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Nicole Kidman em “Babygirl” e o erotismo no cinema atual

Nicole Kidman e Harris Dickinson em "Babygirl" (Foto: Divulgação)

Quem conhece a safra de filmes brasileiros dos anos 70, início dos 80, de cineastas como Neville D`Almeida e Walter Hugo Khoury, acha graça de quem se escandaliza com cenas de produções atuais tidas como eróticas.

Vamos falar de “Babygirl” (2024 ) ?  O longa conta a história de uma executiva bem-sucedida, casada e mãe, que coloca tudo em risco ao ter um tórrido caso com o jovem estagiário de sua empresa. O papel da esposa infiel foi considerado um ato de coragem de Nicole Kidman que, aos 57 anos, é um dos nomes mais importantes de Hollywood. No filme da holandesa Halina Reijn, a estrela vive cenas de amor com o garoto do escritório, interpretado pelo britânico Harris Dickinson, de 28 anos. Embora, ela chame a amante assim em um momento,  ‘ babygirl’ é uma gíria para ‘ rapazes bonitinhos, fofos…’. Fechando o triângulo, está Antonio Banderas no papel do marido traído.

A publicidade do filme causou alvoroço porque prometia cenas ousadas de sexo entre Nicole e Dickinson. A atriz chegou a revelar em entrevistas que teve momentos de arrependimento e ficou aliviada porque suas filhas, de 13 e 15 anos, não quiseram assistir ao filme. Além disso, Nicole revelou que pediu um tempo entre as filmagens das cenas de sexo por ‘ esgotamento’.

“Babygirl” tenta falar sério sobre um tema que assombra homens e mulheres: o fingimento do prazer feminino que muitas vezes não acontece. A falta de comunicação entre a esposa e o marido sobre do que ela realmente gosta na hora do sexo é o nó górdio da relação.

Voltando ao início… todo esse auê em torno do suspense erótico valeu mais como marketing porque não há nada de tão chocante nele, se compararmos com outras épocas do cinema ‘hot’, sem sequer incluir aqui filmes pornográficos propriamente ditos.  Quem espera nudez da estrela, esqueça: há uma única cena em que NK tira a roupa, mas se protege com as mãos. No mais, se fosse outra atriz menos prestigiada, “Babygirl” não teria causado tanto frisson.

O filme de Halina Reijn foi bem recebido pela crítica, deu o prêmio de Melhor Atriz a Nicole Kidman no Festival de Cinema de Veneza e indicações ao Globo de Ouro, além do prêmio de Melhor Ficção no Festival do Rio. Tanto atriz, quanto diretora e filme, porém, ficaram de fora do Oscar.

Bem, alguma coisa mudou entre filmes como As Mil e Uma Noites (1974), de Pier Paolo Pasolini ; Louca Paixão (1973), de Paul Verhoeven;  O Livro de Cabeceira (1996),de  Peter Greenaway ou mesmo os softs 9 ½ Semanas de Amor, de Adrian Lyne ( 1986) e  Corpos Ardentes, de Lawrence Kasdan (1981). A mais recente produção que causou certo furor foi a insípida trilogia de “ Cinquenta Tons de cinza”, baseada nos romances homônimos. Preciso falar mais?

Alguém pode perguntar “mas, e o Lars Von Trier, colunista?”. Sim, o diretor dinamarquês foi fundo em filmes como “Ninfomaníaca” e “ Anticristo”, causando escândalo, mas o erotismo ali é rude, metafórico, não prazeroso ou excitante, se posso dizer assim.

Para encerrar o assunto antes que vire uma tese de mestrado: “Babygirl” , que gerou toda essa digressão, acaba de ficar disponível para assinantes no Prime Vídeo. Bóra lá conferir ? (Veja o trailer)

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Destaques da semana em streaming 

 

Max

Rita Lee:Mania de você – documentário – 2025

O documentário tem como ponto de partida uma carta escrita por Rita Lee, um pouco antes de sua morte, dirigida aos seus três filhos e ao marido e parceiro musical, Roberto de Carvalho. Há materiais raros e relatos inéditos sobre a compositora, desde a própria família até grandes nomes da música brasileira como Ney Matogrosso e Gilberto Gil.

 

Netflix

Nonnas – direção: Stephen Schbosky – 2025

Nessa comédia afetiva, Joe Scaravella, interpretado pelo simpático Vince Vaughn, resolve arriscar tudo e abrir um restaurante italiano para honrar a memória da mãe falecida. O diferencial: as chefs são um grupo de vovós. O elenco traz outros nomes interessantes como Susan Sarandon, Lorraine Bracco e Talia Shire. É um bom passatempo.

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Destaques nos cinemas

Betânia – direção: Marcelo Botta – Brasil – 2025

Sinopse oficial: Depois de perder seu marido, Betânia se muda para o povoado onde nasceu, mas jamais habitou. Empurrada pelo som ancestral do Bumba Meu Boi, pela força da família e da comunidade, ela tenta renascer, assim como as flores que desabrocham nos Lençóis Maranhenses durante a seca.

*Em Florianópolis: Cine  Paradigma – SC 401

 

Virginia e Adelaide – Direção: Yasmin Thayná e Jorge Furtado – Brasil – 2025

Essa é a história do encontro de duas mulheres extraordinárias: a brasileira Virgínia Bicudo e a alemã Adelaide Koch. Virgínia, uma mulher negra, foi a primeira psicanalista brasileira. Adelaide, psicanalista judia, veio para o Brasil em fuga do regime nazista na Alemanha. Elas se conheceram em novembro de 1937 em São Paulo, no exato momento em que Getúlio Vargas decretava o Estado Novo e se tornava um ditador. Médica e paciente por cinco anos, colegas e amigas a vida inteira, duas mulheres que enfrentaram o racismo e participaram ativamente da fundação da psicanálise no Brasil.

*Em Florianópolis: Cinema do Open Shopping – Rio Tavares

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*Fotos: Divulgação/Reprodução

 

THE END

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