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Eles tomaram a providência ou tomaram a previdência?

O desvio de mais de R$ 6 bilhões dos aposentados do INSS acabou sendo o assunto mais discutido nos corredores de Brasília.

Dizer que ninguém sabia que isso estava acontecendo na Previdência é uma verdadeira piada, até porque, em Brasília, que é um mundo paralelo no Brasil, se sabe de tudo e todos tratam esse tipo de assunto como lhe convém.

Quando ficam de fora do acordo, berram e clamam por justiça, mas quando são incluídos no grupo, fazem vista grossa e fingem que isso não está acontecendo ou não existe.

Buscaram um processo contra o ex-presidente Fernando Collor para desviar o foco do assunto INSS. O STF, que parece fazer parte da engrenagem nacional, manda prender Collor de Mello para diminuir o impacto no Governo Lula, mas a nuvem negra na cabeça de Lupi não dissipou e aí tiveram que mandar soltar o ex-caçador de marajás, senão ele poderia fazer um estrago ainda maior.

Então Fernando Collor vai cumprir uma prisão domiciliar na sua cobertura de 600 m2 avaliada em R$ 9 milhões na orla de Ponta Verde, em Maceió (AL), mesmo este imóvel tendo sido penhorado pela Justiça do Trabalho em 2023 para pagamento de uma dívida trabalhista de R$ 264 mil de um ex-funcionário de uma empresa da sua família.

Voltando ao INSS, quem em sã consciência colocaria Carlos Lupi (PDT) como ministro da Previdência Social sabendo que em 2011, quando era ministro do Trabalho no governo de Dilma Rousseff (PT), já tinha sido demitido por um suposto esquema de favorecimento de ONGs quando seus assessores cobravam propina para resolver pendências no seu ministério.

Naquele ano ele também foi considerado assessor-fantasma do PDT na Câmara dos Deputados em Brasília, onde teria acumulado ilegalmente cargos em Brasília e no Rio de Janeiro. O presidente da comissão de ética da Câmara, Sepúlveda Pertence, recomendou a sua exoneração porque Carlos Lupi “não tinha explicado a base das acusações, que era a série de convênios irregulares firmados com pessoas do seu partido”.

A Polícia Federal diz que só entre 2019 e 2024, o desvio nas contas dos aposentados pode chegar a R$ 6,3 bilhões, mas essa farra começou mesmo lá em 2016, quando se permitiu que 15 entidades fizessem o desconto nos benefícios, que gerou já naquele ano um faturamento de R$ 413,2 milhões.

Depois da investigação da PF, estima-se que 98% dos aposentados que tinham o desconto sequer sabiam do que se tratava e nunca foram informados de nenhum benefício.

Um dos sindicatos envolvidos nesse escárnio do INSS tem mais de 500 mil filiados, mas funciona numa sala no centro de São Paulo e tem apenas um funcionário para fazer trabalhos burocráticos.

É mais que óbvio que esse sindicato não tem condições de prestar serviço nenhum para qualquer aposentado senão apenas arrecadar as taxas de “benefícios” que nunca ninguém soube que pudesse existir.

Mas foi divulgado também que o tal de Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), que tem como vice-presidente o Frei Chico, irmão mais velho de Lula, recebeu só em 2024 o valor de R$ 90,5 milhões dos descontos dos aposentados filiados. O acumulado desde 2019, segundo a Polícia Federal, chega a quase R$ 160 milhões, o que dá um aumento de 414%, coisa que nem mesmo o melhor executivo do mundo conseguiria fazer isso na iniciativa privada. Fato curioso é que o Sindnapi teve o maior crescimento de filiados justamente durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL).

Mas Lula se viu obrigado a demitir Carlos Lupi e talvez essa seja a única notícia boa de tudo isso, mas o problema é que só cortaram a cabeça, mas mantiveram os tentáculos da roubalheira.

Enfim, esse é apenas mais um escândalo nas contas do governo brasileiro que vai ficar para a história, mas que é muito provável que ninguém devolva o que foi desviado e que nenhum desses envolvidos sejam presos ou sofram qualquer punição.

Ou seja, esse assunto vai acabar nos braços dos congressistas, onde tudo se compra, tudo se vende e é conversando que a gente se entende.

Parabéns então para o eleitor, que mais uma vez vai ter que pagar a conta de um trabalho “mal feito” de funcionários públicos que mandam mais que o próprio patrão, que a população desse país, que insiste em idolatrar políticos que valem muito menos do que eles realmente pensam que valem.

 

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