Três atores brasileiros da mesma geração vêm ganhando espaço em Hollywood nos últimos tempos: Rodrigo Santoro, Wagner Moura e Selton Mello têm se dividido entre trabalhos no Brasil e nos Estados Unidos.
Wagner
Esta semana, Wagner Moura, 48, que carrega mais de cinquenta títulos em sua carreira na TV, teatro e cinema, estreia uma série que promete virar sucesso no streaming que tem oferecido as melhores produções nesse formato, a Apple TV+.
Depois de viver o líder do Cartel de Medellin, Pablo Escobar, em “Narcos”, da Netflix, contracenar com Elizabeth Moss em “Iluminadas” e fazer parte do elenco de “ Sr. e Sra Smith”, Wagner agora é Manny, um imigrante brasileiro, na série “, “Ladrões de Drogas”. Trata-se de uma adaptação do livro de mesmo nome, de Dennis Tafoya. Seu parceiro de elenco é Brian Tyree Henry, indicado ao Oscar de ator coadjuvante por “Passagem”. Na trama, os dois são amigos que se conheceram ainda adolescentes, em uma prisão. Para sobreviverem, fingem que são da DEA, a polícia de narcóticos americana. Usando um disfarce, roubam drogas e dinheiro de pequenos traficantes. No entanto, em uma das ações, um incidente acaba virando a vida deles de cabeça para baixo.
Wagner contou que recebeu o convite a poucos dias antes de começar a gravar e ele prefere se preparar muito tempo antes, mas acabou aceitando quando ouviu a voz de grande diretor Ridley Scott, produtor da série, do outro lado da linha.
Ainda é cedo, mas como a gente se acostumou com prêmios depois do sucesso de “Ainda estou aqui” e Fernanda Torres, já se fala até em indicações ao Emmy, o troféu mais importante da televisão. Moura subiu de patamar em Hollywood depois de filmar no ano passado “ Guerra Civil”, o filme onde interpreta um correspondente de guerra, ao lado de Kirsten Dunst. Agora, é torcer para vermos o brasileiro ser indicado aos prêmios da próxima temporada por sua atuação em “Ladrões de Drogas”.
Rodrigo
Dos três, Rodrigo Santoro, 49, é o que tem mais tempo de carreira internacional. Depois de fazer várias novelas na TV Globo e de sucessos no cinema brasileiro como “Bicho de Sete Cabeças”, “Abril despedaçado” e “Carandiru”, ele apostou na carreira internacional, a partir de 2003, em um pequeno papel no block buster “As Panteras” e “Simplesmente amor”, mas chamou a atenção dos produtores como o rei Xerxes , em “300”, em 2007. A partir daí, Rodrigo engatou vários trabalhos nos Estados Unidos como a série “Westerworld”,da HBO, os filmes “O golpista do ano” e “ Che”.
No momento, Rodrigo colhe o sucesso de “ O último azul”, filme brasileiro dirigido por Gabriel Mascaro, ganhador do Urso de Prata no recente Festival de Cinema de Berlim.
Selton
O mais velho dos três, Selton Mello, 52, começou na carreira aos 12 anos, fazendo telenovelas. Fez também minisséries, como “Os Maias, e a versão brasileira da famosa série “ Sessão de Terapia”, como ator e diretor. No cinema, Selton interpretou várias comédias como “O Auto da Compadecida”e “Lisbela e o Prisioneiro”, e dramas como “ O cheiro do ralo”e “Árido Movie” . Seus filmes mais populares como ator foram “ Meu cinema com “Feliz Natal”(2008), seguido dos ótimos “O Palhaço”(2011) e “O filme da minha vida”.
Agora, ele segue o mesmo caminho dos outros dois colegas, lançando-se em carreira internacional. Ao lado de atores conhecidos de Hollywood, Jack Black e Paul Rudd ( com Selton na foto), ele acaba de filmar um longa da franquia “Anaconda”. O brasileiro conta que adorou a experiência e elogiou muito os dois companheiros americanos de elenco que, inclusive, fizeram campanha pela vitória de “Ainda estou aqui” no Oscar.
Depois do longo tour de divulgação de “Ainda estou aqui” por vários países, Selton volta ao Brasil para dirigir e atuar na nova temporada de “Sessão de Terapia”. E é só aguardar novos os convites internacionais que virão.
