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COMER, BEBER, ESCREVER

COMER, BEBER, ESCREVER
Imagem de Engin Akyurt por Pixabay

Dando um tempo no formato temático da coluna Cine & Séries, mas garantindo uma leiturinha semanal para os queridos leitores com as “Crônicas em Quarentena”. Toda sexta-feira uma história do cotidiano em tempos de isolamento social, mas sem esquecer o Cinema, claro! Tem muitas dicas de filmes e séries disponíveis para fugir do tédio do isolamento.

Boa leitura, bom filme e não esqueça: só saia de casa se for absolutamente necessário!

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Crônicas em quarentena – II

Comer, beber, escrever

A quarentena estaria gerando mais gordos, mais alcoólicos, novos hipocondríacos e pessoas com TOC ? Sei que a ideia é assustadora, mas a julgar pelos comentários nas redes sociais, temo que sim. Nunca vi tantas fotos de pratos elaborados em casa, doces, gente bebendo vinho e criando toda espécie de drinks. Ah, e receitas de pães com todas as fermentações que existem no planeta. Nós, os confinados, inventamos comidinhas para passar o tempo e suprir carências. Acho que haverá uma invasão no mercado editorial de livros como “Receitas da Quarentena”,” Isolamento & Gastronomia”ou algo assim…

Muita gente está encarando o fogão pela primeira vez e os resultados podem ser catastróficos, como mostram os memes nas redes sociais. Fico imaginando essa geração criada como “príncipes” e “princesas” tentando se virar sozinha em casa, sem mamãe, nem empregada, sem poder almoçar no shopping. Lembrei da colega contando sobre a filha de 19 anos que bateu no apartamento da vizinha para perguntar como se usava um abridor simples. A jovem queria comer leite condensado e não tinha a menor noção de como abrir uma lata.

E as bebidas alcoólicas? Não são poucos os internautas perguntando “vocês estão bebendo mais na quarentena?”. Vejo garrafas de vinho, cervejas, vodka, cachaça e drinks enfeitados nas imagens. Alguns chegam a confessar medo do alcoolismo.

Quanto aos candidatos a hipocondríacos, alguns relatam que passaram a colocar a mão na testa a cada meia hora pra verificar a temperatura ( eu fico cheirando o pulso, onde passo lavanda, para ver se não perdi o olfato, um dos sintomas da Covid-19). Se alguém tosse ou espirra se instala logo a paranóia em quem está perto. Para mim é bem complicado porque tenho uma tosse renitente há muitos anos, originada de alergia e refluxo. Devo ser o terror dos vizinhos. Cada vez que a prefeitura envia a temível mensagem por celular  ” Caso de Covid-19 perto de sua residência. Reforce as medidas de higienização e fique em casa”, eles devem pensar: “ai, só pode ser aquela do 102 que tosse sem parar”. Volta e meia alguém liga pelo interfone para ter certeza que estou bem, o que significa “não infectada” ( vade retro, mangalô, três vezes). Respondo: estou bem e dou uma tossida…

Assim, entre um cof,cof,cof e outro e uma generosa porção de ambrosia, sigo confinada, t(r)emendo, engordando e, claro, escrevendo.  (Brígida De Poli)

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ECOS DE O SILÊNCIO DOS INOCENTES

A crônica “O Silêncio dos Inocentes”, postada na última edição, gerou comentários muito interessantes.

*Tenho dois adolescentes em casa que já não fazem a balbúrdia dos pequenos, mas também estão entediados. É dia e noite no celular ou vídeo game. Já não sei o que inventar para mudar esta rotina, que pode se transformar em doentia. ( Esni)

*Li sua crônica com pura empatia. Também sinto falta das crianças do mesmo andar em que moro. Não era raro, vinham nos visitar com seus pais. Saudade! (Edna)

*Muito boas as suas considerações sobre crianças e pandemia. Me fez perguntar o que eu criança teria achado desse momento especial. E também me fez pensar sobre o silêncio: curiosa a aliteração entre pandemia e pandemônio (o oposto do silêncio). (Roberto)

*Adorei a coluna das crianças! Sinto falta também. Final da tarde quando vou regar as plantinhas na sacada, não vejo mais as crianças brincando na quadra. Agora parece que o mundo acabou mesmo. (Suzete)

*Pura sensibilidade, texto delicioso. Gostei também do formato “Quarentena”, registros em crônica de imensa importância destes tempos de “cólera”, isolamento e (re)aprendizado de viver. Grato.” ( Gilberto)

*Li tua crônica. Super interessante a questão da quadra e as crianças. É isso mesmo, as pessoas deveriam ler. (Angela)

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Além de comer, beber e tossir.. .olha só os filmes e séries disponíveis gratuitamente em plataformas de streaming que você pode ver durante a quarentena !

