É com certa desconfiança que recebo a confirmação de Carlo Ancelotti como novo técnico da Seleção Brasileira. Embora sua trajetória no futebol europeu seja marcada por inúmeros títulos e respeito internacional, acredito firmemente que o comando da nossa Seleção deveria continuar nas mãos de um técnico brasileiro. Porém, não dá para criticar o currículo e o celo de campeão deste simpático italiano que conhece muito de futebol. Torcendo para que tudo dê certo nessa luz que surge em meio ao caos que se tornou a Seleção Brasileira.

Somos o país do futebol, berço de talentos e de treinadores que conhecem a fundo a essência do nosso estilo de jogo. O Brasil chegou ao topo com técnicos da casa e basta lembrar que o pentacampeonato mundial foi conquistado sob a liderança de Luiz Felipe Scolari, um exemplo claro da competência nacional.
Não é por acaso que o futebol brasileiro é referência mundial. Nossos clubes têm histórias ricas em conquistas, revelando craques que encantaram gerações e marcaram época. Tivemos o maior jogador de todos os tempos, Pelé, e outros tantos como Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, e mais recentemente Vinícius Júnior, eleito melhor do mundo.
O que me incomoda ainda mais é a contradição de continuar convocando atletas que jogam em clubes de fora, muitas vezes sem brilho e sem protagonismo. É como se o que temos aqui dentro não fosse suficiente. Isso é um erro. Temos jogadores de alto nível atuando em solo brasileiro, prontos para defender a camisa verde e amarela com garra e qualidade. A Seleção Brasileira sempre foi temida pelo que produzia dentro de casa, não por depender de peças que brilham lá fora.
O momento agora é de torcer. Ancelotti chega com um enorme desafio pela frente: comandar o Brasil nas Eliminatórias e possivelmente no Mundial de 2026. Será a primeira vez que ele dirige uma seleção nacional, e logo a maior do planeta. Que consiga entender a alma do nosso futebol e respeite a nossa história. Mas sigo convicto de que temos, sim, talentos suficientes dentro e fora das quatro linhas para conduzir o Brasil de volta ao topo sem precisar recorrer ao estrangeiro.