Nossos rapazes estão alçando voo…
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Lançamentos nas plataformas
Prime Vídeo
Não Fale o Mal – direção: James Watkins – Eua/Dinamarca – 2024
Quem curte suspense/terror vai gostar dessa nova versão estadunidense do filme dinamarquês dirigido por Christian Tafdrup. A trama acompanha uma família dos EUA que, após se aproximar de uma família britânica durante suas férias na Europa, aceita um convite para passar um final de semana em sua casa de campo. Inicialmente, o cenário bucólico ajuda o casal que passa por mau momento a relaxar. Mas,logo tudo se transforma num pesadelo sombrio. Os anfitriões começam a agir de forma estranha, revelando uma violência perturbadora e traços de maldade sobrenatural. O principal nome do elenco é o de James McAvoy, já conhecido por papeis do gênero em “ Fragmentado” e “Vidro”.
A Contadora de Filmes – direção: Lone Scherfig – Chile, Espanha, França e Reino Unido – 2024
Esse filme tem a participação de Walter Salles no roteiro. A trama: María Margarita é a mais nova de quatro irmãos numa família que vive no deserto do Atacama, no Chile. Para María, o momento mais especial da semana é o domingo, quando todos vão ao cinema. Os pais da garota logo percebem o dom da filha para inventar histórias cinematográficas. Não demora muito para o talento de María cair na boca das pessoas da cidade. E isso muda a sorte da família enquanto o país se transforma.
*Ainda não disponível para assinantes, mas já está para alugar no Prime.
HBO/Max
The Righteous Gemstones — Temporada 4
Essa série um tanto subestimada chega à quarta temporada. A trama satírica segue uma família de televangelistas mundialmente famosos, com uma longa tradição de desvio de recursos, cobiça e trabalho beneficente.
O elenco inclui o ótimo John Goodman e Walton Goggins [ que está arrasando na nova temporada de The White Lotus].
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Destaques no cinema
Sem chão (No Other Land) – direção: Basel Adra, Hamdan Ballal e Yuval Abraham – 2024
Esse é o documentário ganhador do Oscar de 2025. Os diretores, um israelense e outro palestino, fizeram o discurso mais contundente e emocionante da cerimônia de entrega do prêmio. O tema está mais nunca na berlinda, com a destruição de Gaza e as recentes declarações do presidente americano, Donald Trump.
Durante meia década, um ativista palestino filma sua comunidade sendo destruída pela ocupação de Israel. No processo, acaba construindo uma improvável aliança com um jornalista israelense que quer se juntar à sua luta. (Veja o trailer)
*Em Florianópolis está em cartaz no Cine Paradigma.
Vitória – direção: Breno Silveira/Andrucha Waddington – 2025
A obra é inspirada no livro Dona Vitória da Paz, que conta a história real de uma aposentada que desmontou uma quadrilha carioca de traficantes e policiais a partir de filmagens feitas da janela de seu apartamento no Rio de Janeiro. Fernanda Montenegro é a protagonista e já trabalhou com seu genro – Andrucha é casado com Fernanda Torres – no drama Casa de Areia, de 2005. Ele assumiu a direção de “Vitória” depois do falecimento do cineasta Breno Silveira que iniciou o projeto.
Pelo discurso de Fernanda na estreia, essa deve ser sua despedida do cinema. Segundo a atriz, de 95 anos, “fazer filmes exige fôlego” e ela pretende se dedicar apenas a leituras dramáticas.. Pena que o trabalho derradeiro tão primoroso de uma carreira extraordinária venha sendo ofuscado pela polêmica em torno da escolha, justamente, de Fernanda Montenegro para o papel . Ocorre que a verdadeira Vitória/Joana era uma senhora negra e muitos defendem que a cor da heroína deveria ser mantida. Os produtores explicaram que uma das razões para a mudança foi manter a denunciante no anonimato. Ela esteve, inclusive, no programa de proteção à testemunha até a sua morte dois meses depois do lançamento do filme. No longa, o repórter do jornal que publicou a história de D.Joana é interpretado por um ator negro, enquanto na vida real era branco, mas isso não amenizou as críticas.
D.Joana não chegou a ver o filme pronto, mas ela era muito fã de Fernanda e sonhava em ser interpretada pela atriz. À parte qualquer celeuma, conferir o trabalho de Fernanda Montenegro é obrigatório para quem ama cinema. (Veja o trailer)
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*Fotos: Divulgação/Reprodução
THE END