 

LOOKE –

Continua disponível para não assinantes os filmes do Festival de Cinema Varilux.  São 50 títulos do atual cinema francês. Comecei pelos filmes de uma das minhas atrizes favoritas, Juliette Bioche. Quem você acha que eu sou traz a história interessante de uma mulher de meia idade, envolvida virtualmente com um jovem.

https://www.looke.com/movies/festival-varilux-em-casa

 

GLOBOPLAY –

Disponibiliza filmes e séries para não assinantes. Para crianças tem produções da Disney, Marvel e Pixar : Cinderela, Pixar, Malévola, Os incríveis, Monstros S.A., Mulan, Capitão América 2. Agora a GP incluiu séries brasileiras de humor: Os Normais, Tapas e Beijos, A Grande Família, A Diarista e Toma lá dá Cá. Bem que poderiam liberar também séries mais recentes como A Ilha de Ferro e Amores Roubados.

 

MUBI

Ema é um filme chileno recente, disponibilizado pelo mubi.com. Ainda não vi: Ema é uma dançarina, casada com um coreógrafo, mas o relacionamento é tão ruim que desistiram até do filho adotivo. Promete.

https://mubi.com/pt/films/ema-2019

 

METOPERA

Para quem curte ópera ou quer experimentar esse formato, o The Metropolitan Opera de Nova York teve que cancelar as apresentações presenciais e colocou à disposição algumas produções em streaming. Tem que entrar no site e verificar qual interessa mais a você. A anterior foi Marnie, baseada no livro de Winston Graham  e no meu filme favorito de Alfred Hitchcock. Agora dá pra ver Aída, uma das mais famosas óperas de Giuseppe Verdi.

www.metopera.org

 

BÔNUS ESPECIAL

Achei este site tão genial que vou recomendar. Dá pra viajar um pouco. Você escolhe uma cidade e anda de carro pelas ruas, ouvindo uma rádio local ! Comecei pela minha querida Buenos Aires…

www.driveandlisten.herokuapp.com

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Adeus !

Todo dia um adeus … Hoje, nossa homenagem a dois grandes artistas que partiram em tempos de pandemia.

 

Flávio Migliaccio ( 1934-2020)

Ator de teatro e televisão, Flávio Migliaccio fez também mais de 20 filmes. Em 1998 e 2006 interpretou o personagem Naldinho em Boleiros e Boleiros 2 . Em 2009 fez Verônica, com Andréa Beltrão. São três filmes de que gosto bastante. Ele é também o impagável Seu Chalita em Tapas e Beijos, a série divertidíssima com Fernanda Torres e Andréa Beltrão, que a Globoplay disponibilizou gratuitamente. Flávio sempre foi um homem de luta e em sua derradeira mensagem escreveu ” (…) Cuidem das crianças de hoje!”.

 

Aldir Blanc ( 1946-2020)

Aldir Blanc compôs algumas das mais canções mais importantes da história da música brasileira, muitas delas junto com João Bosco que as interpreta . Amigos é para essas coisas; Dois pra lá, dois pra cá; Resposta ao tempo; De frente pro crime; Bala com bala e O mestre sala dos mares são algumas delas. A carta de João Bosco ao amigo e parceiro é linda. Ele diz: “Não existiria João sem Aldir”!

Aldir deixou acima de tudo o hino da anistia, O bêbado e o equilibrista, imortalizado por Elis Regina. Mas escolhi outra música muito atual, pois fala do fascínio que nós, brasileiros, temos pelas coisas estrangeiras. Se chama satiricamente, Querelas do Brasil.

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ATÉ A PRÓXIMA. CUIDEM-SE!

(*) Fotos reprodução/divulgação

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