude da indústria em relação aos povos indígenas.
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas disse que Littlefeather sofreu abusos “injustificados” após fazer um breve discurso. Littlefeather, à época com 26 anos, foi hostilizada e ignorada pela indústria do entretenimento após o discurso.
“A carga emocional que você viveu e o custo para a sua própria carreira em nossa indústria são irreparáveis”, diz a carta de desculpas enviada em junho a Sacheen pelo então presidente da Academia, David Rubin.
“Por muito tempo, a coragem que você mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas e sincera admiração”, acrescenta o texto, que a Academia divulgou com o anúncio de que Sacheen foi convidada a discursar no próximo mês no museu de cinema da organização em Los Angeles.
O evento com Sacheen Littlefeather, descrito como “um programa muito especial de conversa, reflexão, cura e celebração”, acontecerá no dia 17 de setembro.
Segundo a AFP, a ativista reagiu ao pedido de desculpas: “Em relação ao pedido de desculpas da Academia, nós, índios, somos pessoas muito pacientes, passaram-se apenas 50 anos! Precisamos manter nosso senso de humor em relação a isso a todo momento. É o nosso método de sobrevivência”, declarou, considerando o próximo evento “um sonho que se tornou realidade”. “É profundamente encorajador ver quanta coisa mudou desde que não aceitei o Oscar, 50 anos atrás.”